sexta-feira, 14 de março de 2008

Valongo Entrevista ao Correio do Douro



CORREIO DO DOURO Quarta-feira 12 Março de 2008




Apresentou-se como candidato em Janeiro e espera eleições em Abril. Pedro Baptista é candidato à liderança de Federação Distrital do Porto do Partido Socialista, assumindo-se capaz de resolver alguns problemas no seu partido e conduzir a um bom resultado naspróximas eleições autárquicas. O CORREIO DO DOURO foi perceber a posição do candidato no que ao PS de Valongo diz respeito. União, renovação e bom senso é o que espera para o seu partido, também no concelho de Valongo, onde se afiguram dois possíveis candidatos para um mesmo lugar: a presidência da Câmara.

PERFIL

Pedro Baptista nasceu no Porto.Em 1971 foi um dos fundadoresdo Movimento "Grito do Povo". Aderiu ao PS em 1995, depois deter sido convidado a participar nas listas para a Assembleia da República como independente. Foi candidato pelo PS em Gondomar, em 1997, e deputado entre 1995 e 1999. Desde essa altura assume vários cargos na comissão política distrital e concelhia. Doutorado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é professor do ensino secundário nas vésperas da aposentação, leccionando Ciência Política e Filosofia. É investigador na Universi-dade Católica e na Faculdade de Letras, na área do Pensamento Português. É ainda romancista.

Candidato a líder do PS/Porto
apela à união dos socialistas
Ana Maria Lima

Pedro Baptista, candidato à liderança da Federação do PS/Porto, está preocupado com a situação do partido em Valongo, designadamente quanto à eventual disputa entre Afonso Lobão e Maria José Azevedo, os dois potenciais candidatos socialistas à presidência da Câmara. Baptista defende que a escolha do partido deve recair sobre quem tiver mais hipóteses de ganhar as eleições autárquicas, mas refere que respeitará sempre a decisão das concelhias, até porque pretende trabalhar em conjunto com estas estruturas também na escolha do melhor candidato. No caso de Valongo, Pedro Baptista assegura, no entanto, que lutará para que seja candidato quem tiver melhores condições para vencer. “Eu próprio me dotarei de elementos de conhecimento objectivo da popularidade e da capacidade de cada um dos candidatos para vencer, e eu próprio terei uma opinião independente da concelhia”, disse. Uma sondagem, por exemplo, pode ditar o candidato do PS em Valongo. Pedro Baptista não esconde o que percebe ser uma disputa entre Afonso Lobão e Maria José Azevedo, mas não tem dúvidas de que, com valores concretos na mão, conseguirá “convencer seja quem for a abdicar, porque não acredito que haja ninguém que queira ser candidato para perder. Demoverei qualquer obsessão que não tenha como fundamento uma possibilidade devencer”. Pedro Baptista demonstrou como reagiria em diferentes cenários. Colocamos uma hipótese. Se a concelhia de Valongo apresentar Afonso Lobão como candidato e Maria José Azevedo decidir avançar como independente, o que faria a Federação? Pedro Baptista apresenta ainda Candidato a líder do PS/Porto apela à união dos socialistas outra hipótese: “Se a concelhia indicar um candidato e não houver mais nenhuma alternativa nem nenhuma polémica em torno disso, naturalmente será esse o candidato. No cenário de uma polémica, em que Maria José Azevedo, que foi candidata há três anos e teve um belíssimo resultado, e tem estado no terreno no que diz respeito à oposição municipal, apresente uma candidatura independente, de divisão das forças socialistas, dotar-me-ei dos meios de conhecimento objectivos para ver quem está em melhores condições para vencer a câmara. Gastarei umas massas largas, mas este conhecimento objectivo é fundamental para o futuro do partido na região. E tenho a certeza de que o que estiver claramente em má posição abdicará a favor do segundo”. É aqui que o candidato lembra o Rei Salomão e as suas duas mães para uma mesma criança, emque uma abdica da criança para queela não sofra, demonstrando ser a verdadeira mãe.

