
Não será a altura deste governo arrepiar caminho em relação ao que escolheu, há mais de três anos, decidindo afrontar alguns sectores profissionais, partindo do errado (e neo-liberal) pressuposto de que os grupos profissionais são uma espécie de gangsters que só têm em conta os seus interesses particulares e próprios, ou seja, o seu egoísmo?
Assim surgiu a campanha anunciada pelo próprio primeiro-ministro como sendo contra o "lóbi" da educação! Foi assim e foi mesmo frente aos nossos olhos, aos nossos ouvidos e para nosso espanto de militante socialista! E seguido fielmente pela linguagem insinuantemente insultuosa da equipa ministerial e isto os professores (e sobretudo as professoras) nunca mais esquecerão.
Este pensamento que nada têm a ver com esquerda, com socialismo democrático ou com social-democracia, insere-se na antropologia política mais conservadora, considerando "o homem lobo do homem" não sendo capaz de encontrar, por exemplo nos professores, nada que se aproveite do ponto de vista social, desconhecendo o seu espírito de missão, a sua abnegação, a sua disposição ao sacrifício, generosidade humanística sem a qual o sistema de ensino nunca funcionaria.
Donde o caminho do achincalhar com a imagem pública dos professores, nas palavras e no tom, como foi feito em particular no início do mandato. Donde também a campanha contra os sindicatos responsabilizando-os pela resistência, campanha onde tiveram de meter a viola no saco, pois têm sido muito mais os professores a empurrarem os sindicatos do que o contrário.
O governo convenceu-se que a campanha contra a "corporação" dava votos e o 1º Ministro encontrou aí uma forma de "matar o pai" e mostar-se como o anti-Guterres, mas tudo isto foi demais para o PS e para o País.
É altura de acabar e de o governo (de preferência com outra equipa, nem se vislumbra como esta possa fazer seja o aue for) se sentar à mesa a negociar um novo modelo de avaliação e legislação adjacente (acabando com a divisão titulares e não-titulares), que seja justo, exequível e sobretudo útil e não apenas um truque para impedir os professores de chegarem a um vencimento decente mantendo-os nos escalões iniciais durante toda a vida e coartando-lhes o acesso por mérito aos escalões superiores através do cutelo das quotas.
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