segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


A Nova Esquerda
Pedroso e Louçã apresentam «manifesto contra a política light»
Por Manuel A. Magalhães (SOl) 30.11.2008

O deputado socialista e o líder do BE reflectiram em conjunto sobre os caminhos de uma alternativa política, na apresentação do livro A Nova Esquerda, de Celso Cruzeiro. «Um dos mais consistentes manifestos em Portugal contra a política light», chamou-lhe Paulo Pedroso

Perante os «tempos extraordinários» desta crise do capitalismo, a esquerda tem a missão urgente de encontrar uma alternativa de poder, deixando de lado velhos dogmatismos. Esta foi uma das ideias do debate que juntou o deputado socialista Paulo Pedroso, o líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã e o antigo militante do PCP, e actual dirigente do Movimento de Renovação Comunista, Paulo Fidalgo.
À margem do debate, Paulo Pedroso disse ao SOL que nas próximas legislativas, acredita nas virtudes «um governo forte, com uma nova maioria absoluta». Mas, se essa maioria não for possível «deve haver uma convergência à esquerda». De toda a esquerda? Não. Para haver convergência, tem de haver uma «responsabilidade em questões chave», como a participação de Portugal na NATO, no euro e no «aprofundamento da União Europeia».
A oportunidade do encontro foi criada pela apresentação do livro A Nova Esquerda, uma reflexão do advogado Celso Cruzeiro, ex-líder estudantil na crise académica de 1969, sobre «as raizes teóricas e horizonte político» das forças progressistas. Uma «viagem pelo interior do marxismo», chamou-lhe o autor, na sessão que ontem ao final da tarde decorreu, perante uma centena de pessoas na Biblioteca do Museu República e Resistência, em Lisboa.
Paulo Pedroso disse que o livro «implica o desafio à Esquerda para que não desista de procurar o poder», o que será possível encontrando «um bloco de transformação». O deputado socialista caracterizou a obra ecrita pelo advogado que o defendeu no processo Casa Pia como «um dos mais consistentes manifestos publicados recentemente em Portugal contra a política light».
Francisco Louçã realçouo momento histórico em que o livro é editado. «Estamos na economia do pânico», disse, referindo que a «a primeira recessão generalizada do século XXI» coloca em xeque a política que em
Portugal conduziu ao Código do Trabalho e à liberalização. «É preciso tomar posição», defendeu.
Louçã contra a 'máfia financeira'
«O que sabemos hoje sobre o capitalismo real vai muito para além da ficção» , disse mais à frente, no debate, o líder do BE. Referindo as ilegalidades em investigação no Banco Português de Negócios, afirmou que «o capitalismo é dirigido por uma máfia financeira».
«Dias Loureiro pode ir à televisão com aquele ar cândido» e no final «é tudo boa gente», ironizou Louçã, concluindo com a ideia que existe em Portugal «um fracasso histórico da elite dominante».
A exigência de um entendimento à esquerda levou o renovador comunista Paulo Fidalgo a lembrar que «existem exemplos nas últimas décadas de como podem convergir movimentos sociais».
Denunciando a sua postura pragmática, o ex-militante do PCP que apoiou o BE em eleições recentes, revelou uma conversa de bastidores: «ainda há bocado estivemos a a falar em surdina com o Louçã sobre o que se vai passar nas próximas legislativas».
Francisco Louçã disse que o caminho para a alternativa passa por encontrar uma base «em nome de políticas maioritárias» na área da esquerda, «como o pleno emprego», que permitam acabar de vez «com o rame-rame desta vida triste à espera do próximo escândalo financeiro».
No final da sessão, o autor, Celso Cruzeiro, deixou um desejo. «O meu voto é que esta discussão sobre a esquerda não acabe neste debate».
O ensaio A Nova Esquerda, de Celso Cruzeiro, é co-editado pela Campo das Letras e Âncora Editora. Estará à venda na próxima sexta-feira.

2 comentários:

Anónimo disse...

O Celso Cruzeiro é o advogado do Pedroso ou é outro Celso Cruzeiro? Obrigado pela atenção. A. Silva, Elvas

Anónimo disse...

Que eu saiba, é o mesmo advogado.