Esquerda do PS recusa acordos com o CDS/PP
JOÃO PEDRO HENRIQUES (DN) 29.9.09
A ala esquerda do PS já começou a pressionar publicamente José Sócrates para que este evite governar na base de entendimentos com o CDS. Os resultados das eleições de domingo ditaram que só há duas alianças maioritárias bipartidárias passíveis de serem formadas no Parlamento: ou do PS com o PSD ou do PS com o CDS. Todas as restantes passarão, necessariamente, por mais do que duas formações. Por exemplo: PS + BE + PCP.
Paulo Pedroso, ainda deputado, ex-número dois do PS na direcção de Ferro Rodrigues, agora candidato à câmara de Almada, disse à TSF: "Não consigo imaginar um Governo do PS funcionando em articulação com aquele que é o seu principal adversário, do ponto de vista ideológico."
Seria, segundo afirmou, "um desrespeito pela vontade dos eleitores". Antes, acrescentou, entendimentos com o PSD: "Um projecto nacional exige estabilidade e isso pode ser procurado no PSD." Para o ainda parlamentar socialista (que deixará a Assembleia quando a nova legislatura começar), o facto de a actual direcção do PSD ser "episodicamente conservadora" não tem correspondência no eleitorado do partido. Mas isso já não se passa com o CDS-PP, que é "estruturalmente conservador".
A exclusão liminar de uma governação socialista assente em acordos com o CDS tem outro apoio de peso no PS, o de Manuel Alegre. Contudo, o ex-candidato presidencial - também em vias de deixar o Parlamento, por vontade própria - diverge de Pedroso (e dos "ferristas" em geral, a começar pelo próprio Ferro Rodrigues) na admissão de uma aliança do PS com o PSD, o chamado Bloco Central. Na noite das eleições, Alegre repetiu argumentos antigos: "preferencialmente" quer ver o PS a entender com as formações à sua esquerda.
De fora do PS, já chegaram também avisos para que evite demasiado diálogo com o CDS. Avisos não desprezíveis, como o de Carvalho da Silva, líder da CGTP, que afirmou ontem que um entendimento do PS com o CDS seria "um caminho contra-natura". Dito de outra forma: potenciaria mais agitação social. Foi em parte a agitação social dinamizada pela CGTP que fez o PS perder a maioria absoluta - e na direcção socialista não há quem o negue.
Sócrates recebeu ontem, igualmente, avisos em sentido contrário, vindos do lado oposto da "barricada" social. Francisco Van Zeller, presidente da CIP, considerou que seria "trágico" para o país que o PS governasse aliando-se ao BE e ao PCP: "Nós temos que exigir estabilidade. É preciso que o novo Governo transmita a sensação de estabilidade, porque senão os empresários não irão investir", avisou, fazendo igualmente votos para que Teixeira dos Santos se mantenha ministro das Finanças.
Entre os dirigentes socialistas as especulações sobre a composição do futuro Governo de Sócrates já dominam todas as conversas. Teixeira dos Santos é um nome dado como garantido. Deverão sair Jaime Silva (Agricultura), Mário Lino (Obras Públicas) ou Maria de Lurdes Rodrigues (Educação).
Os três ministros que mais de perto aconselham Sócrates na condução política do PS - Vieira da Silva (Segurança Social), Silva Pereira (Presidência) e Augusto Santos Silva (Assuntos Parlamentares) - irão manter-se no Governo. Mas sendo substituídos nas respectivas pastas, não se sabe por quem. Uma das grandes incógnitas está na pasta dos Assuntos Parlamentares, que terá peso fulcral numa legislatura de negociação permanente.
O perfil de Santos Silva, mais dado ao combate do que à diplomacia, não se adequa. Deverá ser alguém que reúna talento negocial e grande experiência parlamentar. Fala-se em Alberto Martins, ainda líder da bancada. Mas este poderá também almejar ser presidente da Assembleia da República, se Jaime Gama não reunir apoios fora do PS que lhe permitam ser de novo candidato ao lugar.
JOÃO PEDRO HENRIQUES (DN) 29.9.09
A ala esquerda do PS já começou a pressionar publicamente José Sócrates para que este evite governar na base de entendimentos com o CDS. Os resultados das eleições de domingo ditaram que só há duas alianças maioritárias bipartidárias passíveis de serem formadas no Parlamento: ou do PS com o PSD ou do PS com o CDS. Todas as restantes passarão, necessariamente, por mais do que duas formações. Por exemplo: PS + BE + PCP.
Paulo Pedroso, ainda deputado, ex-número dois do PS na direcção de Ferro Rodrigues, agora candidato à câmara de Almada, disse à TSF: "Não consigo imaginar um Governo do PS funcionando em articulação com aquele que é o seu principal adversário, do ponto de vista ideológico."