“UM VAI TER DE ABDICAR”
Pedro Baptista percebe que terá em Valongo uma situação para resolver, até porque quer muito que o PS conquiste a Câmara: “Não faço a mínima ideia se a concelhia vai avançar o nome de Afonso Lobão ou não. Sou amigo dos dois. Se forem os dois para a frente perdem os dois, isso é evidente”. É aqui que têm início as críticas à actual liderança da Federação: “Se estiver na inércia, andar com intrigas com um e com outro, não sei se faz ou não, mas diz-se que faz, e não há nenhum desmentido, sendo assim estamos mal. Não me conformo e tenho acerteza de que em Valongo, se tivermos uma guerra fratricida, não ganharemos a Câmara”. E vai mais longe: “O partido tem de ser respeitado, a concelhia tem de ser respeitada, o trabalho da Maria José também, assim como a ambição do Afonso Lobão, se é que a tem, ambição no sentido mais positivo. Tem de haver realismo e pragmatismo, não vou admitir que percamos a Câmara de Valongo numa situação dessas, e tenho meios para o evitar. Além dos meios políticos tenho meios estatutários”.

“CÂMARA IMPORTANTE E DECADENTE”
Valongo é, neste momento, uma Câmara importante para o Partido Socialista: “A vitória é uma grande possibilidade, e podíamos inverter uma lógica que tem sido decadente e com perspectivas de futuro não só decadentes mas mesmo trágicas”, explica. Quando questionado sobre qual seria a sua actuação se, actualmente, fosse presidente da Federação, não tem dúvidas em afirmar que já estaria há muito tempo a trabalhar com a oposição e com a concelhia de Valongo: “Se fosse presidente da Federação estava já há bastante tempo a trabalhar com a concelhia de Valongo. E naturalmente também com os putativos candidatos. e teria acompanhado de perto o trabalho de oposição em Valongo. Não que tenha nada a ensinar à Maria José Azevedo e aos outros opositores, mas nem que fosse o apoio psicológico, ajudaria a moralizar e a tornar a nossa oposição agressiva e vencedora”

RENOVAÇÃO DE QUADROS
Pedro Baptista assume-se como um candidato que quer ser presidente a tempo inteiro. Defende ainda a renovação de quadros e o lançamento de jovens nas próximas listas. Quanto ao candidato excluído em Valongo, acredita que “a forma de trabalhar nestas situações é sempre no sentido de fazer a melhor opção, sem excluir ninguém, o que quer dizer que aquele que não é a melhor opção não deve ser ostracizado. Até pode não haver espaço para um organismo concreto, mas o partido deve aproveitar os quadros, que bem precisa deles. O presidente da Federação tem uma visão nacional e o primeiro-ministro e o secretariado nacional têm obrigação de ouvir o presidente da maior Federação do país”.

Maria José Azevedo e Afonso Lobão
Pedimos a Pedro Baptista que descrevesse o trabalho dos potenciais candidatos em Valongo, e resposta foi politicamente correcta: “Nos últimos tempos ambos estão perfeitamente enraizados no concelho e têm desenvolvido um excelente trabalho. O Afonso Lobão é um militante histórico do concelho e tem tido sempre uma grande dedicação à questão municipal, tem tido sempre uma preocupação com a questão da Câmara. Conheço-o há muitos anos. A Maria José Azevedo foi para lá há quatro anos e tem sido de uma grande dedicação no seu trabalho de oposição e a verdade é que há quatro anos quase que ganhava, mas além de ser ela, podemos dizer que era o partido socialista que quase que ganhava. Não acredito de uma candidatura independente da área socialista seja de quem for, nenhum dos dois faria isso. Mas se puserem a hipótese, tentarei sempre impedir que isso aconteça”.

Vale do Sousa
Na região do Vale do Sousa o PS está também em minoria e há alguns concelhos onde os socialistas sabem que não terão, a curto prazo, muitas hipóteses de vencer nas autárquicas. “É claro que não vou dizer que depois de ganhar a Federação vamos ganhar todos os municípios. Nalguns não é previsível a possibilidade imediata de vencer e por isso devemos apostar em candidatos jovens, que se não vencermos desta venceremos numa próxima e eu defenderei esta estratégia junto das concelhias, que será de resultados a médio prazo”, refere quando questionado sobre candidaturas em concelhos como Penafiel ou Paços de Ferreira.

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