Norte com a recuperação mais lenta
(JN) 27.11.09ALEXANDRA FIGUEIRA E CATARINA CRAVEIRO
As três regiões pobres o suficiente para receber fundos da União Europeia recuperaram, em 2007, do atraso em que vivem. O ano, contudo, foi menos favorável à Região Norte, que cresceu apenas 0,1 pontos percentuais.
O Anuário Estatístico Regional 2008, publicado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), adianta que o Centro recuperou 0,7 pontos percentuais (pp) face ao ano anterior, enquanto que o Alentejo cresceu 0,9 pp. Perante o crescimento destas regiões, claro, as mais ricas perderam alguma da vantagem que levavam sobre o resto do país que se tornou, assim, um pouco mais coeso.
De acordo com o anuário, o PIB per capita no Norte foi de 79,6% em 2007, contra 79,5% de 2006. A pressionar esteve o Grande Porto que caiu 1,2 pp. Carvalho das Neves, economista, explica o fraco crescimento com a falta de confiança do mercado e a baixa criatividade dos empresários. Lisboa foi a região que criou mais riqueza por habitante (138,8%). Segundo o também economista Alberto Castro, a capital "tem actividades muito mais produtivas, estando muitas delas isoladas da concorrência internacional, enquanto que no Norte essa exposição é maior".
Os dados são estatísticos, mas Carvalho das Neves afirmou ao JN que, por vezes, "os resultados de Lisboa são distorcidos, uma vez que é na capital que estão as sedes das grandes empresas, mas os pólos de produção estão descentralizados noutras regiões". Para o economista, o mesmo não se passa no Norte, onde "as empresas que contribuem para o PIB tanto têm sede como produção na região", apesar de serem mais pequenas.
Não obstante a riqueza nortenha, medida por pessoa, ser a mais baixa do país, a verdade é que, pela sua dimensão e grande quantidade de trabalhadores, o Norte continua a ser a segunda região que mais contribuiu para o Produto Interno Bruto (PIB). Colaborou com cerca de 46 mil milhões de euros para o total da riqueza do país (163 mil milhões de euros), sendo apenas ultrapassada por Lisboa, que contribui com mais de 59 mil milhões.
Alberto Castro justifica este segundo lugar com o facto de o Norte aglomerar uma percentagem significativa da população nacional, e de ser uma das regiões mais industrializadas da Europa, embora tenha perdido competitividade nos últimos anos.
Ainda assim, em 2007, a Região a Norte tornou-se mais competitiva. Em termos de produtividade (medida em valor acrescentado por trabalhador), apresenta 22,3 mil de euros, mais do que o registado no ano anterior. Apesar disso, está abaixo da média nacional (27,3 mil euros) e foi a que menos produziu, sendo apenas ultrapassada pelo Centro. No que toca à remuneração média também aumentou de 15,9 mil euros, em 2006, para 16,5 mil euros, em 2007. O ano a que se reportam os números foi favorável e Alberto Castro antevê que, no relatório de 2009, "os números serão muito piores", tendo em conta crise que afectou, sobretudo as regiões exportadoras, como o Norte. Para o economista, o grande problema da região é "a baixa qualificação da mão-de-obra e dos próprios empresários". Para reverter o cenário, sugere a criação de um movimento sócio-económico que defina estratégias numa perspectiva internacional. "É preciso congregar associações empresariais, grandes empresas e um governo central de forma a criar um lóbi forte".
O relatório refere ainda que o Norte não é das regiões do Continente em que mais empresas abrem, mas é a segunda com maior taxa de sobrevivência, a dois anos. Em 2007, a taxa média de sobrevivência no país foi de 53,79%. O Norte superou com 57,07%, impulsionada pelo Tâmega e Minho-Lima
(JN) 27.11.09ALEXANDRA FIGUEIRA E CATARINA CRAVEIRO
As três regiões pobres o suficiente para receber fundos da União Europeia recuperaram, em 2007, do atraso em que vivem. O ano, contudo, foi menos favorável à Região Norte, que cresceu apenas 0,1 pontos percentuais.
O Anuário Estatístico Regional 2008, publicado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), adianta que o Centro recuperou 0,7 pontos percentuais (pp) face ao ano anterior, enquanto que o Alentejo cresceu 0,9 pp. Perante o crescimento destas regiões, claro, as mais ricas perderam alguma da vantagem que levavam sobre o resto do país que se tornou, assim, um pouco mais coeso.
De acordo com o anuário, o PIB per capita no Norte foi de 79,6% em 2007, contra 79,5% de 2006. A pressionar esteve o Grande Porto que caiu 1,2 pp. Carvalho das Neves, economista, explica o fraco crescimento com a falta de confiança do mercado e a baixa criatividade dos empresários. Lisboa foi a região que criou mais riqueza por habitante (138,8%). Segundo o também economista Alberto Castro, a capital "tem actividades muito mais produtivas, estando muitas delas isoladas da concorrência internacional, enquanto que no Norte essa exposição é maior".
Os dados são estatísticos, mas Carvalho das Neves afirmou ao JN que, por vezes, "os resultados de Lisboa são distorcidos, uma vez que é na capital que estão as sedes das grandes empresas, mas os pólos de produção estão descentralizados noutras regiões". Para o economista, o mesmo não se passa no Norte, onde "as empresas que contribuem para o PIB tanto têm sede como produção na região", apesar de serem mais pequenas.
Não obstante a riqueza nortenha, medida por pessoa, ser a mais baixa do país, a verdade é que, pela sua dimensão e grande quantidade de trabalhadores, o Norte continua a ser a segunda região que mais contribuiu para o Produto Interno Bruto (PIB). Colaborou com cerca de 46 mil milhões de euros para o total da riqueza do país (163 mil milhões de euros), sendo apenas ultrapassada por Lisboa, que contribui com mais de 59 mil milhões.
Alberto Castro justifica este segundo lugar com o facto de o Norte aglomerar uma percentagem significativa da população nacional, e de ser uma das regiões mais industrializadas da Europa, embora tenha perdido competitividade nos últimos anos.
Ainda assim, em 2007, a Região a Norte tornou-se mais competitiva. Em termos de produtividade (medida em valor acrescentado por trabalhador), apresenta 22,3 mil de euros, mais do que o registado no ano anterior. Apesar disso, está abaixo da média nacional (27,3 mil euros) e foi a que menos produziu, sendo apenas ultrapassada pelo Centro. No que toca à remuneração média também aumentou de 15,9 mil euros, em 2006, para 16,5 mil euros, em 2007. O ano a que se reportam os números foi favorável e Alberto Castro antevê que, no relatório de 2009, "os números serão muito piores", tendo em conta crise que afectou, sobretudo as regiões exportadoras, como o Norte. Para o economista, o grande problema da região é "a baixa qualificação da mão-de-obra e dos próprios empresários". Para reverter o cenário, sugere a criação de um movimento sócio-económico que defina estratégias numa perspectiva internacional. "É preciso congregar associações empresariais, grandes empresas e um governo central de forma a criar um lóbi forte".
O relatório refere ainda que o Norte não é das regiões do Continente em que mais empresas abrem, mas é a segunda com maior taxa de sobrevivência, a dois anos. Em 2007, a taxa média de sobrevivência no país foi de 53,79%. O Norte superou com 57,07%, impulsionada pelo Tâmega e Minho-Lima
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