No jantar com o Grupo Parlamentar do PS, José Sócrates voltou a reiterar que não se lembra, nos últimos 30 anos, de nenhum governo que tenha tido tanta preocupação social e tenha tomado tantas medidas de defesa social como o seu.
José Sócrates já o disse várias vezes. Vezes demais!
Até que chega a um ponto, que não dá para aturar mais a obcecação doentia do primeiro-ministro em relação ao governo de António Guterres de que, aliás, foi membro. Sem grande importância, mas ainda assim foi membro.
O grande problema de Sócrates, que é um governante com inegáveis qualidades, está exactamente, desde a primeira hora, nesta obsessão doentia por se afirmar através do assassínio do pai político, o que nunca consegue porque o transformou num fantasma e os fantasmas são imortais.
Os principais defeitos do actual governo, teimosia e contumácia muito para lá da necessária determinação, desinteresse pela experiência social e pelos sinais empíricos dela provenientes, resultam da opção Sócrates de ser um anti-Guterres, antes de tudo, fazendo questão de fazer tudo ao contrário do que o "pai" fez.
É esta dimensão a maior fraqueza do chefe do governo e consequentemente do governo. Por isso tem necessidade de constantemente repetir o disparate de ter sido o governo mais social dos últimos 30 anos.
Em matéria de solidariedade e motivação sociais, coitado deste governo que pouco mais é do que uma mistura de yupies feitos a martelo, tecnocratas medianos e estudiosos de marketing, se o compararmos com o governo humanista chefiado por um homem de grande craveira política e intelectual como foi António Guterres coadjuvado por ministros superiores como Sousa Franco!
Esse sim foi o governo com mais motivação social e determinação socialista, um governo de centro-esquerda, onde, se o neo-liberalismo já avançou em alguns passos, foi incapaz de se impor como aconteceu a partir de 2006, sob o regaço de Sócrates com as consequências que estão á vista.
É ridículo entre socialistas entrar-se numa discussão destas, sobretudo pública, por isso seria bom que o primeiro-ministro e secretário geral do Partido Socialista se calasse por uma vez com a sua prosápia insuportável de melhor de sempre e da sua rua e resolvesse os seus problemas psicanalíticos no devido lugar que é o conforto de uma marqueza.
Se não foram capazes de discutir o processo Guterres - e Sócrates, foi um dos que fez tudo para abafar, mais uma vez, a discussão no Partido, em 2001 - deixem pelo menos o Alto Comissário para os Refugiados em paz com o seu trabalho humanitário e reduzam-se à dimensão de um governo que tem de olhar como resultado da sua política para os factos e para nada mais. E não tem, então, grande coisa para ver, sobretudo se em comparação com o governo de António Guterres, que sistematicamente pretendem apoucar (P.B.)
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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