(DN) 24.12.2008 RUDOLFO REBÊLO
Banca: Malparado no consumo aumenta 75% em Outubro
Os novos empréstimos às empresas caíram 18% em relação a 2007
O montante de novos empréstimos à habitação caiu 47% em Outubro deste ano, em comparação com o mesmo mês do ano passado. A queda está já ao nível de 2003, quando Portugal entrou em recessão. E o "malparado" no crédito para compra de casa aumentou 19,5%, com os bancos a reclamarem agora 1,6 mil milhões de euros de prestações em atraso, de acordo com dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal. Nos empréstimos às famílias para consumo, o calote aos banqueiros subiu 75%, totalizando mais de 755 milhões de euros, cerca de 5% do total dos empréstimos ao consumo cedidos pela banca.
A verdade é que as famílias - ao mesmo tempo que as estatísticas mostram que o seu "estado de alma" está em baixo - já estão a pedir menos dinheiro à banca. As razões são diversas: a banca está a restringir o crédito e a exigir mais garantias, o peso do endividamento é alto, as taxas de juro são altas. Os empréstimos contratados em Outubro para a compra de bens (duradouros ou consumíveis) caíram 8,4%, em relação ao mesmo mês de 2007. Também as empresas nacionais - dadas como as mais endividadas de entre as nações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) - estão a falhar com as amortizações (e juros) à banca. Em Outubro, o mal-parado já atingiu os 2,5 mil milhões de euros, 1,5% do PIB e subiu 47% em relação ao ano passado, o que atesta a dificuldade dos empresários em lidar com a banca. Um rácio que impede a acumulação de liquidez na banca e que vai afectar os resultados anuais.Os empresários e a banca estão cada vez mais de costas voltadas, contrariamente ao divulgado pelas autoridades.
Os dados do Banco de Portugal, referentes a Outubro, indicam que os empréstimos às pequenas e grandes empresas estão em queda acentuada, especialmente nestas últimas e, no conjunto, a concessão de novo crédito caiu 18%. Em Outubro, o volume de pequenos créditos concedidos caiu 4,8% em relação ao mesmo mês de 2007. Os grandes empréstimos - acima de um milhão de euros - registaram uma descida de 27% na produção. Dados que, a prazo, podem indiciar uma forte queda do investimento.
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