O CARCINOMA NACIONAL
Diga-se o que se disser, temos um grave problema moral e psicológico na visão que os cidadãos têm do topo do Estado, que se torna um terrível problema político para a nossa democracia: à volta do PR, figuras gradas do cavaquismo e seus braços-direitos afundaram-se nos escândalos do BPN, saltando, em poucos anos, de pessoas sem recursos conhecidos para colossais fortunas, não estando o próprio Cavaco Silva de todo ilibado da suspeição pública; à volta do 1ºministro, figuras gradas do guterrismo e amigos políticos íntimos de Sócrates, atolam-se na "Face Oculta", em particular Armando Vara seu confidente, homem de mão e ( há quem diga) alma gémea, vindo o 1º Ministro de um processo Freeport a compremeter a sua roda familiar, depois de ter tido uma saída não totalmente clara da sua licenciatura na "Independente", agravada pelos processos que correm contra o seu professor mais decisivo nesse nesmo diploma, a acrescer a revelação de escutas, venham ou não a ser destruídas, indiciando no mínimo algumas das pressões sobre a comunicação social que foram faladas durante anos. E temos produção legislativa dos últimos anos da A.R. que parece visar mais a protecção do crime a nível do topo do Estado do que o contrário ou seja a luta contra a corrupção, por sinal, apontada por João Cravinho exactamente no sentido em que hoje se fala: o de a corrupção grassar ao mais alto nível do Estado em Portugal. Para fazer o putativo triptíco, ou a putativa tríade, de suspeição e degradação, as disputas da alta magistratura em torno destes processos, a consciência de que os cidadãos não são iguais perante a lei, a suspeita que alastra de que o mesmo carcinoma esteja a alastrar nos sectores mais altos da magistratura, constituindo um factor de equilíbrio negativo, ou seja de protecção ao alto crime.
Ainda por cima, os mais bem informados olham Portugal com um olho posto em Itália onde Berlusconi já há muito ensaiou as dramatizações de defesa política que aqui se repetem nos mesmos chavões patéticos, seguem o processo de Chirac, PR da França durante 14 anos, e informam-se sobre os nuestros hermanos onde algumas das nossas componentes também ocorrem.
Se a todo este ambiente político, adveniente da corrupção económico-financeira, juntarmos a situação financeira do Estado português com o pior défice e a maior dívida pública dos últimos 20 anos, se as coisas na Europa do Sul não se passam de forma muito diferente, se as perspectivas de melhoria em 2010 não passarem de um blefe, como tantos dizem, o ambiente é parecido demais com o dos anos 1920 que levou à queda das democracias, à radicalização política e, em consequência, às ditaduras extremistas.
Temos a União que quer dizer, antes de tudo, paz, mas tudo se pode esboroar de um momento para o outro como um castelo de cartas se não houver prestígio nem força moral nos topos dos estados. E não é evidente que, no estado actual da União, os processos em cada país não sigam um caminho autónomo. Basta ver a democracia de circo em que se vive em Itália ou as lideranças polacas e checas ainda há pouco tempo.(P.B)
1 comentário:
Tem razão PB, isto tá podre, não sei onde vamos ter e pior não sei que se hade fazer
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