domingo, 2 de novembro de 2008

Guimarães está a enviar doentes para laboratórios privados por falta de pessoal
Encher os privados, o erário público paga e a dobrar... É o que está a dar... O que é preciso é reduzir ao pessoal... Ou de como a saúde pública se tornou o melhor investimento do Capital. Melhor só mesmo um banco. Num caso ou noutro as garantias são totais...

(Público) 02.11.2008, Samuel Silva
Saída de duas clínicas levou a centenas de altas médicas em poucas semanas. Hospital diz que os doentes são acompanhados nos centros de saúde
A falta de pessoal médico está a levar o Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães, a dar alta a doentes que eram acompanhados habitualmente pelo serviço de sangue. Os pacientes têm sido, nos últimos meses, encaminhados para os médicos de família e vêem-se obrigados a recorrer a laboratórios privados para continuarem a fazer o controlo sanguíneo associado a doenças cardíacas. A saída de duas médicas do serviço foi a causa desta decisão do hospital, mas o director clínico confirma que os problemas iriam surgir mais cedo ou mais tarde, dado o excesso de procura que a Imuno-hemoterapia tem tido. O Serviço de Imuno-hemoterapia é responsável pelo acompanhamento de doentes hipocoagulados, com patologias associadas a problemas cardíacos. A situação obriga a análises clínicas periódicas, uma vez que os pacientes têm que manter os níveis de coagulação do sangue dentro de determinados padrões, para evitar acidentes vasculares.O hospital de Guimarães acompanhava cerca de 500 doentes, mas, desde o Verão, várias centenas de pessoas têm recebido alta hospitalar, com a indicação de que devem continuar a fazer o acompanhamento periódico junto dos médicos de família. Como os centros de saúde não estão preparados para a recolha a análise clínica do sangue, os pacientes vêem-se obrigados a recorrer aos laboratórios privados para fazer este controlo.Dias Santos, director clínico do hospital de Guimarães, confirma a diminuição do quadro do pessoal. Desde então, o serviço de sangue tem "tentado fazer a substituição", mas há "falta de médicos da especialidade no país", afirma, pelo que a situação deve manter-se inalterada.Os laboratórios de Guimarães têm recebido um fluxo anormal de doentes e alguns dizem mesmo que estão sem capacidade de acolher mais doentes hipocoagulados. Alguns clínicos contactados pelo PÚBLICO afirmam que há um perigo associado a esta falta de acompanhamento, uma vez que os doentes andam numa espécie de "terra de ninguém".O hospital de Guimarães recusa as críticas e afirma que os doentes que receberam alta são aqueles cuja situação já está estabilizada, correndo por isso menos riscos. "Têm sido seleccionados doentes fáceis. A segurança dos pacientes é total", afiança Dias Santos. O director clínico acrescenta que os centros de saúde "têm via verde para o hospital sempre que uma situação clínica se degradar".O coordenador da Sub-Região de Saúde de Braga, Carlos Moreira, tem recebido queixas de doentes e clínicos, mas não quis comentar a questão. Vinca que o acompanhamento deste tipo de situações "é uma competência hospitalar, que não depende da sub--região", pelo que os esclarecimen tos podem apenas ser dados pelo hospital de Guimarães. O Ministério da Saúde também declinou o convite para se pronunciar sobre o caso, endossando as explicações para a administração da unidade hospitalar.

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