domingo, 6 de setembro de 2009

Socialista Ana Gomes diz que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, "envergonhou" o País ao participar, na passada semana, nas comemorações dos 40 anos da revolução liderada pelo "terrorista" Kadhafi.
São palavras duríssimas: a socialista Ana Gomes diz que "mete nojo que ministros europeus se tenham deslocado à Líbia para participar nas celebrações de 40 anos no poder do terrorista Kadhafi". Sendo que uma dessas presenças foi a do ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, Luís Amado.
Num post escrito no blogue Causa Nossa (www.causa-nossa.blogspot.com), a candidata do PS à câmara de Sintra refere-se directamente à viagem do MNE para afirmar: "A presença de Luís Amado envergonhou-nos". "Não há interesses económicos ou outros que o justifiquem", acrescenta a também eurodeputada.
Luís Amado esteve na última terça-feira na capital líbia, Tripoli, para as comemorações dos 40 anos no poder do coronel Muammar Kadhafi. Uma comemoração a que se associou também a Força Aérea portuguesa, que participou num desfile aéreo por ocasião das celebrações. O ministro dos Negócios Estrangeiros justificou a presença em Tripoli precisamente com razões económicas. "Nós importamos um bilião e 200 milhões de dólares de petróleo e não vendemos praticamente nada à Líbia. É preciso pensar em reforçar as relações com um país que nos fornece uma factura de petróleo tão significativa e, para isso, é preciso que haja contacto, diálogo permanente. A nossa participação teve esse sentido", afirmou o ministro à Rádio Renascença. Amado sublinhou também que "estiveram 70 países na Líbia".
Entre os países europeus, a Espanha fez-se também representar pelo chefe da diplomacia em Madrid, Miguel Angel Moratinos, enquanto a França enviou à Líbia o secretário de Estado da Cooperação e a Itália se fez representar pelo embaixador em Tripoli.
Kadhafi celebrou com um mega-evento, que se prolongou por seis dias, a sua subida ao poder, há quarenta anos, através de um golpe que depôs a monarquia líbia. Entre as festividades contava-se um show de "mil camelos e 40 balões de ar quente".
É impressionante como é que a dupla candidata à Europa e a Sintra, se mostrou tão contida nas vésperas das indicações dos candidatos ao PE, mesmo subserviente, durante o Congresso de Espinho, quando todo o seu trabalho tinha sido reduzido a pó, e agora, "resolvido o problema", fala dum Ministro que está ao serviço do interesse nacional, desta maneira grosseira e brejeira, procurando repentinamente dar nas vistas ao seu estilo. Está visto que a contenção ou explosão verbais de Ana Gomes dependem do calendário da sua agenda de carreira política. Para nós, que não temos responsabilidade nem de estadista nem de representante do povo, mas se fôssemos MNE certamente teríamos estado em Tripoli, podemos comentar que, para usar o seu léxico tabernal, é mesmo Ana Gomes, com as suas piruetas circenses, que anda a meter um bocado nojo e não é só aos cães.(P.B.)

2 comentários:

Pedro Aroso disse...

Isto é o que acontece quando a 'real-politic' fala mais alto do que "moral-politic". Veja-se aquilo que aconteceu com o governo da Escócia, ao libertar o bombista responsável pela morte de 270 pessoas, no atentado de Lockerbie.
Seria interessante ouvir as opiniões de Mário Soares e Manuel Alegre a propósito deste tópico.

M.Machado disse...

Aqui a questão
é que o Ministro Português fez muito bem em estar presente porque representa relação de Estado para Estado e é do interesse nacional manter relações normais com o Estado líbio.
Aliás é talvez na área dos negócios estrangeiros que o Governo Sócrates esteve melhor, sobretudo depois da saída do Freitas (Estreitamento das relações com a Argélia, Venezuela e Angola, saída do Iraque e demarcação da política Bush, relutância no reconhecimento do Kosovo) As relações internacionais não se rejem, a não ser em casos extremos por moralidades mas sim pela geopolítica onde se incluem os interesses comerciais.Quem deixar um espaço vazio é logo preenchido pelo seu concorrente. Os actos morais na política externa que são necessários têm de ser eficazes se não tornam-se quixotescos e contraproducentes.
Ao contrário do que geralmente pensamos Portugal teve nesta matéria sempre as suas cartas para jogar e deve a essa capacidade a sua independência política.