
(JN) 8.12. 2008 JOÃO PAULO MADEIRA
A queda do preço do petróleo, desde Julho, está a beneficiar a balança comercial do país. Portugal está agora a gastar menos 15 milhões de euros por dia do que há cinco meses com a importação de crude.
A semana passada terminou com o petróleo a negociar abaixo dos 40 dólares no mercado londrino, o que já não acontecia há quatro anos. A redução do preço do Brent, referência para as importações nacionais, tem reflexo na balança comercial portuguesa.
Portugal importa cerca de 300 mil barris de petróleo por dia. Em Julho, quando o preço médio do barril de Brent atingiu, em euros, 84,45 euros, segundo a DirecçãoGeral de Energia e Geologia, Portugal gastava, por dia, 25 milhões de euros com a importação de crude. Com o barril a 32 euros (40 dólares, com o câmbio actual), a factura fica perto dos dez milhões de euros.
A queda do preço do petróleo também gera perdas, no lado das exportações, uma vez que a saída de produtos refinados do país, via Galp, também perde valor com a depreciação dos produtos petrolíferos. Contudo, a elevada dependência externa no crude tem mais peso na balança comercial.
"Para o país[a descida do preço do petróleo], é muito positiva porque a factura do crude desceu uns milhões larguíssimos. Importamos cerca de um milhão de toneladas/mês. Com a diferença de preços, é muito dinheiro", nota José Horta, secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO).
Embora sublinhe o impacto negativo que a descida de preços tem na exportação de produtos petrolíferos por parte da Galp, dado tratar-se de "um grande operador, que exporta quase um milhão de toneladas de gasolina", José Horta considera que, para as companhias não refinadoras, a baixa de preços é benéfica, já que pode haver um "pequeno alegrete" no consumo. "O consumo está de tal modo deteriorado, com a gasolina a descer entre 7% e 8% e o gasóleo entre 2% e 3%, que a baixa de preços só pode ter a consequência de animar um pouco o mercado", acrescenta.
Para as empresas que operam no mercado global de refinação e distribuição, a margem de refinação sob grande pressão não perspectiva um futuro risonho, a curto prazo. Para já, a queda do petróleo nos mercados internacionais ainda está a ser obsorvida pela indústria. Os preços finais dos combustíveis ainda não reflectiram totalmente a descida, algo que as empresas petrolíferas justificam com o facto os preços serem estabelecidos com base nas cotações internacionais dos produtos refinados e não no preço do crude.
Desde o pico de 147 dólares de Julho, o petróleo já desceu cerca de 70%. O preço da gasolina sem chumbo 95 e do gasóleo, nas estações de serviço, desceu cerca de 22%. Atestar um depósito de 50 litros fica 18 euros mais barato, na gasolina, e 17 euros no gasóleo.
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