Mário Soares: “A grande crise ainda não passou”(LUSA) 1.9.09
O antigo Presidente da República Mário Soares considera que algumas pessoas gostavam que a crise já tivesse passado para “continuarem nas mesmas posições” e lembrou que a grande crise “ainda não passou”.
“A grande crise ainda não passou, apesar de alguns quererem que sim para ficarem nas mesmas posições, mas isso não é possível”, disse Mário Soares em entrevista à agência Lusa, concedida na sua casa de férias, no Algarve.
Mostrando-se convencido de que a crise se corrige “através de novas políticas”, o antigo estadista e histórico do PS, lembrou ainda que para lutar contra a crise é perceber entender a sua origem.
Para o socialista, a crise iniciou-se quando se começou “a tentar destruir a política”, defendendo o dinheiro como o valor máximo, os paraísos fiscais e as “falcatruas” nos bancos.
A “sistemática propaganda” contra a política, os políticos e os partidos é, aliás, um dos temas que foca no seu novo livro, “Elogio da Política”, que dedica às novas gerações e será lançado sexta-feira em Lisboa.
“É uma teoria completamente reaccionária, conservadora e neoliberal, que foi o que conduziu o país a esta crise profunda”, defendeu, apontando George Bush como um dos principais responsáveis pela crise mundial.
“George Bush é um político que não se assume como político e que julgava que era preciso destruir a política e haver só economia, num sistema liberal, em que os mais fortes comem os mais fracos”, sublinhou.
Mário Soares diz que a mensagem que gostava que o seu livro passasse para a juventude é a de que a política é uma actividade nobre e que quem quer ganhar dinheiro não deve ir para a política com essa intenção, ou então acabará “ou corrupto ou pobre”.
O “Elogio da Política”, um ensaio dedicado aos jovens, como o próprio Mário Soares explicou à Lusa na sua casa junto à Praia do Alemão, vai ser apresentado sexta-feira, dia 04, às 21:30 no Teatro Aberto, em Lisboa.
O jurista e professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Joaquim Gomes Canotilho, vai apresentar o último livro do antigo Presidente da República, que tem uma lista de mais de 50 obras publicadas.
O “Elogio da Política” faz parte da recente colecção “Portugal Futuro”, da Editorial Contexto, que lança no mesmo dia as obras da escritora algarvia Lídia Jorge e do antigo Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues.
O livro de 157 páginas e com prefácio do próprio Mário Soares, arranca com uma citação do escritor Virgílio Ferreira, “Da minha língua, vê-se o mar”, e conta com nove capítulos.
“Nação e Estado”, “Monarquia e República”, “Democracia e Ideologias”, “Política e Religiões”, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, “Capitalismo versus Socialismo”, e “Política e Geopolítica no século XX” são alguns dos capítulos do livro.
O último capítulo aborda os temas da “Globalização”, “Terrorismo” e da “Grande Crise”, referiu Mário Soares, adiantando que começou a escrever o ensaio político há cerca de dois anos, depois de um desafio lançado por António José Teixeira, director da Colecção “Portugal Futuro” e actual director da SIC Notícias.
1 comentário:
Já que não podemos ler o livro do Mateus, leremos com a maior atenção o Elogio da Política. Venha ele que até ver ainda não se vê nada.
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