Paulo , Ferreira, Subdirector (JN) 19.04.2008
Luís Filipe Menezes tinha prometido ao país que só deixaria a liderança do PSD "à bomba". Afinal, bastou uma entrevista de um ex-ministro que o país mal conhece para acabar com a paciência de Menezes. Uma desilusão? Não, apenas o expectável. Aposto singelo contra dobrado em como Menezes será candidato - depois, claro, de ficar provado que as "bases" o desejam arduamente. Os primeiros sinais foram dados pelos seus mais directos colaboradores, na noite da demissão. Em bom rigor, tratou-se de um exercício de mera gestão política. Menezes pode ter muitos defeitos, mas não é homem para entregar o poder de mão beijada. Sobretudo a quem, muitas vezes com razão e outras tantas sem razão, lhe infernizou a vida. Menezes andou anos a fio a preparar o caminho para a liderança. Fez disso quase um desígnio de vida. Menezes fez todo o "circuito da carne assada" para conquistar as famosas "bases". Menezes construiu em Gaia uma obra que o alcandorou ao estatuto de bom autarca. Menezes soube com paciência descolar do epíteto de "líder regional" que muitos lhe quiseram interessadamente impor. Menezes montou laboriosamente uma "entourage" à sua imagem. Que, obviamente, não estará agora interessada em largar o Poder, quando confrontada com a primeira dificuldade séria. Tudo somado, faz algum sentido que Menezes abdique agora de tudo e resolva voltar pacificamente para Vila Nova de Gaia? Não faz sentido nenhum. Menezes percebeu - e bem - que não tinha outra saída que não passasse por chamar os críticos a jogo. Corre riscos com isso? Corre. Sucede que os "riscos" são muito maiores para os seus verdadeiros contendores. Para Manuela Ferreira Leite, para Marcelo e para Rui Rio (os nomes mais sonantes de que se fala), uma derrota na disputa com Menezes pode ferir-lhes de morte objectivos futuros. Passos Coelho e Aguiar Branco não contam, com o devido respeito, para este "totobola". O primeiro sinal do incómodo que a estratégia de Menezes está a provocar nos "bombistas" relaciona-se com a data das "directas". Argumento pífio. Quem andou tanto tempo a massacrar o líder não se preparou para o combater e derrubar, quando chegasse o tempo da peleja final?
Sem comentários:
Enviar um comentário