Água que corre
(JN) 11.11.09 Realiza-se em Serralves, dirigido a "profissionais das indústrias criativas", o que quer que isso seja, um ciclo de conferências sobre propriedade industrial e intelectual.
A propriedade constitui um interminável problema filosófico, e a noção de "propriedade intelectual" mais ainda, principalmente hoje, com a desmaterialização e multiplicação dos usos e das técnicas de comunicação e reprodução. No admirável "Pierre Menard, autor do Quixote", Borges coloca, não sem radical ironia, a questão da autoria. No limite, cada leitor (ouvinte, espectador) é um autor e cada leitura uma autoria. Ainda no limite, poderíamos mesmo perguntar de "quem" são as nossas palavras ou o modo como as usamos ou se ligam umas às outras, as nossas ideias, a própria ideia que temos de criação e concluir, com Proudhon, que a propriedade, em especial a intelectual, é necessariamente um roubo e o autor um ladrão que rouba a outros ladrões. A autoria (contra mim falo, que sou autor) tem hoje inexplicável prestígio e sua patética luta para impor barreiras jurídicas à comunitarização da criação é tentar agarrar água que corre.
(JN) 11.11.09 Realiza-se em Serralves, dirigido a "profissionais das indústrias criativas", o que quer que isso seja, um ciclo de conferências sobre propriedade industrial e intelectual.
A propriedade constitui um interminável problema filosófico, e a noção de "propriedade intelectual" mais ainda, principalmente hoje, com a desmaterialização e multiplicação dos usos e das técnicas de comunicação e reprodução. No admirável "Pierre Menard, autor do Quixote", Borges coloca, não sem radical ironia, a questão da autoria. No limite, cada leitor (ouvinte, espectador) é um autor e cada leitura uma autoria. Ainda no limite, poderíamos mesmo perguntar de "quem" são as nossas palavras ou o modo como as usamos ou se ligam umas às outras, as nossas ideias, a própria ideia que temos de criação e concluir, com Proudhon, que a propriedade, em especial a intelectual, é necessariamente um roubo e o autor um ladrão que rouba a outros ladrões. A autoria (contra mim falo, que sou autor) tem hoje inexplicável prestígio e sua patética luta para impor barreiras jurídicas à comunitarização da criação é tentar agarrar água que corre.
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