
(Público) 09.12.2008, Jorge Heitor
Ao terceiro dia os protestos de estudantes foram de Salónica a Creta e de Corfu a Rodes, tendo alastrado mesmo ao estrangeiro
Novos confrontos entre a polícia e os manifestantes proliferaram ontem por toda a Grécia, desde o Norte ao mar Jónico e ao Egeu. A cólera desencadeada pela morte, no sábado, do jovem Alexandro Grigoropoulos alastrou mesmo a representações diplomáticas em Londres e Berlim. Trata-se da mais grave agitação a que a Grécia assiste nas últimas décadas.
Hoje de manhã há um conselho de ministros extraordinário e ontem à noite especulava-se que poderia ser declarado o estado de emergência.
A polícia carregou contra 300 manifestantes, na capital, Atenas, mas também houve violentos distúrbios no vizinho porto do Pireu e em Salónica, a segunda cidade do país, em Trikala, no Centro, em Larisa, Volos, Patra e nas ilhas de Corfu, Creta, Samos, Lesbos e Rodes. Foram incendiados um grande armazém e a árvore de Natal junto ao edifício do Parlamento. Pelo menos 35 pessoas foram detidas e mais de 50 ficaram feridas. Os distúrbios destruíram já 130 estabelecimentos atenienses. A câmara municipal suspendeu as actividades natalícias.
O Partido Socialista Pan-Helénico (PASOK, oposição) pediu à população que criticasse o Governo mas se abstivesse de novos actos de violência.
Os professores universitários iniciaram três dias de greve.
Os blogues populares entre os estudantes do secundário incitam-nos a boicotar as aulas, num clima de insurreição. Ao longo destes dias manifestantes, incluindo muitos anarquista, têm gritado "polícias, assassinos", e lançado bombas incendiárias, enquanto helicópteros tentam controlar as multidões.
O ministro do Interior, Prokopis Pavlopoulos, prometeu investigar em pormenor as circunstâncias do incidente, reconhecendo que "tirar uma vida é algo indesculpável em democracia". Chegou a colocar o seu lugar à disposição, o que não foi aceite pelo primeiro-ministro Costas Karamanlis.
Domingo, o agente responsável pelos disparos foi acusado de assassínio.
Nos últimos 12 meses, o Executivo de Karamanlis já perdeu três ministros devido a casos de corrupção e não podia perder agora mais um, pelo que se tem desdobrado em desculpas públicas pela morte do jovem.
Um porta-voz da Esquerda Anti-Capitalista Unida, Panagiotis Sotiris, declarou ontem à noite que a "revolução social" durará até o Governo cair. A actual equipa governamental "não compreende os problemas do país", afirmou George Papandreou, líder do PASOK, que já antes destes incidentes se encontrava nas sondagens à frente da Nova Democracia.
Sem comentários:
Enviar um comentário