"Processos como este revelam que justiça não está a funcionar", diz Ramalho Eanes
(JN) 20.11.09 11h38m
O ex-presidente da República, Ramalho Eanes, manifestou-se hoje preocupado por processos como o da Face Oculta, que considerou serem reveladores do mau funcionamento da justiça, um dos alicerces fundamentais da democracia.
"Preocupa-me fundamentalmente porque revela que um dos subsistemas fundamentais que é a justiça não está a funcionar na maneira rápida, pronta, legalmente justa", disse à Lusa em Madrid.
"Há que tentar melhorar todos os subsistemas, saúde, a educação, a justiça. Mas a justiça fundamentalmente porque o primeiro fim da institucionalização da sociedade política foi garantir a paz. E é difícil encontrar uma paz justa, se não houve uma justiça pronta", sublinhou. O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas, havendo 15 arguidos, incluindo o presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, José Penedos, e Armando Vara, que suspendeu as suas funções de vice-presidente do Millenium/BCP.
Ramalho Eanes falava à Lusa em Madrid onde hoje participa no XI Congresso Católicos e Vida Pública, que decorre na Universidade San Pablo, em Madrid e onde interveio para analisar o relacionamento entre a moral e a política.
"A política não está a precisar de moral: a política é impossível sem ética", disse à Lusa.
"É a ética que faz com que os políticos percebam claramente qual é a sua função, qual é o trabalho que devem prestar à comunidade, qual o serviço que devem permanente prestar a sociedade civil da qual naturalmente dependem", afirmou.
Considerando que a corrupção "sempre existiu", o ex-Chefe de Estado admite que hoje o problema tenha "mais visibilidade" e que, por isso, haja mais consciência pública sobre a sua dimensão.
"Como dizia Cícero a forma mais perversa da corrupção é a demagogia. È impossível corromper com dinheiro um homem honrado, mas é possível corrompê-lo com a oratória", afirmou.
"Sempre houve corrupção. Hoje o que tem é maior visibilidade, é publicitada de uma maneira mais frequente e as pessoas têm a percepção de que é maior. Não creio que seja muito maior, apesar de estar a afectar todas as sociedades modernas, todas as democracias", disse ainda.
Questionado sobre a forma como a sociedade civil vê a política e os políticos, Ramalho Eanes associa algum desencanto a problemas como a crise económica.
"Na democracia, a unidade é conseguida pela esperança comum de que vivendo juntos vão ter um futuro melhor. Quando a situação é de crise e o futuro comum não parece vir a ser melhor, as pessoas frustram-se e têm algumas reticências em relação ao poder que acusam de não responder cabalmente a essas expectativas", disse.
Apesar disso, considerou, é "indispensável" que "toda a sociedade civil e todos os cidadãos participem na actividade política".
"A actividade política não é exclusiva dos líderes políticos, mas deve ser exercida por todos os cidadãos. É com a política e através da política que se escreve ou não se escreve um futuro justo", disse ainda.
(JN) 20.11.09 11h38m
O ex-presidente da República, Ramalho Eanes, manifestou-se hoje preocupado por processos como o da Face Oculta, que considerou serem reveladores do mau funcionamento da justiça, um dos alicerces fundamentais da democracia.
"Preocupa-me fundamentalmente porque revela que um dos subsistemas fundamentais que é a justiça não está a funcionar na maneira rápida, pronta, legalmente justa", disse à Lusa em Madrid.
"Há que tentar melhorar todos os subsistemas, saúde, a educação, a justiça. Mas a justiça fundamentalmente porque o primeiro fim da institucionalização da sociedade política foi garantir a paz. E é difícil encontrar uma paz justa, se não houve uma justiça pronta", sublinhou. O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas, havendo 15 arguidos, incluindo o presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, José Penedos, e Armando Vara, que suspendeu as suas funções de vice-presidente do Millenium/BCP.
Ramalho Eanes falava à Lusa em Madrid onde hoje participa no XI Congresso Católicos e Vida Pública, que decorre na Universidade San Pablo, em Madrid e onde interveio para analisar o relacionamento entre a moral e a política.
"A política não está a precisar de moral: a política é impossível sem ética", disse à Lusa.
"É a ética que faz com que os políticos percebam claramente qual é a sua função, qual é o trabalho que devem prestar à comunidade, qual o serviço que devem permanente prestar a sociedade civil da qual naturalmente dependem", afirmou.
Considerando que a corrupção "sempre existiu", o ex-Chefe de Estado admite que hoje o problema tenha "mais visibilidade" e que, por isso, haja mais consciência pública sobre a sua dimensão.
"Como dizia Cícero a forma mais perversa da corrupção é a demagogia. È impossível corromper com dinheiro um homem honrado, mas é possível corrompê-lo com a oratória", afirmou.
"Sempre houve corrupção. Hoje o que tem é maior visibilidade, é publicitada de uma maneira mais frequente e as pessoas têm a percepção de que é maior. Não creio que seja muito maior, apesar de estar a afectar todas as sociedades modernas, todas as democracias", disse ainda.
Questionado sobre a forma como a sociedade civil vê a política e os políticos, Ramalho Eanes associa algum desencanto a problemas como a crise económica.
"Na democracia, a unidade é conseguida pela esperança comum de que vivendo juntos vão ter um futuro melhor. Quando a situação é de crise e o futuro comum não parece vir a ser melhor, as pessoas frustram-se e têm algumas reticências em relação ao poder que acusam de não responder cabalmente a essas expectativas", disse.
Apesar disso, considerou, é "indispensável" que "toda a sociedade civil e todos os cidadãos participem na actividade política".
"A actividade política não é exclusiva dos líderes políticos, mas deve ser exercida por todos os cidadãos. É com a política e através da política que se escreve ou não se escreve um futuro justo", disse ainda.
2 comentários:
A Justiçastá afuncionar, mas muito mal.
É mau para País e para a Democracia.
Quando sefazem julgamentos na praça pública, com noticias a conta-gotas algo vai mal.
Que os magistrados, juizes e operacionais da justiça falem menos nos jornais e televis~es e que tratem dos processos com celeridade e clareza.
O PS é o pior partido político de todos, e olhem que eu sei do que falo! Está a acabar com a estabilidade política, económica, cultural, social, agricula, etc.
è uma pena que apenas algumas pessoas vejam isso. Onde é que já se viu, tal situação?!?
Enviar um comentário