(Público)02.09.2009 - 08h50 Margarida Gomes, Filomena Fontes
O PS jogou todos os trunfos para tentar moldar à sua maneira os dez debates televisivos que vão anteceder a campanha eleitoral para as legislativas. Hoje, quando se sentar à frente de Paulo Portas, nos estúdios da Valentim de Carvalho - o terreno neutro encontrado para os debates depois de o líder socialista ter feito saber que se recusaria a entrar na TVI -, José Sócrates vai preparado para não ter surpresas.
As regras do jogo foram duramente negociadas, na sexta-feira, por uma delegação do PS que integrava Ascenso Simões, da direcção nacional da campanha do PS, e Luís Bernardo, assessor do primeiro-ministro. A reunião, que se prolongou por mais de oito horas e na qual participaram directores de informação da RTP, SIC e TVI e representantes dos cinco partidos com assento parlamentar, acabou em consenso. Mas passou por um recuo da posição inicial dos socialistas, que queriam que os temas a debater fossem previamente escolhidos e acordados pelos partidos, reduzindo o papel do jornalista, que vai moderar os frente-a-frente, a um papel secundário, quase transformado num anotador de tempos distribuídos.
Perdida esta guerra - serão as direcções de informação de televisões a propor os temas aos partidos na véspera de cada debate -, o PS conseguiu, no entanto, fazer valer uma regra que fixa em um minuto o tempo de réplica para cada um dos opositores no debate. Ao longo de 45 minutos (o tempo de duração de cada um dos frente-a-frente, à excepção do último, entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, que terá a duração de uma hora), serão debatidos seis temas. Para cada um, os dois líderes em confronto terão dois minutos e meio, após o que haverá o tal minuto de réplica. "Por norma, este é o modelo [dos debates televisivos] em todos os países europeus. É o princípio da igualdade, de forma a que os partidos disponham do mesmo tempo", justificou ao PÚBLICO Luís Bernardo, garantindo que os restantes partidos "não levantaram qualquer tipo de objecção".
Rejeitando as críticas de o PS ter tentado formatar o tempo e o modo como os debates se vão desenrolar, o assessor do primeiro-ministro diz que a proposta de serem os partidos a acordar os temas se colocou apenas no "plano das hipóteses"."Não partimos com a ambição de discutir tudo, mas apenas meia dúzia de temas. Se a agenda fosse aberta, corria-se o risco de, em vez de debates, se fazerem entrevistas paralelas", explica, por seu lado, o director de informação da RTP, José Alberto Carvalho. Reconhecendo, embora, que as negociações foram "difíceis", José Alberto Carvalho lembra que nas últimas presidenciais foram necessárias quatro rondas negociais com os partidos. (...)
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