domingo, 2 de agosto de 2009

Mais um exercício de reflexão...(PB)
Por um pratinho de lentilhas
(DN) 2.8.09 Pedro Marques Lopes

Como seria de prever, o programa do Partido Socialista não é mais que a versão revista e aumentada do que foi a governação dos últimos quatro anos. É também, e sobretudo, o espelho do que tem sido o paradigma da condução política do país de há muito tempo a esta parte: mais e mais Estado.
O Estado vai ajudar as empresas, o Estado vai apostar nas energias alternativas, o Estado vai interferir na educação, o Estado vai fazer mais hospitais, o Estado vai dar empregos, o Estado vai promover a igualdade e tudo o mais que houver para fazer. O omnipresente, omnisciente e bondoso Estado vai fazer com que sejamos todos mais felizes, quer queiramos ou não.
Parece que ninguém está lembrado de que este tem sido o modelo de sempre e que tem dado os resultados que estão à vista de todos: um país pouco desenvolvido, inculto, abúlico, dependente, pouco livre, pobre, sem perspectivas e sem confiança nos seus cidadãos.
Mas deste programa, que tem como objectivo pôr o Estado a apanhar migalhas para distribuir migalhinhas, sobressai uma medida que é verdadeiramente exemplar duma visão paternalista e de desconfiança nos portugueses: os 200 euros que vão ser dados a cada português que nasça.
Esta esmola que, segundo os socialistas, visa apoiar o futuro dos mais jovens - não cometo a desonestidade de lhe chamar medida de apoio à natalidade porque de facto não o é e ninguém, em abono da verdade, no Partido Socialista lhe chamou isso - define, de forma transparente, uma certa visão da comunidade e dos valores que norteiam o relacionamento entre o Estado e as pessoas.
O Estado dá 200 euros ao recém-nascido, põe o dinheiro numa conta e diz aos pais: "O dinheiro está aqui mas vocês não lhe podem tocar." Ou seja, diz-se às famílias que não acreditam na capacidade de serem elas a providenciar um futuro para os filhos. O Estado, esse sim, sabe como se gerem poupanças, se o dinheiro deve estar no banco X ou Y. Ao pai ou à mãe é retirado o direito de comprar fraldas ou outra coisa qualquer com aquela fortuna.
Esta fórmula demonstra um desprezo absoluto pelo direito fundamental de cada pai educar e formar os seus próprios filhos. Em parte, o Partido Socialista pretende comprar um valor inalienável por 200 euros.
Só num país miserável e convencido da magnificência estatal esta proposta não revolta a população.
Não estão em causa os 200 euros nem as possíveis boas intenções. Fossem 200 mil e a questão seria a mesma: valores básicos e fundadores da nossa civilização.
E não vale a pena falar de medidas parecidas com esta, em vigor na Espanha e em Inglaterra, por exemplo. Não será por estes estarem dispostos a transferir os poderes de saber o que é melhor para os seus filhos para o Estado que nós devemos fazer o mesmo.
O Estado quer dar-nos um bocadinho do muito que nos tira? Muito bem. Mas, pelo menos, não nos diga se o devemos gastar em biberões ou rebuçados.
Será que já não chega obrigar-nos a não poder decidir a saúde ou a educação que queremos para os nossos filhos? Será que já não chega não podermos decidir quem deve ou não trabalhar nas nossas empresas? Será que não chega termos de pagar por serviços que, de facto, não nos são prestados? Será que não chega ser o Estado a decidir se uma empresa pode ser comprada ou vendida?
E, no entretanto, o Partido Social-Democrata, que devia estar a lutar por mudar este estado de coisas vai, pela voz da sua líder, dizendo que o Estado deve continuar a participar em grandes empresas e a deter golden shares, a afirmar que a carga fiscal não pode ser diminuída, a falar de iates e a dizer que o Estado deve moderar os seus gastos sem dizer onde.
De facto não é preciso programa. Basta copiar o do Partido Socialista.
Pelos vistos , este país continua a prestar tributo a Lenine quando este dizia que a liberdade é uma coisa tão preciosa que deve ser racionada.

1 comentário:

AM disse...

O amigo Pedro baptista publica aqui esta opinião, dum tal Pedro Marques Lopes (que nem imagino quem seja) e limita-se a antepor "Mais um exercício de reflexão...(PB).

O amigo PB não tenta condicionar :) a nossa reflexão, deitando qualquer luz sobre o que eventualmente pense acerca do que o tal PML escreveu, mas, o simples facto de ter publicado isto, já será luz suficiente (?)

Caro Pedro (B)

Como saba sou insuspeito de admirar Sócrates ou a pandilha que o rodeia e nem por isso tenho ainda uma opinião muito formada sobre a medida dos 200€ por Bébé, à qual este outro Pedro (ML) se amofina.

O que não tenho qualquer dúvida é que este texto é de uma tal pobreza intelectual, se bem que usando e abusando de desonestindade (também intelectual) que muito me surpreende que o Pedro (B) tenha achado por bem publicá-lo.

A não ser que, a tal reflexão que lhe parece que o texto possa suscitar, tenha a ver com a imprescindível urgência de discutir e assentar de uma vez o que é o ESTADO, o que deve ser o ESTADO, o que queremos, enquanto NAÇÃO que seja o ESTADO.

Porque verdade verdadinha enquanto o ESTADO for uma coisa para uns outra coisa para outros nunca esta país vai sair do impasse e vamos continuar a ser obrigados a ler as idiotices que um qualquer imbecil se lembre de escrever (refiro-me aqui a este PML que nem imagino quem seja)e que infelizmente quer o DN quer até o PB se deem ao trabalho de publicar.

Como diriam os ingleses (que apesar do império e da familia real, sabem bem o que é o ESTADO), "disgusting".

António Moreira

(Por coincidência, ou não, as letras que calharam para a verificação de palavras "palisse"