Coligação PS/CDS é "suicidária" para Sócrates
(PÚBLICO) 29.09.2009 - 08h07 Maria José Oliveira
O "novo dia para a esquerda portuguesa", aclamado por Francisco Louçã na noite de domingo, não se afigura fácil para o Bloco de Esquerda (BE). O reforço da votação no Bloco (mais de 550 mil votos) e a duplicação do número de deputados (de oito para 16) não foram suficientes para derrubar o incómodo provocado pela perda do terceiro lugar para o CDS-PP.
(PÚBLICO) 29.09.2009 - 08h07 Maria José Oliveira
O "novo dia para a esquerda portuguesa", aclamado por Francisco Louçã na noite de domingo, não se afigura fácil para o Bloco de Esquerda (BE). O reforço da votação no Bloco (mais de 550 mil votos) e a duplicação do número de deputados (de oito para 16) não foram suficientes para derrubar o incómodo provocado pela perda do terceiro lugar para o CDS-PP.
No domingo à noite a estupefacção dos bloquistas perante o resultado dos populares foi notória (e contrariou largamente o vaticínio do cabeça de lista pelo Porto, João Semedo, que, no comício de encerramento da campanha, afirmou que o CDS iria "lamber as feridas de mais uma derrota").
Num momento em que o BE está concentrado nas eleições autárquicas, remetendo para depois de 11 de Outubro questões como a nova liderança parlamentar, Francisco Louçã insiste que os bloquistas vão manter a sua "coerência" programática e os seus "compromissos com os eleitores". Isto significa que nada muda no discurso proclamado durante a campanha - os eventuais acordos com o Governo minoritário do PS serão pontuais.
E Louçã aponta já dois temas sobre os quais poderá existir "diálogo" e "convergência" com o Governo socialista: os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e as alterações à lei das uniões de facto.
Quanto à reforma do sistema de avaliação de professores, o bloquista admite que será "difícil" alcançar um acordo com os restantes partidos, "sobretudo com o PSD e o CDS", sem o apoio dos socialistas, que, claro está, não deverão aceitar qualquer alteração ao modelo.
Mas o líder do BE considera que o futuro "centro" do debate político residirá na política orçamental. E sublinha, neste âmbito, que o clímax da luta política nacional acontecerá no prazo de um ano, quando as condições alegadamente precárias da governabilidade socialista serão confrontadas com a campanha eleitoral para a Presidência da República.
Os resultados das legislativas indicam que será exigido ao Governo "uma capacidade de diálogo" à esquerda (reforçada com a votação no BE e na CDU) e também à direita. Mas Louçã entende que, por ora, esta "capacidade de diálogo" com a esquerda é ainda "uma incógnita". Porque, explica, "se o PS aceitasse, e nunca aceitou, avançar com medidas económicas e sociais para responder à crise, teria de somar a aprovação das bancadas do Bloco e do PCP". E o líder bloquista não acredita, para já, nessa possibilidade.
E também não crê na hipótese de o PS firmar uma coligação com o CDS-PP. "Acho muito difícil", disse ao PÚBLICO, "porque o CDS sai destas eleições como um partido da extrema-direita parlamentar. Afirmou-se com uma cultura de extrema-direita europeia, algo que até contraria a cultura histórica da direita portuguesa". Já na noite das eleições, esta mesma ideia tinha sido transmitida por Louçã aos jornalistas. Optando por desvalorizar a possibilidade da coligação PS/CDS, o deputado afirmou: "Se o PS e do CDS se vão entender é lá com eles. Desejo-lhes a melhor sorte." E, lembrando os anteriores acordos "desastrosos" entre as bancadas socialista e popular, frisou que esta solução "não será a melhor resposta para a política", argumentando que "a direita nunca foi uma alternativa para o país". Logo a seguir não resistiu a criticar implicitamente o CDS-PP, notando que "porventura os eleitores de outros partidos poderão questionar o que vai acontecer com o seu voto". Ao PÚBLICO, Louçã apontou que um acordo entre socialistas e democratas-cristãos para garantir uma estabilidade governativa seria "suicidário" para José Sócrates. Por isso, o líder do Bloco prenuncia para os próximos tempos uma política de "balancé" - a governabilidade pode vir a depender da resistência do Governo para balancear à esquerda e à direita.
1 comentário:
O Bloco queria elejer 4 no porto. O João Semedo só disparata. Ele é um grande derrotado, está a mais no Bloco. O CDS a lamber feridas? Comeu-lhe um deputado. Elé também é um opurtunista tipo Pizarro, são da mesma escola, ele também comeu o Teixeira Lopes quer combate no terreno e merece uma boa votação. Aliás, não espantava que o BE elegesse dois vereadores no porto. E o PS (será o PS?) talvez tres, no máximo. Que PS, o Ps não eleje nada, morreu, acabou no Porto. Ressuscitá-lo? Tá bem mas com gente nova e limpa.
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