segunda-feira, 5 de outubro de 2009

5.10.09 LUSA (...)As cerimónias que assinalam a implantação da República foram este ano mais simples, a pedido do Presidente da República, Cavaco Silva, que decidiu não estar presente por causa da proximidade das eleições autárquicas, que se realizam a 11 de Outubro.
As honras da casa foram feitas pelos Sapadores Bombeiros e o único discurso que se ouviu na Câmara Municipal foi o da presidente da Assembleia Municipal, Paula Teixeira da Cruz, que entre outros temas sublinhou a necessidade de mais ética na política.
“Temos de trazer mais ética para a política, renovar a forma e a substância de fazer política. O declínio das Repúblicas sempre esteve associado à degradação de padrões éticos”, afirmou Paula Teixeira da Cruz.
Num discurso com referências à crise financeira, à “decepção com a política” e à “contra-democracia”, Paula Teixeira da Cruz realçou: “Não podemos voltar a cometer erros que comprometam a liberdade e a democracia, valores pioneiros da República”. “Há muito se vêm detectando derivas perigosas e desvios preocupantes”, afirmou a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa. “A responsabilidade, o trabalho e a exigência ética, que deveriam amparar a qualificação da democracia reivindicada, foram sendo abandonados e substituídos pela lógica do enriquecimento fácil (...) e pela ideia de que os fins justificam os meios, com particular crueza em sectores como a política e a economia”, acrescentou.
Paula Teixeira da Cruz defendeu igualmente que a liberdade e a democracia “não são aquisições perpétuas” e realçou: “A ditadura, como é evidente, não resolveu as desigualdades sociais. Manteve um país rural e analfabeto”. “É fácil uma democracia perder a qualidade e deixar de o ser. E há muitas formas de condicionar a Liberdade, até a perder”, alertou.
“Numa era de decepção com a política, o voto dos cidadãos é cada vez mais dirigido contra alguém ou contra algum programa que contra si congregue a indignação do que a favor de um projecto que suscite esperança”, lembrou Paula Teixeira da Cruz, que no final da cerimónia, em declarações aos jornalistas, disse que se vive numa época de “democracia fragilizada”.
O único discurso das cerimónias do 5 de Outubro na Câmara Municipal fez ainda referência ao vazio instalado “no coração do sistema político”, com Paula Teixeira da Cruz a defender que “os políticos devem assumir as dificuldades” e que os cidadãos devem “participar”. “Temos de ser exigentes. E verdadeiros. E a primeira verdade é que estamos a empobrecer na vertente económica como na educacional, aí onde tudo começa”, afirmou.
Defendendo que o Estado deve “promover programas de relançamento da economia”, Teixeira da Cruz sublinhou, contudo, que a “desejável aceleração de certos programas deve centrar-se em projectos que contribuam para estruturar um contexto favorável à economia, de preferência com pequena ou nula componente importada e elevado efeito multiplicador”. Sublinhou igualmente a importância de dar prioridade aos projectos “que permitam estruturar duradouramente o País” e defendeu o respeito pela justiça Livre e independente” e o “rigoroso respeito pelo estatuto de cada um dos operadores judiciários”. “Os tribunais - a justiça - como a comunicação social, a liberdade de expressão, são sempre alvos prioritários de tentativa de controlo e de empobrecimento dos valores da República”, disse.

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