quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Instaurado processo para expulsar Narciso
(JN) 22.10.09 CARLA SOARES
O processo para expulsar Narciso Miranda do PS, juntamente com outros 88 militantes de Matosinhos, foi entregue pelo líder da Distrital do Porto à Comissão Federativa de Jurisdição, anteontem, terça-feira, ao final do dia.
A formalização do processo estava apenas dependente da listagem total dos socialistas que se candidataram como independentes em Matosinhos. A concelhia, liderada por Guilherme Pinto, presidente da autarquia, entregou esta semana o dossiê à Distrital, com 89 nomes e, por sua vez, Renato Sampaio remeteu-o para a Comissão Federativa de Jurisdição, anteontem.
"Entreguei o processo ao final do dia", disse o líder distrital, questionado pelo JN. Além de Narciso, que encabeçou a candidatura à Câmara, estão na lista negra Alexandre Lopes e Pedro Tabuada, candidatos na Senhora da Hora e Leça da Palmeira.
"Aqueles que condenam e que chamam a isto uma purga política esquecem-se de que, quando Narciso Miranda foi presidente da Federação, expulsou mais de 50 militantes por terem tomado posições idênticas", disse Renato Sampaio, referindo-se às eleições de "1997 e 2001" e aos concelhos da "Maia, Penafiel e Matosinhos". Purga foi precisamente a palavra usada por Narciso para comentar as expulsões em curso.
Como noticiou o JN, também o processo contra Maria José Azevedo, candidata em Valongo, foi instaurado. E inclui outros 52 socialistas. No Porto, os visados são da lista de Manuel Vieira para Santo Ildefonso. E haverá sanções também no Marco de Canaveses, revelou o líder distrital. Uma vez analisados pela comissão federativa, os processos seguirão para o órgão nacional competente.
Anteontem à noite, as sanções prometidas marcaram a reunião da Comissão Política Distrital.
José Luís Carneiro, autarca de Baião, criticou o modo como está a ser tratado o tema. Embora concordando com os processos disciplinares, porque "os estatutos são para cumprir", disse que a questão "não deve ser transformada num tema político". O mesmo apelo fez Avelino Oliveira. O ex-candidato à Concelhia do Porto é favorável aos processos disciplinares para que "não se abram precedentes". Mas defende que esta é uma questão jurisdicional, "não de cariz político".
José Luís Carneiro, que ainda não revela se vai candidatar-se à Distrital, reclamou do líder "esforços" para "uma pacificação" onde há "clivagens" decorrentes das autárquicas, como no Porto.
Além disso, defendeu que o PS deve iniciar uma discussão sobre coligações à Esquerda. Na mesma linha de pensamento, Pedro Baptista disse que uma aliança podia ter evitado perdas, como na Invicta. E culpou Renato Sampaio pela derrota de Elisa Ferreira. Tal como fez Orlando Gaspar, ex-líder concelhio. Sobre as expulsões, Pedro Baptista falou de "sanha vampiresca" pela forma como o líder distrital comentou o assunto nos media. Mas Renato Sampaio refuta as críticas. "É um problema disciplinar. A minha obrigação está cumprida", disse ao JN.
Fora do Porto, as sanções também criam polémica. A Concelhia de Alandroal, em Évora, quer expulsar João Grilo, que conquistou a Câmara aos socialistas, como independente, disse à Lusa o líder local, João Nabais, que foi candidato pelo PS. O processo foi instaurado contra cinco militantes.

3 comentários:

RENATOGOMESPEREIRA disse...

Se Narciso fez o mesmo fez mal...eu desconhecia que Narciso tivesse expulsado militantes descontentes com ele e com as ideias das maorias comjunturais... se isso for verdade Narciso desce alguns degraus na minha consideração por ele... Julgava-o um democrata tolerante e compreensivo e sabedor que não é dono de toda a verdade...E por razões muito válida muitos (foram muitos mesmos...e porquê?)militantes socialistas optaram por integrar e apoiar listas independentes...cpoisa diferente era ir para um partido diferente... E Movimento de cidadãos não é considerado partido...portanto não há inciompatibilidade com amilitância...ou Há?

Primo de Amarante disse...

O pedido de expulsão é antigo: Neves também pediu a minha expulsão e Narciso disse que sim. Mas isso nunca aconteceu. Eu, depois, e que me
desvinvulei do partido E isso está a acontecer com muita gente. Quando o partido perder o poder (daquia a um ano) o PS pode tornar-se num torna-se um partido residual

Paulo Rocha disse...

Os militantes do partido têm que entender que há determinadas obrigações de militância. O mínimo exigível, em situações de oposição ao seu próprio partido, seria o pedido de suspensão prévia da militância.

Ora, isto não acontecendo, será perfeitamente normal a instauração de processos disciplinares. O contrário é que seria inadmissível.

Esta é uma questão eminentemente jurídica mas não deixa, também, de ser política.