segunda-feira, 28 de abril de 2008

Alegre emocionado no regresso à Voz da Liberdade na Argélia




Ainda o perfume dos cravos...


LUSA (Diário de Notícias) 29.04.2008
O vice-presidente da Assembleia da República Manuel Alegre revisitou ontem, emocionado, as instalações de onde emitia a "Voz da Liberdade", durante o período em que esteve exilado na Argélia, antes do 25 de Abril de 1974. Manuel Alegre frisou ter trabalhado dez anos na rádio Argel "de forma absolutamente livre" e sublinhou que "não podemos separar a história da revolução portuguesa do papel desempenhado pela Argélia, que ajudou Portugal a instaurar a democracia, sem pedir nada em troca". No âmbito de uma visita oficial de três dias à Argélia, Manuel Alegre esteve nas instalações de onde transmitia a "Voz da Liberdade", declarando-se emocionado por voltar ao lugar onde afirmou ter trabalhado "com toda a liberdade", sem qualquer interferência das autoridades argelinas. "Não podemos separar a história da revolução portuguesa do papel desempenhado pela Argélia, que ajudou Portugal a instaurar a democracia e ajudou outros movimentos de libertação, sem pedir nada em troca, apenas com solidariedade para aqueles que se batiam pela liberdade", afirmou. Manuel Alegre frisou que "jamais houve da parte dos argelinos qualquer ingerência ou tentativa de orientar ou controlar as emissões", destacou, adiantando que os portugueses têm "uma dívida para com a Argélia e para com a rádio Argel". As emissões, que se faziam três vezes por semana e eram dirigidas a Portugal e às colónias africanas, foram compiladas num CD que foi oferecido a Alegre pelo director-geral da rádio, Azzedine Medjoubou, uma oferta que o vice-presidente do parlamento português considerou "preciosa". Manuel Alegre afirmou que Portugal e a Argélia podem desempenhar um papel essencial na aproximação dos povos a sul e a norte do Mediterrâneo, mantendo-o como uma "encruzilhada de contacto entre civilizações, como sempre foi". Ontem de manhã, num encontro com o chefe do governo argelino, Abdelaziz Belkhadem, Manuel Alegre reiterou o papel desempenhado pela Argélia na resistência portuguesa à ditadura e o carácter histórico das relações "indeléveis" entre os dois países, que considerou necessário reforçar. Esta não foi a primeira vez que Manuel Alegre regressa à Argélia, que já visitou nos anos 1990 com o então secretário-geral do Partido Socialista António Guterres. Foi esta deslocação à Argélia que o impediu de participar nas comemorações de 25 de Abril.

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