Frente anti-Santana arranca em Lisboa
por RUI PEDRO ANTUNES (DN) 14.4.2009
Quase duas centenas de personalidades, da política à cultura, assinaram uma petição que defende uma "convergência de esquerda nas eleições para Lisboa". Sá Fernandes considera a coligação das esquerdas como "fundamental", juntando-se assim a este movimento, que foi apresentado ontem e tem como "inspiradores" Jorge Sampaio e José Saramago.
José Sá Fernandes considerou ontem "fundamental" uma convergência à esquerda nas eleições para a Câmara Municipal de Lisboa (CML). O vereador eleito nas listas do Bloco de Esquerda, que faz parte do executivo de António Costa, juntou-se a quase duas centenas de personalidades, da política à cultura, que querem impedir o regresso da direita e de Pedro Santana Lopes ao poder.
Depois de José Saramago e Jorge Sampaio (ver caixa) terem defendido a convergência na capital, figuras de várias forças de esquerda, incluindo socialistas, comunistas e bloquistas, formalizaram ontem o movimento que dirige um apelo aos partidos para que se unam nas próximas autárquicas em Lisboa.
No Palácio das Galveias, em Lisboa, perante uma sala cheia e uma dúzia de cravos vermelhos, todos eles unidos, Paulo Fidalgo, um dos promotores da petição, disse que o movimento é "uma espécie de barriga de aluguer para todos os que queriam a coligação". O presidente da associação política Renovação Comunista lembrou que "os peticionários têm opções de voto partidárias diferentes" e que a convergência é necessária par evitar o "descalabro de uma gestão de direita".
Ana Benavente, ex-deputada e ex-secretária de Estado do Governo PS de Guterres, defendeu que a coligação traria um "executivo mais forte e um programa mais rico".
As coligações pós-eleitorais não são desejadas pelos peticionários, pois há o "risco" da autarquia voltar a ficar "nas mãos da direita". Ana Benavente defende assim a coligação pré-eleitoral em prol da "pesca à linha, onde depois se vai buscar um eleito por outro partido".
Neste caso, a socialista referia--se à situação de José Sá Fernandes. Atento, o vereador esperaria pelo final da apresentação para dizer aos jornalistas que a convergência "é o caminho", e confessar: "Na próxima semana vou reunir com os meus apoiantes sobre este assunto."
Todos os peticionários demonstraram a vontade de evitar a todo o custo o regresso de Santana Lopes. Não raras vezes se ouviu na sala: "A direita não pode regressar a Lisboa." E porquê? "Porque ainda estamos a pagar cara essa factura. A direita deixou Lisboa num caos em todos os aspectos", respondeu Sá Fernandes.
A petição não tem, segundo explica Paulo Fidalgo, nenhum objectivo "antipartidário", mas sim de "unidade" entre os partidos. O promotor explica que o apelo se estende a "PS, BE, CDU e também aos movimentos de cidadãos". Já Ana Benavente compreende que "os movimentos de cidadãos possam não fazer parte porque se dissolveriam".
Mais consensual é a escolha do presidente que poderia liderar as esquerdas. Paulo Fidalgo esclarece que "o PS, como partido maioritário, não deve abdicar do seu candidato". Outro dos intervenientes, o actor Raul Solnado, acredita que "António Costa é o homem que a cidade precisa" e que enquanto "grande negociador" não impedirá esta coligação.
A petição está perto de atingir os 200 subscritores e conta com vários políticos, como Edmundo Pedro (fundador do PS) ou Aquilino Ribeiro Machado, o primeiro presidente da CML após o 25 de Abril, mas também com académicos, artistas, sindicalistas, juristas, que têm um objectivo: evitar o regresso de Santana Lopes.
terça-feira, 14 de abril de 2009
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1 comentário:
E no Porto?
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