terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

HONRA AOS COMBATENTES REVOLUCIONÁRIOS DO 3 DE FEVEREIRO DE 1927!

Por Pedro Baptista

Faz hoje 81 anos que eclodiu no Porto o primeiro levantamento civil e militar contra a ditadura que haveria de se instalar em ditadura fascista durante 48 anos.

Quase 10 meses passados sobre o 28 de Maio de 1926, boa parte da opinião militar e a sociedade civil tinham percebido que os propósitos "regeneradores" da República dos insurrectos saídos de Braga, sobre os quais tinha recaído algum "benefício da dúvida", não tinham passado de um ardil da mais baixa propaganda e verificavam que a ditadura não só se distanciava de qualquer preocupação pelos direitos elementares dos cidadãos, tendo incrementado a censura e a perseguição política, como demonstrava inteira incapacidade para resolver os problemas nacionais nomeadamente nos planos económico e financeiro.

Jaime Cortesão, Jaime Martins, Pina de Morais, Raul Proença, Sarmento Pimentel, Emídio Guerreiro, Marques Teixeira, foram alguns dos nomes que, sob a liderança operacional do General Sousa Dias se instalaram na Praça da Batalha, com o apoio das guarnições de Amarante, Guimarães e Vila Real, entre outras, e a mobilização de milhares de trabalhadores e intelectuais armados.

No entanto, os revolucionários não lograram tomar a Serra do Pilar que tinha prometido neutralidade, mas que caiu nas mãos do Governo que se instalara no topo Sul da Ponte de Luís I.

A artilharia da Serra do Pilar, a que apenas podia responder com muito menor poder de fogo a artilharia móvel vinda da Amarante instalada nas Fontaínhas, mais a aviação governamental, colocaram o Porto a ferro e fogo durante 4 dias e 4 noites, onde até o Hospital de Santo António foi bombardeado, Inferno durante o qual pereceram centenas de populares e revolucionários republicanos.

Por outro lado, o controlo das telecomnunicações militares por parte do Governo, impediu que a eclosão vitoriosa da revolução alastrasse a Lisboa vencendo as hesitações que ali se verificaram, permitindo que o Governo concentrasse tudo à volta do Porto e desembarcasse reforços em Leixões.
No domingo, dia 6 de Fevereiro, face a um panorama calamitoso de uma cidade em chamas e desiludidos pela falta de solidariedade lisboeta, os republicanos iniciaram as negociações de rendição.
Por artes do Diabo, só no dia 7 de Fevereiro a revolução eclodiu em Lisboa, exactamente a seguir à rendição do Porto, revolução que, por isso, em Lisboa se diz do 7 de Fevereiro. Revolução do Remorso chamou-lhe o comandante Sarmento Pimentel mas foram uns bravos que foram derrotados na Batalha do Rato pelas forças do governo.
A falta de coesão nacional revolucionária entre Porto e Lisboa que já tinha sido a causa estratégica da derrota do 31 de Janeiro de 1891, tal como as dificuldades de comunicação, levaram a mais uma derrota da luta contra a ditadura, com as trágicas consequências para o país, que ainda hoje se manifestam no nosso atraso histórico.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde.

Gostei muito do seu texto e houve um ponto em particular que me chamou a atenção. O meu avô (militar) de quem tenho poucas informações nasceu em Paranhos no fim do século XIX (talvez 1889).Sabe dizer-me se o militar Marques Teixeira que mencionou, nasceu em Paranhos e tem como 1º nome Jaime?