Dentro em pouco, o Porto, como qualquer aldeola, poderá deixar de ter cinema alternativo, por inépcia da Câmara que se recusa a perceber que tem a ver com o assunto. A Câmara é que autoriza ou não as mudanças de ramo. E se isso de "cinema alternativo" é muito nebuloso para Rui Rio e para o seu vereador da cultura ( há? quem é?), mesmo em relação ao mais comercial-xunga o Porto poderá ficar apenas com as salas junto ao Dragão, uma vez que todas as da Baixa feneceram com as grandes políticas de revitalização desta coligação de direita no poder camarário. Olhem o que seria se não fosse a centralidade do Dragão que, por sua vez, nunca existiria se Rui Rio estivesse à frente da cidade há mais tempo!
A verdade é que, se acabarem as 4 salas da Medeia na Boavista como abaixo é noticiado pelo JN, onde os portuenses podem ver cinema de qualidade, na maioria de origem europeia, o Porto que ainda há pouco era um centro de cultura mundialmente conhecido e pólo de atracção do turismo cultural, poderá passar para o nível das cidades mais desertificadas culturalmente, feitas as contas, ao nível do terceiro-mundo.
É claro que o cinema alternativo, como toda a cultura, ao contrário dos espectáculos meramente comerciais como os do La Féria que deviam pagar e bem pago a utilização dos espaços públicos que têm praticamente de borla, tem de ser apoiado pelas instâncias estatais centrais, regionais (se as houvesse) e municipais, caso contrário não consegue sustentar-se, nem no Porto, nem em Paris, nem em parte nenhuma, toda a gente sabe porquê!
Esperemos que o PS e os outros partidos da Oposição levantem a questão na Câmara e Assembleia Municiapal e a forcem a proibir a injustificada mudança de ramo que afastará, aliás, do centro comercial uma boa parte de clientes que lá vão fazer o circuito cinema-livraria- restaurante.
Esperemos também que os outros comerciantes do centro percebam o que está em jogo e se mexem, senão será mais um Centro a afundar-se nas ruas da amargura.
Carla Soares (JN) 21.04.2008
Salas de cinema do "shopping" Cidade do Porto, ao Bom Sucesso, poderão fechar muito em breve.
Quem frequenta as salas de cinema do "Cidade do Porto", na Boavista, garante que não encontra outro local com os mesmos filmes alternativos de qualidade. Enquanto os clientes, habituais ou esporádicos, se mostram preocupados perante o pré-anúncio de encerramento, dentro de um mês, os comerciantes apelam a uma renovação do cinema que traga mais gente ao "shopping" ou, então, à sua substituição por uma loja atractiva naquele último piso.Eram vários os filmes à escolha para passar a tarde de domingo. Das quatro salas, a primeira era a mais concorrida, com 19 pessoas na sessão das 14,30 horas. "Nós controlamos a noite", de James Gray, foi a escolha. Um policial, em competição no Festival de Cannes, que "fala" das ruas e da noite de Brooklyn. Na sala 2, estavam 13 pessoas a assistir a "Uma segunda juventude", de Francis Ford Coppola.A escolha de Fernanda Lopes, 50 anos, foi "Corações", do francês Alain Resnais. Foi vê-lo sozinha. O marido e o filho preferiram o policial. São de Santa Maria da Feira e deslocaram-se ao Bom Sucesso por causa dos "filmes alternativos e com qualidade", que "não existem noutros sítios". Além disso, consideram que é mais "sossegado". Opinião semelhante manifestaram António Silva Pereira, de 51 anos, que comprou bilhetes para si, o filho Miguel, de 21, e Joana, de 20. "Corações" chamou-lhes a atenção. São de Castelo de Paiva e começaram há três anos a frequentar, quase todos os fins-de-semana, o "Cidade do Porto". Joana estuda perto, na Faculdade de Letras. E em cartaz estão filmes alternativos "difíceis" de encontrar em outros cinemas, justificaram, sugerindo que reduzir o número de salas poderia ser rentável. Além disso, acrescentou Joana, "é mais calmo, porque não se come nas salas". Face às notícias de fecho, que a Medeia Filmes não comenta, a gerente de uma cafetaria notou "que as condições não são as melhores". "A imagem do cinema devia ser renovada", disse, contando "que a maioria das pessoas já não vem" ao local. Sugere tornar o cinema mais atractivo e comercial ou substituí-lo por uma loja que chame clientela àquele piso.
Salas de cinema do "shopping" Cidade do Porto, ao Bom Sucesso, poderão fechar muito em breve.
Quem frequenta as salas de cinema do "Cidade do Porto", na Boavista, garante que não encontra outro local com os mesmos filmes alternativos de qualidade. Enquanto os clientes, habituais ou esporádicos, se mostram preocupados perante o pré-anúncio de encerramento, dentro de um mês, os comerciantes apelam a uma renovação do cinema que traga mais gente ao "shopping" ou, então, à sua substituição por uma loja atractiva naquele último piso.Eram vários os filmes à escolha para passar a tarde de domingo. Das quatro salas, a primeira era a mais concorrida, com 19 pessoas na sessão das 14,30 horas. "Nós controlamos a noite", de James Gray, foi a escolha. Um policial, em competição no Festival de Cannes, que "fala" das ruas e da noite de Brooklyn. Na sala 2, estavam 13 pessoas a assistir a "Uma segunda juventude", de Francis Ford Coppola.A escolha de Fernanda Lopes, 50 anos, foi "Corações", do francês Alain Resnais. Foi vê-lo sozinha. O marido e o filho preferiram o policial. São de Santa Maria da Feira e deslocaram-se ao Bom Sucesso por causa dos "filmes alternativos e com qualidade", que "não existem noutros sítios". Além disso, consideram que é mais "sossegado". Opinião semelhante manifestaram António Silva Pereira, de 51 anos, que comprou bilhetes para si, o filho Miguel, de 21, e Joana, de 20. "Corações" chamou-lhes a atenção. São de Castelo de Paiva e começaram há três anos a frequentar, quase todos os fins-de-semana, o "Cidade do Porto". Joana estuda perto, na Faculdade de Letras. E em cartaz estão filmes alternativos "difíceis" de encontrar em outros cinemas, justificaram, sugerindo que reduzir o número de salas poderia ser rentável. Além disso, acrescentou Joana, "é mais calmo, porque não se come nas salas". Face às notícias de fecho, que a Medeia Filmes não comenta, a gerente de uma cafetaria notou "que as condições não são as melhores". "A imagem do cinema devia ser renovada", disse, contando "que a maioria das pessoas já não vem" ao local. Sugere tornar o cinema mais atractivo e comercial ou substituí-lo por uma loja que chame clientela àquele piso.
1 comentário:
E o cinema no Cidade do Porto lá acabou por fechar ontem!
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