Esquerda de Alegre assusta PS oficial
ANA SÁ LOPES e SUSETE FRANCISCO (DN) 13.12.2008
Manuel Alegre, Carvalho da Silva e bloquistas juntos amanhã em Lisboa .
A dissidência de Manuel Alegre face ao PS está a causar crescente preocupação entre os socialistas. No partido do Governo é opinião generalizada que uma ruptura de Alegre - saindo para criar um novo partido ou aproximando-se do BE - acabaria com as hipóteses de o PS renovar a maioria absoluta nas legislativas de 2009. E esta é uma possibilidade que não é afastada por dirigentes socialistas. Nas vésperas de mais um fórum das esquerdas, ninguém antecipa até onde chegará o afastamento de Alegre em relação ao seu partido - e a aproximação às forças à esquerda do PS. Mais: os socialistas estão convictos de que nem o próprio deputado terá neste momento um caminho traçado.
Foi neste contexto que decorreu, na passada semana (na sexta-feira, dia em que Alegre votou contra a orientação da bancada em dois temas diferentes), o almoço entre o ex-candidato presidencial e José Sócrates.
Foram três horas de conversa: uma acção de "charme" do secretário-geral do PS e primeiro-ministro, numa altura em que todas as hipóteses estão ainda em aberto. Ou seja, no sentido de estancar uma ruptura com elevados custos para os socialistas. Manuel Alegre tem insistido que é cedo para definir o seu caminho e que ainda não decidiu se se mantém militante do PS ou se caminha para a formação de um movimento autónomo, desvinculando-se. Uma hipótese em aberto é a constituição de uma frente eleitoral com o Bloco de Esquerda, a que poderiam associar ex-comunistas, ou mesmo o líder da CGTP, Carvalho da Silva, caso optasse por abandonar o Partido Comunista.
O politólogo André Freire - que vai ser um dos participantes no fórum das esquerdas de amanhã - admite que o cenário de um novo partido "pode ser possível", caso "os militantes descontentes com o PS vissem aí a solução": "Está criado o caldo de descontentamento para que, se surgisse um novo partido à esquerda, o PS fosse fortemente penalizado. A reedição de um partido ao estilo do PRD é uma possibilidade". Para já, a prova é que segundo as sondagens "aquilo que parece estar a acontecer é o PS estar a perder eleitorado para a extrema-esquerda". No entanto, também André Freire não sabe "se Manuel Alegre está para aí virado", embora também veja no perfil de Carvalho da Silva "uma peça-chave" num movimento destes. A sua "experiência organizativa, sindical, que lhe dá ancoragem social" associada ao facto de ser "uma pessoa que faz pontes" fazem de Carvalho da Silva um nome fundamental neste xadrez, caso o líder da CGTP assumisse a ruptura com o PCP."Em Portugal, há um problema de incomunicabilidade das esquerdas", afirma André Freire. O PCP recusa. Mas também entre Bloco e o PS qualquer coligação "parece improvável": "Só se o PS recuasse para abaixo dos 45%, com um crescimento da extrema-esquerda, o Bloco poderia seria confrontado com as suas responsabilidades. Mas era improvável que Sócrates quisesse."
ANA SÁ LOPES e SUSETE FRANCISCO (DN) 13.12.2008
Manuel Alegre, Carvalho da Silva e bloquistas juntos amanhã em Lisboa .
A dissidência de Manuel Alegre face ao PS está a causar crescente preocupação entre os socialistas. No partido do Governo é opinião generalizada que uma ruptura de Alegre - saindo para criar um novo partido ou aproximando-se do BE - acabaria com as hipóteses de o PS renovar a maioria absoluta nas legislativas de 2009. E esta é uma possibilidade que não é afastada por dirigentes socialistas. Nas vésperas de mais um fórum das esquerdas, ninguém antecipa até onde chegará o afastamento de Alegre em relação ao seu partido - e a aproximação às forças à esquerda do PS. Mais: os socialistas estão convictos de que nem o próprio deputado terá neste momento um caminho traçado.
Foi neste contexto que decorreu, na passada semana (na sexta-feira, dia em que Alegre votou contra a orientação da bancada em dois temas diferentes), o almoço entre o ex-candidato presidencial e José Sócrates.
Foram três horas de conversa: uma acção de "charme" do secretário-geral do PS e primeiro-ministro, numa altura em que todas as hipóteses estão ainda em aberto. Ou seja, no sentido de estancar uma ruptura com elevados custos para os socialistas. Manuel Alegre tem insistido que é cedo para definir o seu caminho e que ainda não decidiu se se mantém militante do PS ou se caminha para a formação de um movimento autónomo, desvinculando-se. Uma hipótese em aberto é a constituição de uma frente eleitoral com o Bloco de Esquerda, a que poderiam associar ex-comunistas, ou mesmo o líder da CGTP, Carvalho da Silva, caso optasse por abandonar o Partido Comunista.
O politólogo André Freire - que vai ser um dos participantes no fórum das esquerdas de amanhã - admite que o cenário de um novo partido "pode ser possível", caso "os militantes descontentes com o PS vissem aí a solução": "Está criado o caldo de descontentamento para que, se surgisse um novo partido à esquerda, o PS fosse fortemente penalizado. A reedição de um partido ao estilo do PRD é uma possibilidade". Para já, a prova é que segundo as sondagens "aquilo que parece estar a acontecer é o PS estar a perder eleitorado para a extrema-esquerda". No entanto, também André Freire não sabe "se Manuel Alegre está para aí virado", embora também veja no perfil de Carvalho da Silva "uma peça-chave" num movimento destes. A sua "experiência organizativa, sindical, que lhe dá ancoragem social" associada ao facto de ser "uma pessoa que faz pontes" fazem de Carvalho da Silva um nome fundamental neste xadrez, caso o líder da CGTP assumisse a ruptura com o PCP."Em Portugal, há um problema de incomunicabilidade das esquerdas", afirma André Freire. O PCP recusa. Mas também entre Bloco e o PS qualquer coligação "parece improvável": "Só se o PS recuasse para abaixo dos 45%, com um crescimento da extrema-esquerda, o Bloco poderia seria confrontado com as suas responsabilidades. Mas era improvável que Sócrates quisesse."
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