Seria, segundo afirmou, "um desrespeito pela vontade dos eleitores". Antes, acrescentou, entendimentos com o PSD: "Um projecto nacional exige estabilidade e isso pode ser procurado no PSD." Para o ainda parlamentar socialista (que deixará a Assembleia quando a nova legislatura começar), o facto de a actual direcção do PSD ser "episodicamente conservadora" não tem correspondência no eleitorado do partido. Mas isso já não se passa com o CDS-PP, que é "estruturalmente conservador".
A exclusão liminar de uma governação socialista assente em acordos com o CDS tem outro apoio de peso no PS, o de Manuel Alegre. Contudo, o ex-candidato presidencial - também em vias de deixar o Parlamento, por vontade própria - diverge de Pedroso (e dos "ferristas" em geral, a começar pelo próprio Ferro Rodrigues) na admissão de uma aliança do PS com o PSD, o chamado Bloco Central. Na noite das eleições, Alegre repetiu argumentos antigos: "preferencialmente" quer ver o PS a entender com as formações à sua esquerda.
De fora do PS, já chegaram também avisos para que evite demasiado diálogo com o CDS. Avisos não desprezíveis, como o de Carvalho da Silva, líder da CGTP, que afirmou ontem que um entendimento do PS com o CDS seria "um caminho contra-natura". Dito de outra forma: potenciaria mais agitação social. Foi em parte a agitação social dinamizada pela CGTP que fez o PS perder a maioria absoluta - e na direcção socialista não há quem o negue.
Sócrates recebeu ontem, igualmente, avisos em sentido contrário, vindos do lado oposto da "barricada" social. Francisco Van Zeller, presidente da CIP, considerou que seria "trágico" para o país que o PS governasse aliando-se ao BE e ao PCP: "Nós temos que exigir estabilidade. É preciso que o novo Governo transmita a sensação de estabilidade, porque senão os empresários não irão investir", avisou, fazendo igualmente votos para que Teixeira dos Santos se mantenha ministro das Finanças.
Entre os dirigentes socialistas as especulações sobre a composição do futuro Governo de Sócrates já dominam todas as conversas. Teixeira dos Santos é um nome dado como garantido. Deverão sair Jaime Silva (Agricultura), Mário Lino (Obras Públicas) ou Maria de Lurdes Rodrigues (Educação).
Os três ministros que mais de perto aconselham Sócrates na condução política do PS - Vieira da Silva (Segurança Social), Silva Pereira (Presidência) e Augusto Santos Silva (Assuntos Parlamentares) - irão manter-se no Governo. Mas sendo substituídos nas respectivas pastas, não se sabe por quem. Uma das grandes incógnitas está na pasta dos Assuntos Parlamentares, que terá peso fulcral numa legislatura de negociação permanente.
O perfil de Santos Silva, mais dado ao combate do que à diplomacia, não se adequa. Deverá ser alguém que reúna talento negocial e grande experiência parlamentar. Fala-se em Alberto Martins, ainda líder da bancada. Mas este poderá também almejar ser presidente da Assembleia da República, se Jaime Gama não reunir apoios fora do PS que lhe permitam ser de novo candidato ao lugar.
6 comentários:
Teixeira dos Santos passa por ser o melhor ministro mas foi o principal responsável pelos erros estratégicos principais que Sócrates cometeu. Primeiro grande erro foi a subida do IVA, feriu de asa o governo logo à nascença, tirou-lhe credibilidade e foi um erro económico que ajudou à estagnação. A obsessão do défice foi asneira. A subserviêncvia à União um erro pois o PM mais o PR unidos diziam à Europa o que agora todos dizem: por motivos estruturais e históricos não tinjhamos condições para cumprir o Pacto. O mesmo que fizemos quando foi do PSD.
essa "autodenominada esquerda do PS" é esclerosada e bafienta, ultra conservadora do que de pior teve o PREC,saudozista e irrealista... Não trás nada de bom nempara o PS nem par a generalidade dos portugueses...REFORMEM-SE, vão dar banho ao esqueleto...è que existem gerações adultas e não jovens que são tão ou mais competentes do que essa "brigada do reumático gauchista" e a quem ainda não foram dadas oportunidades demostrar o que valem...
E chegou a hora da mudança...
Subscrevo na íntegra este post de Renato Gomes Pereira. Infelizmente, alguns militantes ingénuos do PS (tipo Sr. Silva) ainda não perceberam quem é o Sr. Louçã mas, no passado domingo, esse cão raivoso deixou cair a máscara e dissipou todas as dúvidas. A forma como se referiu à Dra. Lurdes Rodrigues, foi um insulto a todos os democratas que já se tinham desabituado da gritaria do PREC.
Oh Sr. Aroso, o senhor anda com pastilhas a menos ou pastilhas a mais. Não adianta. Quando lhe passar essa coisa que o Senhor tem, e eu estiver melhor da minha falta de paciência para lhe ler as mesmas cassetes, falamos de política.
O CDS e o PSD andam por aqui vigilantes com medo que o PS assuma a sua verdadeira condição de partido de esquerda que não pode ser amado pela direita antes pelo contrário.
Oh Sr. Silva, anda com falta de paciência? Isso nem parece seu! Se calhar está a precisar de tomar umas pastilhas...
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