Divulgado na semana passada, o programa do PSD foi já dissecado pelos comentadores de serviço que sublinharam os respectivos méritos e deméritos. Não faria sentido estar, quase uma semana decorrida, a repetir esses exercícios. Proponho-lhe outro. Vá ao programa e, onde está a palavra "socialista", substitua-a por "social-democrata". Releia o texto. Mantém o sentido? Poderia ter sido escrito pelo PS, se o governo tivesse sido do PSD? Se retirarmos uma ou duas referências, em especial ao papel da família, não causaria escândalo responder com um "sim" à pergunta. Se acha que não, vá ver o que o PS dizia, há quatro anos e meio, sobre o que o PSD tinha feito e o que o próprio PS se propunha fazer.
Quando muito concluirá que o programa do PS de então era mais voluntarista e se comprometia mais, e com mais coisas, do que o PSD hoje. Ou talvez não! É que os sociais-democratas comprometem-se com duas coisas muito difíceis de concretizar: garantir a consolidação orçamental e alterar o modelo económico do país. Quanto a este último ficamos a saber que passará pelas PME, pela inovação e empreendedorismo e por aumentar as exportações e assentará no investimento privado, uma novidade tão grande que faz bocejar qualquer economista e que até poderia ser subscrita por Francisco Louçã na sua pele de professor de economia. Já a forma como se conseguirá reduzir o défice constitui um segredo bem guardado, pois o que resulta do programa é um aumento de despesa e uma diminuição da receita. Talvez as forças do sector privado tenham estado à espera da redução da taxa social única e do fim do pagamento especial por conta para se libertarem e fazerem explodir o potencial de crescimento país. Quem sabe? Ou então serão os jovens com vocação empresarial que vão desatar a constituir empresas no engodo da redução do IRC em 10% por 10 anos (Manuela Ferreira Leite deve ter descoberto um cromossoma qualquer que torna um jovem empresário mais merecedor desse apoio do que um "velho" de 45 anos, ou 36, para o caso tanto dá, que resolva tornar-se empresário).
O programa do PS é, como aqui foi escrito, uma desilusão esperada. O do PSD, uma contradição. Manuela Ferreira Leite andou bem ao dizer que não se comprometeria com o que não podia cumprir. Se acreditarmos que fala verdade, ficamos a saber que vai mudar o modelo económico do país e consolidar as finanças públicas. Faltaram-lhe páginas para explicar o como. O problema é que se é uma questão de fé, então também é legítimo acreditar que quer o PCP quer o BE serão capazes de nos tornar na sociedade da felicidade, facilidade e abundância que anunciam. E, convenhamos, tanto Jerónimo de Sousa como Francisco Louçã têm mais jeito e credibilidade como pregadores. Especialmente, Louçã!
P. S. Quando se aposta na construção de um novo modelo económico, ignorar as questões das assimetrias de desenvolvimento regional e reduzir os esforços para a sua correcção a uma vaga proposta de incentivos aos investimentos no "interior"(seja lá isso o que for) é, manifestamente, insuficiente e não augura nada de bom.
Quando muito concluirá que o programa do PS de então era mais voluntarista e se comprometia mais, e com mais coisas, do que o PSD hoje. Ou talvez não! É que os sociais-democratas comprometem-se com duas coisas muito difíceis de concretizar: garantir a consolidação orçamental e alterar o modelo económico do país. Quanto a este último ficamos a saber que passará pelas PME, pela inovação e empreendedorismo e por aumentar as exportações e assentará no investimento privado, uma novidade tão grande que faz bocejar qualquer economista e que até poderia ser subscrita por Francisco Louçã na sua pele de professor de economia. Já a forma como se conseguirá reduzir o défice constitui um segredo bem guardado, pois o que resulta do programa é um aumento de despesa e uma diminuição da receita. Talvez as forças do sector privado tenham estado à espera da redução da taxa social única e do fim do pagamento especial por conta para se libertarem e fazerem explodir o potencial de crescimento país. Quem sabe? Ou então serão os jovens com vocação empresarial que vão desatar a constituir empresas no engodo da redução do IRC em 10% por 10 anos (Manuela Ferreira Leite deve ter descoberto um cromossoma qualquer que torna um jovem empresário mais merecedor desse apoio do que um "velho" de 45 anos, ou 36, para o caso tanto dá, que resolva tornar-se empresário).
O programa do PS é, como aqui foi escrito, uma desilusão esperada. O do PSD, uma contradição. Manuela Ferreira Leite andou bem ao dizer que não se comprometeria com o que não podia cumprir. Se acreditarmos que fala verdade, ficamos a saber que vai mudar o modelo económico do país e consolidar as finanças públicas. Faltaram-lhe páginas para explicar o como. O problema é que se é uma questão de fé, então também é legítimo acreditar que quer o PCP quer o BE serão capazes de nos tornar na sociedade da felicidade, facilidade e abundância que anunciam. E, convenhamos, tanto Jerónimo de Sousa como Francisco Louçã têm mais jeito e credibilidade como pregadores. Especialmente, Louçã!
P. S. Quando se aposta na construção de um novo modelo económico, ignorar as questões das assimetrias de desenvolvimento regional e reduzir os esforços para a sua correcção a uma vaga proposta de incentivos aos investimentos no "interior"(seja lá isso o que for) é, manifestamente, insuficiente e não augura nada de bom.
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