
(Jornal de Matosinhos) Em linha (Esta Semana)
Um Século depois de ter sido mandado construir pelo empresário Emílio Ló Ferreira, o Visconde de Trovões, e depois de um período de "longa agonia" que culminou no seu encerramento nos anos 80, a única sala de espectáculos que Matosinhos conheceu durante mais de sete décadas, voltou a abrir, no passado sábado, com uma cerimónia de inauguração.

A propósito das tais recordações antigas, o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, que - devido a motivos profissionais, não marcou presença na cerimónia protocolar, chegando, depois, para descerrar a placa comemorativa da inauguração - viveu no Porto e frequentou Matosinhos durante grande parte da sua infância/adolescência, lembrou as vezes que viu o irmão, agora médico/pediatra, tocar guitarra portuguesa no Constantino Nery."Este teatro era completamente diferente. Era uma construção de época. Hoje é arquitectonicamente rasgado e acolhedor.
Tem soluções extraordinárias", disse, ao JM, José António Pinto, dando como exemplo a "funcionalidade" da actual réggie, planeada para poder servir dois espaços - sala principal e café-concerto - ou para, caso seja necessário, aumentar a capacidade do auditório.
A aquisição do Cine-Teatro da Avenida Serpa Pinto pela autarquia de Matosinhos, por 360 mil euros, remonta à segunda metade da década de 90, altura em que Narciso Miranda era ainda presidente da Câmara. E foi para o ex-autarca um dos aplausos da noite. Em clima de festa, o actual presidente da autarquia, depois de lembrar Manuel Dias da Fonseca, Alfredo Barros, Manuel Dias da Fonseca (Sobrinho) e Fernando Rocha - antigos e actual vereador da Cultura da Câmara Municipal - como principais mentores da "nova onda cultural" de Matosinhos, recordou Narciso Miranda, pediu um aplauso e a sala cheia correspondeu: "Hoje é devido um aplauso sincero para quem decidiu que era aqui que as artes performativas iam voltar a ter voz em Matosinhos", disse.
A cerimónia de inauguração decorria já no interior do teatro remodelado, perante uma sala repleta, desenhada por Alexandre Alves Costa, autor do projecto do novo Constantino Nery que conta com um auditório principal com capacidade para 250 pessoas, pronto para acolher representações teatrais, concertos de música, e projecções de filmes, uma sala de ensaios, e um café-concerto.
Ainda as recordações antigas... "Dedico esta inauguração, ao grande responsável pelas belas artes no nosso país, o homem que criou o ensino técnico e que foi primeiro-ministro de Portugal - Passos Manuel foi um dos maiores matosinhenses de todos os tempos", disse o líder da municipalidade, concluindo o período de dedicatórias, lembrando outros ex-governantes e ex-autarcas presentes na cerimónia: Isabel Pires de Lima, antiga ministra da Cultura, e Mário Maia, antecessor de Narciso Miranda.
Luísa Pinto, directora artística do Constantino Nery admitiu que sente "o peso da responsabilidade", enquanto directora, confessando estar "feliz por ver a cidade em movimento. Espero não defraudar os meus conterrâneos, os matosinhenses. Este é o primeiro dia do resto deste projecto. Vamos manter a lucidez e os pés bem assentes no chão. Acredito que o primeiro mês até possa ser de curiosidade. Vamos testando os públicos ao longo do tempo", rematou.
Após a cerimónia de inauguração, os primeiros artistas a pisar o palco do novo Cine-Teatro foram os membros da Orquestra de Jazz de Matosinhos, num concerto que contou com a participação de Chris Cheek, Mark Turner e Joshua Redman, saxofonistas conceituados do universo do jazz norte-americano.
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