Alegre acredita numa nova esquerda no poder
Alternativa defendida pelo deputado passa pela convergência de todos os socialismos
(JN) 12.2008ISABEL TEIXEIRA DA MOTA
O sonho de uma esquerda não dividida, capaz de ser alternativa de poder e ir a votos inebriou ontem a Aula Magna. Manuel Alegre, o deputado-poeta, quebrou o tabu e defendeu o virar de página, na senda do novo inspirador: Barack Obama.
Para Manuel Alegre, é possível governar o país com "verdadeiras políticas de esquerda". Para isso, declarou ontem no encerramento do Fórum Democracia e Serviços Públicos, a esquerda tem de deixar de ser sectária.
"É preciso que parte da força eleitoral da esquerda não se vire contra si mesma. Porque essa tem sido a fragilidade das esquerdas europeias e da esquerda portuguesa", disse.
Perante "uma esquerda do Governo, que quando o é deixa de ser praticante", e outra esquerda "que se acantona no contra-poder", o único caminho é, defendeu, "construir uma perspectiva de alternativa de poder".
Como será essa alternativa, não se sabe - nem o próprio proponente. Mas no final da declaração no fórum da Aula Magna, em Lisboa, o socialista admitiu que se trata "de um processo, de um movimento", "aberto a tudo" mesmo, se for caso disso, "a ir a votos". A ideia de Alegre parece ser a de unir a esquerda para as eleições.
Porém, ao mesmo tempo que assumiu a "fidelidade de militante socialista", fez questão de pôr o PS a liderar a alternativa: "Não se fará sem eleitores, simpatizantes e militantes do PS".
Ainda assim, admitiu ser plural: "Não estamos aqui para tentar impedir que os outros cresçam, mas para que toda a esquerda possa crescer em todos os sentidos". Recorde-se que o PCP não participou, sob o argumento de se tratar de uma iniciativa "sectária".
Nas prioridades de esquerda que citou estão a promoção do pleno emprego, o combate à especulação financeira, a distribuição equitativa do rendimento, o reforço dos serviços públicos e até questões ecológicas, como a promoção do direito à água e a protecção do ambiente.
As críticas ao "sistema capitalista" que fez "colapsar" o sistema financeiro e causou "a recessão económica e a pobreza" foram duras: "[É tempo de] coragem para estar ao lado dos desempregados e desfavorecidos e não para, à custa dos dinheiros públicos, salvar um banco privado que administra grandes fortunas", disse sobre o Banco Privado Português.
Pondo-se ao lado do combate contra o "pensamento único neo-liberal", de Reagan a Tacher e Bush, apontou para o novo inspirador dos socialistas: "É por isso que e eleição de Obama, que é, em si mesma, um factor de mudança cultural e cívica, constitui uma tão grande e porventura desmedida esperança".
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
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