O Sindicato dos Jornalistas Iraquianos considera que Al-Zaidi esteve "longe de ser profissional", mas pede a sua libertação.
Milhares de iraquianos saíram esta segunda-feira às ruas do bairro xiita de Sadr City, em Bagdade, para elevar à condição de “herói nacional” Muntadar al-Zaidi, o jornalista que lançou os seus sapatos ao Presidente dos Estados Unidos durante uma conferência de imprensa na capital do Iraque. O episódio ensombrou o último périplo de George W. Bush pelos teatros de guerra das tropas norte-americanas.
“Herói nacional” para os manifestantes do bastião xiita de Sadr City, “bárbaro” para o Governo de Nuri al-Maliki: Muntadar al-Zaidi, repórter xiita da televisão privada al-Baghdadiya, com sede no Cairo, arrisca-se a ver o seu nome inscrito nas páginas da História como o homem que, num gesto inaudito, resumiu o mal-estar mais ou menos latente provocado pela figura de George W. Bush entre o Mundo Árabe.
“Herói nacional” para os manifestantes do bastião xiita de Sadr City, “bárbaro” para o Governo de Nuri al-Maliki: Muntadar al-Zaidi, repórter xiita da televisão privada al-Baghdadiya, com sede no Cairo, arrisca-se a ver o seu nome inscrito nas páginas da História como o homem que, num gesto inaudito, resumiu o mal-estar mais ou menos latente provocado pela figura de George W. Bush entre o Mundo Árabe.
Decorridos cinco anos e nove meses de uma estratégica bélica que causou mais de 4.209 baixas entre as forças militares dos Estados Unidos e custou 576 mil milhões de dólares aos cofres de Washington, Bush ainda tenta reabilitar o legado da influência neoconservadora na Administração republicana.
O Presidente cessante dos Estados Unidos pretendia fazer das suas derradeiras visitas ao Iraque e ao Afeganistão um epílogo em tom optimista das guerras desencadeadas nos oito anos da sua Administração.
A 37 dias da passagem de testemunho ao democrata Barack Obama, Bush divide a sua mensagem em duas ideias essenciais. A guerra, admite, “não acabou”. Mas “está a caminho de ser vencida”.
Na visita de surpresa à capital iraquiana, o Presidente dos Estados Unidos contava até com o trunfo do recente acordo de segurança celebrado com o Governo de Al-Maliki, que fixa o termo de 2011 como data limite para a retirada das tropas norte-americanas. Contudo, as insistentes mensagens de progresso e optimismo, repetidas esta segunda-feira numa sucessão de encontros com responsáveis políticos no Afeganistão, parecem ter perdido na competição com as imagens dos sapatos de Al-Zaidi a falharem por centímetros o rosto de um George W. Bush incrédulo, embora ágil a evitar os projécteis.
“Este é o teu beijo de despedida do povo iraquiano, cão”, gritava no domingo, em Arábico, o jornalista da al-Baghdadiya, enquanto tomava o Presidente norte-americano como alvo de um dos maiores sinais de desprezo na cultura iraquiana, antes de ser esmagado por um punhado de seguranças.
Logo após o incidente da conferência de imprensa, George W. Bush procurava desvalorizar o sucedido com recurso ao humor: “Não sei o que o tipo disse, mas vi as solas dele”. Mas depressa retomaria um tom mais sério para minimizar o que disse ser um “momento bizarro”.
Bizarro ou não, o incidente de Bagdade foi o combustível da ira de milhares de apoiantes do clérigo radical Moqtada al-Sadr em Sadr City, que fizeram do jornalista um “herói” e de Bush a Némesis do Islão. E as manifestações em defesa da libertação imediata de Muntadar al-Zaidi alastraram à cidade santa de Najaf e a Bassorá, no Sul do país. Para as autoridades iraquianas, que mantêm o repórter atrás das grades, Al-Zaidi não fez mais do que protagonizar um “acto bárbaro e ignominioso”.
Um responsável iraquiano, citado pela Associated Press, adiantou que o jornalista continua a ser interrogado.
No entender da administração da televisão al-Baghdadiya, Bagdade deveria libertar o jornalista de imediato, uma vez que Al-Zaidi se limitou a exercer o direito à liberdade de expressão, uma das promessas feitas aos iraquianos após a queda de Saddam Hussein. “Quaisquer medidas contra Muntadar serão consideradas actos de um regime ditatorial”, afirmou a empresa em comunicado.
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