sábado, 5 de setembro de 2009

E NO ENTANTO...
Uma monumental trapalhada, sem os contornos totalmente definidos, mas que, ao contrário do que afirma Moura Guedes ao "Expresso", poderá aproveitar todos menos o Partido Socialista. Mostra, no entanto, como foi um erro o estilo bélico empreendido à governação durante estes quatro e meio, absolutamente revel à tradição socialista de diálogo social.
Particularmente errados os ataques à comunicação social, ainda por cima focalizados, destruindo um Congresso onde, se o debate fosse bem-amado e não temido, o Partido podia ter ganho um último fôlego e feito as emendas estratégicas para a fase final do mandato. Mas preferiu-se mais um número de guerra contra o Bloco de Esquerda e contra a TVI.
Os factos têm mostrado que a erecção destes dois elementos como vedetas do Congresso, dando esse mote para o Partido, foi um erro rotundo. O líderes do PS, ou alguns, pareciam estar demasiado seduzidos pelo discurso contra o eixo do mal dos ex-trotskistas que rodeavam George Bush, agora transformados em neo-consevadores, e entenderem que este PS, ao contrário do de Guterres, precisava de um forte inimigo externo, sendo, no entanto, de escolher não os poderosos como a Banca ou os grandes grupos económicos, mas os que lhes pareciam mais frágeis e rendendo mais votos como os professores. Também aí se enganaram.
De tudo isto, com as notícias sobre a tentativa da PT de comprar a TVI, depois do ataque no Congresso a um programa dessa mesma estação, a situação é má demais. Mesmo que a coisa não seja. Está a ser. E com uma saída difícil.
Cumpre aos génios que nunca quiseram saber da opinião do partido e transformaram a grande parte das reuniões dos órgãos em "números" tirarem das não menos geniais cartolas a solução para o momento. Só que o momento é mesmo este momento e é normal que haja cada vez mais quem pense que é tarde e Inês está morta, embora do nosso ponto de vista, as batalhas devam ser travadas até ao fim e enquanto não terminarem nada está perdido.
A agravar tudo isto o "Expresso" de hoje publicita que Pedro Silva Pereira, antigo Secretário de Estado da Conservação da Natureza, sempre vai ser ouvido pelo MP, no âmbito do Freeport, mas depois das eleições.
Mau demais. Tudo. Combatamos, no entanto. (Pedro Baptista)

6 comentários:

M. Araújo disse...

Gosto da apreciação, aliás concordo inteiramente com ela. Combatamos no entanto.

Manuel Oliveira disse...

Caro camarada,
texto que subscrevo inteiramente.Também sempre no combate.
"Mais uma vez na frente de batalha, não em defesa de "sobretudo alguém" (até por não acreditar em infalíveis e iluminados), mas na defesa coerente dos que têm de ser defendidos e que sempre viram no Partido Socialista o motor do progresso, do desenvolvimento português, da solidariedade, da esperança e da liberdade."
Luis N Tito

Primo de Amarante disse...

Os nossos ideais, se acreditamos neles, valem mais do que aqueles que tão mal os representam,

Lutamos por ideais e é isso que nos faz desviarmo-nos de certas pessoas.

Estou de acordo com a tua luminosa análise.
um abraço

leixão disse...

E se não for assim?
Se, antes pelo contrário, tudo foi friamente calculado e premeditado?

Passemos ao campo das hipóteses:
Quatro jornais da noite nas quatro semanas que vão daqui até às eleições seriam, ou poderiam ser, desastrosos para o PS.
Em cada uma das semanas cada um deles poderia trazer uma «bomba» cuja discussão se prolongaria, pelo menos, durante o fim de semana.
Abafando o impacto mediático de qualquer iniciativa ou acção de propaganda as quais, seguramente, ocorrerão com mais intensidade nos fins de semana.
É até admissível que a «bomba atómica» fosse guardada para a sexta feira anterior às eleições, dificultando reacções por se estar já em período de reflexão pré-eleitoral.
Ponderadas as coisas, mais vale ao engenheiro determinar a eliminação daquele risco e correr o risco da suspeição de o ter feito.
Aguenta o dia de hoje, e já pôs os seus cães a ladrar à caravana que passa(simplexes, jugulares, câmaras corporativas e tutti quantti...)
Ainda hoje lança uma manobra mediática alternativa e uma campanha de diversão.
Mantém o ritmo durante o fim de semana.
Segunda-feira já ninguém fala do caso.
Ninguém tem mais capacidade de esquecer um facto de que os nossos jornalistas, se lhes atirarem mais dois ou três «ossos» mediáticos novos.
No dia das eleições a Manuela Moura Guedes e o seu telejornal passaram definitivamente à história e já ninguém se lembra sequer que existiram.

E o «eng» ganhou mais esta batalha mediática, matéria em que ele e os seus assessores são os melhores.

Portanto, resumindo e concluindo, não tenho nenhuma dúvida de o apagamento do jornal da noite é uma manobra da iniciativa - fria e calculada - da central de estratégia do PS.
E vitoriosa!

M. Machado disse...

A tese de Leixão já foi aventada por Eduardo Cintra Torres e de certa forma pela própria Manuela Moura Guedes.
No entanto, este resultado é demolidor para Sócrates. Estamos a três semanas da votação, a Manela Ferreira Leite ressuscitou com tudo isto, e toda a oposição vai zurzir o governo e o PS durante muito tempo, não vai acbar na segunda-feira.
Além de que na rua 90% das pessoas está convencida que houve golpe do PS para abafar a verdade. Se a central de inteligência do PS apostou neste caminho deliberadamente e de forma a ter estes contornos, é mais tonta do que parece. Este era o passo que toda a oposição precisava para enterrar o PS e, neste contexto, nem será por poucos. Penso, como toda a gente, que este caminho foi o escolhido pelo PS, dado os antecendentes, mas não acredito que tenham sido estes os contornos escolhidos, ou seja alguém falhou no calendário.
Talvez seja ingénuo. Mas isto é pior para o PS do que os três jornais de sexta-feira que poderiam ser emitidos até à eleição.

Anónimo disse...

Será que na verdade segunda-feira já ninguém pensa nisto? Não acredito. Estarei enganado?