Bom, vamos lá emagrecer a sério, quem tiver por onde emagrecer. Afinal poupa-se no ginásio (pena o IVA baixo de que pouco se aproveita), reduz-se o risco de obesidade, doenças coronárias, diabetes, cancro, por aí fora. Vamo-nos tornar fulgrais. A velha ideia do Eça sobre a portucalense felicidade: uma azeitona, este céu azul, um sol sempre a brilhar, que mais precisariam os da ponta oeste? N.B.: não esquecer o chapéu. Pior que o sol em brasa será mesmo a economia... Só como nota final: alguém viu a nossa agricultura? Aquela que despudoradamente destruiram nesta última trintena? Aquela que nos iria permitir estar menos dependentes desta flutuações? Aquela que permitiria a subsistência ( ou ajudar à) de tantos milhares de portugueses nas horas dificéis do desemprego ou dos últimos anos? Quando se discutir a culpa, ainda estou curioso de saber qual vai ser o discurso. Como podem lavar as mãos ou assobiar para o lado face às milhares de toneladas de batata de qualidade que os pequenos produtores são forçados a enterrar quando nos oferecem só lixo importado e feito a martelo no lugar do tradicional e são tubérculo? É comam-nas fritas, que não se nota, só nas panças e nas nádegas! Se a obesidade evoluir para o cérebro, ajudar-nos-á a acreditar que não temos condições para produzir cereais, enfim, os cereais devem embirrar connosco ou coisa assim...
(JN) 30.04.2008 A alimentação vai ficar 39% mais cara, na Europa, avisou esta semana a Comissão Europeia. A inflação de preços já acelerou nos dois primeiros meses deste ano e, com base nos contratos de futuros sobre as principais culturas agrícolas, negociados sobretudo na Bolsa de Chicago, Bruxelas prevê que atinjam um pico de 54% na primeira metade deste ano, antes de estabilizarem.
A escalada dos preços dos alimentos a uma escala mundial começou em 2007. Só na segunda metade do ano passado, comparando com a mesma altura do ano anterior, os preços tinham aumentado 40%, em resultado do crescente consumo em mercados emergentes (como a China e a Índia), forte procura de certas culturas para a produção de biocombustíveis (ler ao lado) e fracas campanhas agrícolas em alguns países, bem como a imposição de tarifas aduaneiras por parte de países exportadores. A estas explicações, os especialistas juntam a especulação dos grandes fundos de investimento, que têm aplicado o seu dinheiro na compra de mercadorias agrícolas em grande escala, levando também ao aumento de preço.
Além da Comissão Europeia, outras organizações mundiais têm alertado para o agravamento sucessivo de preços na alimentação e ontem mesmo a ONU criou uma "célula de crise" (ler ao lado). O objectivo é propor soluções para um problema que já levou uma cadeia de supermercados norte-americana a racionar a venda de arroz.
A subida dos preços é uma má notícia para os consumidores, mas boa para quem produz cereais. Em Portugal, "infelizmente, são poucos e cada vez menos os produtores", afirmou João Machado, presidente da Confederação da Agricultura Portuguesa. Portugal sempre foi altamente deficitário no que toca à produção de cereais, mas João Machado diz que o cenário está a piorar, porque o actual Governo deixou de os considerar uma cultura estratégica. Em consequência, não pode receber apoios ao investimento do Quadro de Referência Nacional Estratégico (QREN) por exemplo. "Mais, o ministro tem afirmado publicamente que Portugal não tem condições para produzir cereais e tem incentivado os agricultores a reconverter as explorações para outras culturas", afirmou. É o caso da região de Beja, a mais propícia à produção de cereais e que hoje, assegurou, foi reconvertida para olival. "Isto não é uma indústria que muda a produção numa semana. Reconversões na agricultura demoram dez anos a dar resultado", afirmou.João Machado entende que as políticas "erráticas" de sucessivos governos têm levado ao actual estado de coisas e, perante os aumentos dos cereais, admite que, em breve, os produtores de biocombustíveis deixem de conseguir pagar matéria-prima.
Portugal não corre o risco de ficar sem cereais e sofrer algum tipo de racionamento, acredita o ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime Silva. Em declarações à TSF, ontem, o responsável afirmou "Temos que estar tranquilos porque não vão faltar cereais para consumo". O país, disse, "não está sozinho, está no quadro de um mercado único muito grande, o maior do Mundo, que é a União Europeia". E o espaço comunitário, assegurou, terá este ano, e de novo, "mais produção do que as necessidades de consumo da União Europeia".Mas mesmo estando afastada a possibilidade de racionar o acesso à alimentação, Jaime Silva garantiu que o Governo vai acompanhar a evolução do preço do arroz. "Iremos acompanhar justamente para termos a certeza de que não há aumento especulativo como se pretendeu fazer crer que ia haver no caso do pão", disse, lembrando notícias do início deste ano que admitiam um aumento de 50% no preço do pão.
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