sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Não há como estarem em causa os seus próprios interesses para os deputados do PS se tornarem dinâmicos e até - pasme-se - críticos do "poder"!!! Experimentem fazer o mesmo em relação aos interesses do país! (PB)
Gama acusado por socialistas de ter uma "agenda própria"
(Público) 27.11.09 Leonete Botelho e Nuno Simas
Presidente da Assembleia da República está debaixo de fogo dos deputados do próprio partido por causa da justificação das faltas
Parlamento não é uma Câmara de Lordes
Primeiro foi a proibição dos desdobramentos das viagens, depois a proibição de acumular milhas e agora a exigência de "visto" para justificar faltas às comissões: o presidente da Assembleia da República está debaixo de fogo dos deputados de todas as bancadas, sobretudo da sua. Na bancada do PS há mesmo quem critique Jaime Gama por estar a usar temas "populistas" na sua "agenda própria", uma referência a uma eventual candidatura à Presidência da República.
A exigência de Gama de querer que os coordenadores justifiquem as faltas por trabalho político dos deputados às reuniões das comissões parlamentares foi ontem o tema quente da reunião dos presidentes de comissão, mas também da bancada do PS. Gama insistiu na exigência e afirmou mesmo aos jornalistas que o Parlamento não é a Câmara dos Lordes (ver caixa).
Mas os deputados do PS não estão pelos ajustes. "Não somos indicados pela Rainha de Inglaterra, somos todos eleitos", ripostou Maria Antónia Almeida Santos, coordenadora do PS na Comissão de Saúde. "Não vejo como alguns deputados possam justificar as faltas de outros deputados", considerou, considerando que esse não é o caminho para credibilizar a função. "As regras estão fixadas no regimento. Se alguém pode justificar faltas, é o líder parlamentar", diz.
Uma ideia em que é acompanhada por Jorge Seguro, coordenador da Comissão de Economia: "O cargo de coordenador nem sequer existe em termos regimentais, por isso não faz sentido ser um deputado a justificar a falta de outro." Marcos Sá, coordenador na Comissão de Ambiente, vai mais longe, em declarações ao PÚBLICO: "Não aceito essa directiva, porque não é da competência do presidente da Assembleia da República." Mais: "Não estou disponível para colaborar em campanhas com objectivos específicos à custa do bom nome e dignidade dos deputados."
E não é só o episódio das faltas que o indigna. Referindo-se à questão das viagens, subscreveu o desafio deixado pelo vice-presidente da bancada socialista Ricardo Rodrigues: "Se vamos por medidas populistas, então devemos sair todos das delegações internacionais que originam as viagens em representação parlamentar."
Essa foi uma sugestão avançada pelo deputado açoriano numa reunião em que também José Lello, um gamista, teve um desabafo. "Não somos nenhum grupo excursionista", clamou na reunião. Ao PÚBLICO defendeu "regras claras" que respeitem a "dignidade" dos deputados, sublinhando que "são eleitos e têm que ser tratados com respeito". Com ironia, o deputado Sérgio Sousa Pinto também comentou: a Assembleia não é "nem uma Câmara de Lordes, nem a escola secundária da Bobabela".
O líder parlamentar socialista, Francisco Assis, discordou de Gama, ao dizer que "a responsabilidade [nas faltas] é essencialmente individual, de cada deputado". "Quando os deputados me chamam a atenção para questões em que acham que a sua dignidade é posta em causa, tenho de estar a seu lado", disse.
Quase à mesma hora, Gama estava reunido com os presidentes das comissões. Pelo menos cinco deles, foram os porta-vozes das dúvidas e protestos dos deputados das comissões de Saúde, Educação, Obras Públicas, Defesa e Negócios Estrangeiros. Couto dos Santos, que preside à Comissão de Saúde, afirmou ao PÚBLICO ter sido apenas o porta-voz dos protestos. "Os deputados são pessoas que se dão ao respeito, mas também merecem respeito", acrescentou.
No meio de toda a confusão, há uma certeza: as faltas dos deputados serão discutidas na reunião da conferência de líderes parlamentares, na próxima semana.

3 comentários:

Micaela disse...

Não foi para servirem o país que os puseram lá, pois não? Então, estava à espera de quê?

Anónimo disse...

as faltss dadas ás comissões sempre forma uma constante na AR em todos os Partidos. As fundamentações feitas por alguns Deputados não têm razão de ser, porque o que o PAR objectiva é diminuir as faltas nas Comissões. Estas são o grande e importnate fórum de debate. O plenário é o palco para o País, mas o local de essencia de um trabaçho sério e atento são as Comissões. Sabemos que muitas Comissões funcionam sem quórum, o que é muito mau, porque espelha desinteresse. Talvez o PAR possa encontrar uma solução de responsabilização pessoal dos deputados, mas que abordou um assunto premente e com total razão é uma verdade. O PS gosta muito de pretender dar directivas aos Presidentes da AR do seu Partido. Quem não se lembra de outros casos? Será bom encontrar bom senso. O PS tem outros combates para gastar energias.

Jesui disse...

O que se retira das atitudes de suas Ex.as os deputados(as)é que só gostam dos lugares mas sobretudo do estatuto.
Quanto a trabalhar(?)...não se pode exigir mais. Coitados estão a recibo verde.
Com este comportamento laxista e pelo andar da carroagem, não demora muito e estão a engrossar o lote dos sem emprego.