terça-feira, 29 de abril de 2008

Lisboa e o resto do país


Texto de Raúl Brito copiado do "Vímara Peres".

Todos os dias somos bombardeados com notícias sobre grandes investimentos em Lisboa: são 140 milhões de euros para a construção da A16 que integra o IC30, entre Alcabideche(A5) e Ranholas (IC19),iniciando nova circular exterior, e o IC16, entre Lourel e a CREL; são 332 milhões de € para alargamento do IC19 de 2 para 3 vias, até, 2008, conclusão do último lanço da CRIL entre a Buraca e a Pontinha, até 2009 e conclusão do Eixo Norte-Sul até Abril de 2007(?); são 100 milhões de € para a reabilitação da frente do Tejo; são 300 milhões de € para a Estação do Metro de Santa Apolónia; são 500 milhões de € para obras no apeadeiro do Oriente; são 3000 milhões de € para o novo aeroporto de Lisboa; são 300 milhões de € para a nova travessia do Tejo; são 100 milhões de € para novas creches e rede pré-escolar da região de Lisboa;são 120 milhões de € para intervenções em 10 escolas de Lisboa; são 377 milhões de € para o Hospital de todos os Santos, etc, etc. Não contestamos a necessidade destes investimentos, pois sabemos que irão contribuir para a competitividade da cidade metropolitana de Lisboa e concomitantemente para a melhoria do rendimento e da qualidade de vida da população residente.Os investimentos são tantos que a nossa capital já é a cidade europeia com melhor rede de auto-estradas.É um feito sem dúvida mas questiono-me sobre,se não haveria no resto do País outros investimentos mais prioritários. Na verdade,será justo que a capital absorva tanto dinheiro, com prejuízo da coesão nacional? Será razoável e sustentável promover um único pólo de desenvolvimento no País, prejudicando intencionalmente o desenvolvimento de outras zonas de grande dinamismo como é a Região Norte? Claro que não. Mas, não chega,termos a consciência que o actual modelo de desenvolvimento nacional é uma aberração. É preciso combater esta mentalidade napoleónica que povoa o espírito dos nossos políticos e consciencializar o resto do País que não tem que ser obrigatoriamente assim.Há outras alternativas.Há um outro modelo de desenvolvimento onde todos têm a oportunidade e o direito de participar de perto no construção do seu País.Esse modelo é a Regionalização.Devolve a cada uma das regiões a possibilidade de decidir sobre o melhor caminho e entrega ao Estado as funções de soberania. Por alguma razão os nossos constituintes o consagraram na Constituição da República. Por razões bem diversas os directórios das actuais direcções partidárias tudo fazem para não cumprir este preceito constitucional.Até agora o centralismo tem vencido com os resultados que todos conhecemos: somos um dos países mais atrasados da Europa dos 27 e internamente apresentamos desigualdades gritantes entre regiões e no rendimento das pessoas. A força dos interesses do Terreiro Paço têm conseguido abafar as vozes contestatárias mas a falência do modelo actual e a consciencialização dos cidadãos permite pensar que é chegado o momento de se dar voz e expressão às regiões como forma de Portugal encontrar uma saída para a crise económico-social e moral em que estamos presentemente.

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