Aqui era bem preciso uma política tipo ASAE, com a mesma firmeza mas um pouco mais de inteligência e com um GPS para indicar a dimensão do país fora do umbigo central. Ou que tivesse tanta preocupação em defender os trabalhadores da tuberculose, como tem em proteger as "marcas" da contrafacção. A não ser que haja a preocupação também em proteger a "malta do granito" sempre atenta às obras públicas.
Mas o Dr. Freire Soares, do centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, sublinha que Paredes e Penafiel são os grandes centros de tuberculose, o que se chamava, há 100 anos, a doença dos pobres, no distrito com mais tuberculose do país. No entanto, claro, a DGS dá relevo a Lisboa, ignorando, pura e simplesmente, o distrito com maior percentagem.
Estamos habituados. E não haverá nenhum deputado do Porto para se expor à epidemia e levá-la ao Parlamento? Também já estamos habituados, mas seria bom que nos desabituássemos e nos déssemos conta do ponto a que chegamos. Nem nisto se é capaz de uma política regional! E moita-carrasco.
(Mas como o blog é diarimente espiolhado por certos assessores - estão à vontade, é um gosto e até uma honra - até pode ser que, independentemente de tudo o resto, alguém se assuste com o ambiente e se consiga melhorar as coisas que é, afinal, o nosso objectivo)
José Vinha (JN) 3.04.2008.
José Vinha (JN) 3.04.2008.
Os concelhos de Penafiel e Paredes revelam "números vergonhosos" de casos de tuberculose e lideram a lista negra de portadores do "bacilo de Koch", o microorganismo causador desta doença infecciosa, revelaram especialistas do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS). A desresponsabilização do doente, que recusa ou interrompe os tratamentos, a par da falta de leis que obriguem ao internamento compulsivo, são dois obstáculos na luta contra a doença que tem nas freguesias com pedreiras um campo fértil à propagação. Em apenas cinco anos, entre 2002 e 2007, estiveram internados no hospital de Penafiel 471 doentes, mas os especialistas consideram maior o número de infectados na região. "Por cada doente internado neste hospital há mais quatro ou cinco infectados", estima Maria do Céu Póvoas, do Departamento de Pneumologia. "O número de casos tem baixado, mas ainda assim são vergonhosos", considera. No caso de Penafiel, Boelhe registou, entre 2002 e 2007, 18 casos. Ali predomina a indústria de extracção de granito e a silicose, associada ao consumo de álcool, constitui um terreno fértil. "Os homens trabalham sem máscara e quando têm sede bebem vinho. É um problema, mas a tuberculose não é uma causa perdida", afirma Maria do Céu Póvoas. Freire Soares, do departamento de Medicina do CHTS, lembrou que cada doente pode infectar dez a 15 pessoas por ano, e que a doença deveria merecer "um enfoque especial no Vale do Sousa que apresenta números assustadores".
"O relatório da Direcção-Geral de Saúde dá relevo a Lisboa e ignora esta região. Mas o distrito do Porto continua a liderar a lista dos casos de tuberculose no país. A doença exige uma abordagem multifacetada e uma nova responsabilidade social", alertou o clínico. Fátima Gonçalves, do Centro de Saúde de Penafiel, revelou que chegou a ter necessidade de recorrer à autoridade para internar um doente de Boelhe, mas não há legislação que o obrigue. "Os doentes frequentam o café da aldeia sem noção de que podem infectar outros. Convivem como se nada fosse", garante.Preocupado com a situação, o CHTS irá promover umas jornadas sobre a tuberculose, a 30 de Maio, envolvendo outros parceiros e a comunidade local para combater uma doença que tem cura e cujo tratamento custa, em média, 20 euros.
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