quinta-feira, 13 de novembro de 2008


Crise na Educação agrava conflito Sócrates-Alegre


(DN) 13.11.200JOÃO PEDRO HENRIQUES

José Sócrates foi ontem a Ponte de Lima inaugurar dois centros escolares e distribuir 260 computadores 'Magalhães'. À margem, mostrou que as constantes críticas de Manuel Alegre à governação começam a exasperá-lo Líder do PS revela sinais de agastamento A menos de um ano de eleições legislativas, vai-se agravando o fosso entre a direcção do PS e Manuel Alegre.


A crise no sector da Educação serviu de pretexto nos dois últimos dias para nova troca de acusações.


Na terça-feira, Manuel Alegre criticou a ministra da Educação, Maria de Lourdes Rodrigues, a propósito do processo de avaliação dos professores, dizendo que já perdeu a paciência para lógicas do "quero, posso e mando". "Com a idade que tenho e com os combates que travei, não tenho mais paciência para suportar o quero, posso e mando, a ideia que se pode ter toda a razão contra tudo e contra todos. Isto não é suportável, não é suportável por parte de um Governo apoiado pelo PS, que tem uma tradição e uma cultura democrática; e não é suportável por aqueles que prezam sobretudo a democracia.


"A direccção do PS reagiu, num primeiro momento, através de Augusto Santos Silva: "O mesmo teste da cultura democrática e do diálogo social [que defende Alegre] deveria ser aplicado às direcções dos sindicatos dos professores.


"Mas ontem foi o próprio José Sócrates quem não conseguiu esconder a sua irritação com o vice-presidente do Parlamento: "Manuel Alegre está sempre disponível para dar razão a toda a gente menos ao Governo e ao PS", desabafou. "Mas isso é com Manuel Alegre, que tem direito à sua opinião. "Pela primeira vez, Sócrates fugiu ao argumento de que Alegre é o melhor exemplo do pluralismo interno no PS, dando sinais de agastamento com as suas críticas.


Horas depois, ouvido pelo DN, Alegre respondeu: "Gostaria que me dessem razões para não ter razões de críticas", disse.


Na guerra professores-Governo, o primeiro-ministro garantiu que a avaliação dos docentes irá continuar de acordo com o que foi definido com os sindicatos, classificando este processo de "absolutamente fundamental" para a melhoria do sistema educativo. "Vamos cumprir o acordo estabelecido com os sindicatos e aplicar a avaliação dos professores", afirmou Sócrates, recusando as críticas de arrogância, inflexibilidade e de falta de diálogo.


José Sócrates insistiu, numa visita a Ponte de Lima onde foi recebido em protesto por professores vestindo de negro, que depois da manifestação de professores em Março "dialogou com os sindicatos e chegou a acordo", tendo sido assinado um memorando de entendimento. Acrescentou: "Não é pedir de mais à outra parte que cumpra o que assinou. Se há inflexibilidade de alguém é dos sindicatos, que estão a pedir ao Governo que desista de governar e de ter o seu ponto de vista".


Na visita, o primeiro-ministrou ouviu apupos de algumas crianças. A outras distribuiu autógrafos. Inaugurou dois centros escolares e distribuiu 260 Magalhães.

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