Considerações infelizes de António Costa ao dizer: "como se sabe não se vive de memórias, vive-se de presente e de futuro", denotando uma aterradora e (para nós) surpreendente falta de dimensão cultural. Esperava-se que fizesse coro com Mário Soares, por exemplo, e dissesse precisamente o contrário do que disse. Ainda por cima a obstinação com que o afirma deixa atarantado (no mínimo) qualquer um.
Precisamos, outrossim e cada vez mais, de memória se nos quisermos projectar no futuro. O "presente" não é mais do que a junção do passado com o futuro.
Com estas, António Costa isola-se perigosamente de todo o meio cultural lisboeta (e nacional), dando uma péssima imagem do Partido Socialista e da forma como lida com a memória e a cultura.
Será Costa, daqueles a quem é preciso segredar, que a cultura "também dá dinheiro"? É, para nós, deveras surpreendente que assim seja, mas que parece, parece...
Por outro lado, estas declarações descabidas que já confirmámos nos ecrãs, vêm ao arrepio da necessidade que o país sente de acabar com os branqueamentos e trazer ao de cima a memória, para a escalpelizar e exorcizar os fantasmas, o que nunca foi feito. A sede da PIDE em Lisboa (já destruída), como a sede da PIDE no Porto (ainda recuperável), a Boa Hora em Lisboa como S.João Novo no Porto, a Cadeia de Peniche (onde se pretende mais turismo de "charme" em cima do sangue dos anti-fascistas) são espaços fundamentais a preservar e a utilizar como centros de memória, de estudo e de conhecimento, para que também em Portugal, tal como sucede actualmente na Alemanha e na Espanha, saltem cá para fora os quistos da memória, que nos permitam encarar o futuro com mais clareza, e sobretudo alegria e confiança, o que mais falta a Portugal. Mas para isso é preciso saber; antes de tudo, saber preservar!
Finalmente, encurtando caminho, tudo se parece reduzir, sobretudo, à dimensão do nacional-pacovismo, que se encobre tradicionalmente de pretenso modernismo, e que tem vindo a destruir o país, o seu património e portanto a sua riqueza.
Uma tristeza que merece a forte mobilização contra, mormente dos socialistas, responsáveis ou militantes de base. (PB)
Tribunal da Boa Hora: António Costa afirma que «não se vive de memórias»
(Público) Em Linha 10.02.2009 Fonte: Lusa
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, defende a instalação de uma unidade hoteleira no local do Tribunal da Boa Hora.
(Público) Em Linha 10.02.2009 Fonte: Lusa
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, defende a instalação de uma unidade hoteleira no local do Tribunal da Boa Hora.
1 comentário:
O país nã pode viver de velharias nem de velhadas que querem é a sua memória para dizerem que foram os melhores do mundo.
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