segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tenham medo, muito medo
Rafael Barbosa (JN) 21.9.09
1 - Se encontrar o cartão de eleitor, vou votar no PS. Não sei se eles são os melhores, mas, entre eles e o caos, antes o engenheiro José Sócrates. Tenho estado atento à campanha e temo pelos tempos difíceis que aí vêm. Segundo os socialistas, se ganhar a senhora que está à frente do PSD, o Estado Social vai ser desmantelado. Isto dito assim não causa preocupação a ninguém. O problema é que, trocado por miúdos, vou ter de começar a procurar uma escola privada para as crianças, desistir do médico de família e fazer um seguro de saúde, constituir um PPR e esquecer a massa que entreguei à Segurança Social, durante estes anos todos, pensando na reforma. Pior ainda, se o PSD ganhar jamais poderei ir de TGV até Lisboa, o que fará de mim um provinciano. Muito menos a Vigo porque, com os espanhóis, vamos entrar em guerra. Acabam-se os tempos em que ao nosso primeiro-ministro era permitido falar portunhol em comícios do PSOE. É caso para ter medo, muito medo.
2 - Quando souber qual é a minha mesa de voto vou lá votar no PSD. A sua líder, Manuela Ferreira Leite, anda por aí a insistir que a escolha é entre o modelo de democracia venezuelana da Madeira, que é o dela, ou a insustentável asfixia democrática do Continente. Eu, que quando era pequeno sofria de falta de ar, não estou para regressar a esse pesadelo. Vou ajudar o PSD a arejar a democracia portuguesa. E pode ser que ainda me paguem 25 a 30 euros. Mas há pior, segundo Ferreira Leite. Nestas eleições vamos ter de escolher entre o PSD e um Governo Revolucionário, liderado por Sócrates, mas com Francisco Louçã a substitui Pedro Silva Pereira como número dois. E toda gente sabe que o ídolo deste perigoso radical de esquerda é um tal de Trotsky e que este, por sua vez, foi o criador do Exército Vermelho, muito conhecido pela terrível marcha em passo de ganso. É caso para ter medo, muito medo.
3 - Se me deixarem votar mais do que uma vez, vou pôr uma cruzinha no MMS. Ouvi há dias um tempo de antena do Movimento Mérito e Sociedade e foi suficiente. A voz que se ouvia na telefonia partiu da sigla BCE (Banco Central Europeu) e, através de uma sucessão de cambalhotas, concluiu que, mais cedo do que tarde, os bancos vão roubar a massa que temos nas contas. Isso e o receio de que o MMS metesse uma providência cautelar contra a crónica fizeram com que lhe dedicasse a maior atenção.É caso para ter medo, muito medo.
4 - Conclusão: os partidos portugueses, dos mais pequenos aos maiores, passando pelos intermédios, decidiram que é através da desqualificação do outro e não pela afirmação da capacidade própria que se conquista um voto. Imaginam as luminárias que elaboram as mensagens que somos crianças inocentes, sempre cheios de medo do bicho-papão.

3 comentários:

M. Araujo disse...

Quando será que os comentadores, os jornalistas e outras espécies análogas que detêm a exclusividade da palavra nos media, deixam de embarcar no embuste ficcionari0 e fantasioso próprio das campanhas eleitorais? Quando será que em vez de informar o cidadão, respeitando-o, se estilhacem na destempero verbal procedente dos aterros sanitários onde se depositam os lixos colectivos?
O caos tornou-se o palco, as figuras deixaram de representar e assumiram por inteiro as deficiências que sempre tiveram, deixando-nos o vazio e a desinformação.

Primo de Amarante disse...

Há pessoas que não conseguem perceber que se fosse o PSD a governar as políticas tinham sido mais de esquerda. O próprio código do trabalho não seria o que temos. Em nome da esquerda, Sócrates governou muito à direita.Lembrem-se da crispação. Vejam, AFINAL, SÓCRATES GOVERNOU PARA QUEM? In:
http://mobilizacaoeunidadedosprofessores.blogspot.com/2009/09/28-agosto-2009-13h07-ultima-hora-greve.html

Anónimo disse...

Ter medo é das golpadas do PSD.
O director do público teve o prémio: vai para Bruxelas para o gabinete de Durão Barroso.