Uma orgia de outdoors
(JN) 31.8.09 É verdade que a democracia tem custos. Mas não é menos que o país vive uma crise sem precedentes. Temos 500 mil desempregados e mais de dois milhões de pobres. Seria de esperar que, apesar da multiplicação de actos eleitorais, a classe política fosse capaz de conter-se, mais que não fosse por respeito a quem tanto vai sofrendo. Aconteceu o contrário. O custo das campanhas eleitorais passa de 76 milhões (2005) para 91 milhões de euros (2009). Um aumento à conta das campanhas autárquicas. Nestas, o bolo total sobe de 62 para 77 milhões. Para além do insulto, um número que constitui uma pista sobre o muito que se joga por esse país fora. A manutenção e conquista de pequenos poderes é apetitosa. Há empregos para distribuir, obras sem concurso para entregar, uma imensa clientela partidária que é preciso alimentar. Basta ver a quantidade de outdoors que inundou as ruas dos nossos concelhos para perceber a orgia financeira em que se transformaram as eleições autárquicas. Sendo que, às verbas contabilizadas como campanha, há que somar os milhões que estão a ser gastos por quem está no poder para promover o seu mandato. Pode não haver dinheiro para recuperar uma escola, asfaltar uma rua, construir um jardim. Mas haverá sempre alguma coisa para marketing e comunicação. Ou seja, para mais um outdoor.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
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1 comentário:
A vida está difícil cá fora nas ruas onde pulsa o país; por isso não é de estranhar a desenfreada luta por um cantinho à sombra da misericordiosa coutada do estado, oásis num deserto que campeia e ameaça tomar conta de tudo. Portugal é hoje uma terra de instruidos que não sabem fazer nada.
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