domingo, 27 de abril de 2008

Estudo: jovens votam menos e valorizam referendo


Um estudo de que se podem fazer leituras tão díspares e contraditórias que, sem se poder dizer que seja inútil, terá menos valia do que a propalada para retirar conclusões.

1ª - Há algum debate em Portugal sobre a proficuidade dos referendos entre nós, depois de três referendos sucessivos inválidos? Ou seja iniciativas rejeitadas pelo eleitorado. Não há! E por uma razão simples: o referendo de bloqueio à regionalização, que a impedirá sempre de se insituir em concreto, pois, como todos os refrendos entre nós, também esse, nunca será válido e, portanto, nunca permitirá o cumprimento da Consituição. Embora tivesse sido "metido" na Constituição!

2º - Há um "falhanço" do Ministério da Educação e dos governos em geral nestes 30 anos que levaram ao branqueamento do fascismo salazarista com cujo derrube toda a direita ainda hoje não convive, como se viu nos últimos dias; seria uma vergonha de incompetência se todos não percebêssemos que a hist´0oria do "falhanço" é outra, é a história duma promiscuidade e duma cumplicidade.

3º - A identidade esquerda-direita resulta, por um lado, da mistificação levada a cabo pela politologia institucional dominante, instalada nos institutos universitários e nos media, por outro de, toda a direita e alguma pretensa esquerda perceberem que a melhor forma de arrancar os direitos aos trabalhadores e fazer recuar a sociedade para os parâmetros anteriores ao 25 de Abril, ou mesmo para os oitocentistas, é arranjar um governo dito de "esquerda" para fazer toda a política que a direita não conseguiria fazer com o seu discurso sem enfrentar uma revolução. Por um outro lado, com a palhaçada do marketing político eleitoral na fase de degradação a que chegou, com esquerda e direita a tentar vender o Pepsodente da taxa arreganhada ao centro eleitoral, como não hão-de os jovens, e toda a gente, pensar o que pensam? Mas o eleiçoarismo vergonhoso em que vivemos ( e não é só cá) é um instrumento do carreirismo político. Fazer política de cidadania, por causas e convicções de esquerda é inteiramente o contrário. Esta demarcação, senão esta cisão, será inevitável a curto prazo em toda aq esquerda socialista e social-democrata europeia onde ainda não se realizou.

4º - Mas, independentemente do dito nos pontos anteriores, tanto em relação às traição dos governos ao 25 de Abril, co0mo em relação a mistificação da identidade esuerda-direita, a tentação da juventude para a direita é tão preocupante, quanto se sabe que tal fenómeno ocorreu antes de todos os golpes da dreita que implicaram sempre violência sistemática, arranque das liberdades fundamentais, ditadura e retrocesso de todos os itens civilizacionais. Ver 1924, 25, 26, não faltavam republicanos, fossem parlamentares, publicistas ou filósofos, a levantarem a questão do falhanço-traição da educação pública, mormente das universidades... E claro, não havia TV, nem os media tinham a força que têm. Digam-me: há alguma resista de esquerda neste nosso tão malfadado como querido Portugal? E vejam se tal deserto ocorre em algum país da Europa ou da América Latina que seja!

5º - Quanto aos uninominais é só perguntar: outra vez? Quantas vezes a A.R., ou seja a maioria PSD-PS já não brincou com os portugueses nessa matéria, chumbando alegremente os projectos um do outro, para que tudo ficasse na mesma? Por outro lado, já fomos mais a favor dos uninominais. Do ponto de vista da democracia aprofundada tem vantagens e desvantagens. Se corre com uma série de zeros que pululam na A.R.,a envergonhando e envergonhando o país, se obriga a que o eleito responda perante o eleitor com cara e nome, se permite que sejam as pessoas mais comprometidas com causa pública e por isso com mais visibilidade a serem eleitas, por outro lado, também permite melhor do que em qualquer outro sistema, que sejam os caciques locais, em particular os ricos, a criarem os seus sindicatos de votos dirigidos pelos famosíssimos "cabos". Não são cabos de guerra, nem cabos de vassoura, mas são os cabos de voto, com grande tradição no Século XIX e ainda na I República. Um debate para se fazer, mas alguém o tem feito com os dados concretos para lá de proclamações mais ou menos estriónicas de venda de novos placebos?

(JN) 27.04.2008
Os jovens tendem a alinhar-se ideologicamente mais à Direita que a generalidade da população, são os maiores apoiantes do referendo, votam com menos regularidade e tendem a ver outras formas de participação política como "mais eficazes" que o voto. Estas são algumas das conclusões do estudo sobre "Os jovens e a política" realizado pela Universidade Católica e a que Cavaco Silva aludiu, anteontem, durante as comemorações do 25 de Abril.Disponível no sítio da Presidência da República, o estudo revela que apenas 8,8% dos inquiridos se interessa muito pela política. Com uma nuance por sexos, é superior o número de homens que responde ter "muito" ou "bastante" interesse. Do total de entrevistados, 61% mostra-se favorável a uma alteração do sistema eleitoral que permita votar mais pelos candidatos e menos pelos partidos.O desconhecimento revelado em relação à vida política e que preocupa Cavaco Silva não é exclusivo dos jovens. Na faixa dos 30 aos 64 anos (a maior parte da população activa), apenas 32,6% dos inquiridos acerta no número de Estados membros da União Europeia, contra 48,5% que não acertam e 18,6% que não sabem ou não respondem. Outro dado que causa surpresa acima dos 65 anos, 39,9% não acertam em quem foi o primeiro presidente da República eleito após o 25 de Abril, a que se juntam mais 26,4% que assumem não saber. Elaborado com base numa amostra de 1949 entrevistas válidas, o estudo conclui que, apesar da tendência de identificação com a Direita, os jovens mostram maior "desalinhamento partidário". Tal como desconfiam da "utilidade" das categorias Esquerda e Direita.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os jovens acreditam na democracia. Foi a conclusão do debate do Parlamento Jovem, secundário, cujo tema era a República, mas não encontram no actual sistema político abertura para participar e serem ouvidos. Criticam as juventudes partidárias que definem como fechadas, seguidistas e manipoladoras, por se terem tornado em agências de empregos.
Julieta Sampaio