Ser governador civil é um azar
(Público) 21. 11. 09 COMENTÁRIO Amílcar Correia
Ser governador civil nos tempos que correm implica o preenchimento de três condições: ser socialista, ter sido candidato derrotado nas últimas eleições autárquicas ou ter sido incluído na lista ao Parlamento pelo círculo de Lisboa e não ter sido eleito. É claro que apenas uma delas é mesmo obrigatória: o cartão de militante socialista. O que não quer dizer que as outras duas, embora facultativas, não reforcem a escolha no aturado momento de análise curricular para aquele cargo.
O Governo optou por manter oito dos 18 governadores civis do país e por escolher 10 novos titulares do cargo de acordo com aqueles critérios de indiscutível rigor. As escolhas de José Mota para o distrito de Aveiro e de Isabel Santos para o Porto, para citar apenas dois exemplos, têm uma explicação bastante prosaica: foram premiados por se terem candidatado em nome do PS e compensados pelo facto de terem sido impedidos de acumular a corrida a uma câmara com a inclusão numa lista à Assembleia da República.
Mota foi premiado por ter sido um inesperado derrotado num município que liderou durante 16 anos e que perdeu por umas centenas de votos (um azar dos grandes), enquanto Isabel Santos foi distinguida por ter frustrado uma nova maioria absoluta a Valentim Loureiro. São critérios como quaisquer outros e não é a primeira vez que são usados.
Quanto ao novo governador civil de Lisboa, a explicação é outra, que também é igualmente prosaica: a escolha de António Galamba para governador civil deve-se simplesmente ao azar de o PS só ter elegido 19 deputados por aquele círculo, quando o antigo vice-presidente da bancada socialista na Assembleia da República era o 20.º candidato (isto é que falta de sorte).
Mesmo assim, estes socialistas azarados não têm de que se queixar, porque o partido não os esquece. Quem tem razões para lamentar a sua pouca sorte são os coitados dos candidatos independentes. Não basta ser um honrado independente derrotado numa qualquer câmara ou um quase deputado para se ser governador civil.
Como toda a gente sabe, ser governador civil não é tarefa para qualquer um! E, no dia seguinte às eleições, os partidos já nem se lembram dos sem-cartões. Nas próximas eleições autárquicas, e caso pretenda um dia ser a figura decorativa do seu distrito de residência, inscreva-se, candidate-se, pois não será esquecido. Se já é autarca, não tenha medo de perder. Ser governador civil é um azar.
(Público) 21. 11. 09 COMENTÁRIO Amílcar Correia
Ser governador civil nos tempos que correm implica o preenchimento de três condições: ser socialista, ter sido candidato derrotado nas últimas eleições autárquicas ou ter sido incluído na lista ao Parlamento pelo círculo de Lisboa e não ter sido eleito. É claro que apenas uma delas é mesmo obrigatória: o cartão de militante socialista. O que não quer dizer que as outras duas, embora facultativas, não reforcem a escolha no aturado momento de análise curricular para aquele cargo.
O Governo optou por manter oito dos 18 governadores civis do país e por escolher 10 novos titulares do cargo de acordo com aqueles critérios de indiscutível rigor. As escolhas de José Mota para o distrito de Aveiro e de Isabel Santos para o Porto, para citar apenas dois exemplos, têm uma explicação bastante prosaica: foram premiados por se terem candidatado em nome do PS e compensados pelo facto de terem sido impedidos de acumular a corrida a uma câmara com a inclusão numa lista à Assembleia da República.
Mota foi premiado por ter sido um inesperado derrotado num município que liderou durante 16 anos e que perdeu por umas centenas de votos (um azar dos grandes), enquanto Isabel Santos foi distinguida por ter frustrado uma nova maioria absoluta a Valentim Loureiro. São critérios como quaisquer outros e não é a primeira vez que são usados.
Quanto ao novo governador civil de Lisboa, a explicação é outra, que também é igualmente prosaica: a escolha de António Galamba para governador civil deve-se simplesmente ao azar de o PS só ter elegido 19 deputados por aquele círculo, quando o antigo vice-presidente da bancada socialista na Assembleia da República era o 20.º candidato (isto é que falta de sorte).
Mesmo assim, estes socialistas azarados não têm de que se queixar, porque o partido não os esquece. Quem tem razões para lamentar a sua pouca sorte são os coitados dos candidatos independentes. Não basta ser um honrado independente derrotado numa qualquer câmara ou um quase deputado para se ser governador civil.
Como toda a gente sabe, ser governador civil não é tarefa para qualquer um! E, no dia seguinte às eleições, os partidos já nem se lembram dos sem-cartões. Nas próximas eleições autárquicas, e caso pretenda um dia ser a figura decorativa do seu distrito de residência, inscreva-se, candidate-se, pois não será esquecido. Se já é autarca, não tenha medo de perder. Ser governador civil é um azar.
6 comentários:
Esse tacho do governo civil já não devia ter acabado?
É pena que as coisas se processem desta forma.
Enquanto O Governo Civil, for uma Instituição do Estado, será importante que os Governadores, bem ou mal nomeados,sejam respeitados enquanto tal.
O caso do Porto, apresenta-se como o contrário disto. Um TIRA e PÕE absurdo e desprestigiante para quem sai e para quem entra.
Sabemos neste caso, as razões e até os porquês, mas o que não se entende é o porquê(?) do governo ter aceite tácitamente,a proposta de substituição que lhe foi apresentada.
É a chamada ascenção na horisontal
E depois quem criticar toda esta roubalheira é populista!
Não foi prestigiante para quem nomeou e quem aceitou ser nomeada. Os políticos têm que perceber que o tempo da tolerância, por parte dos cidadãos, está a esgotar-se. O RS não aprendeu nada neste tempo todo, de política e de ética. Nesta confusão que reina na sociedade e no Estado de Direito, quais os valores que ficam como exemplo para os mais novos? Nenhum. Isso é que é grave. Não quero saber se a GC devia, por dever e respeito aos cidadãos ter ficado em Gondomar. O que importa recolher é o mau exemplo dado aos mais novos. Tudo querer e tudo poder, sem regras e princípios. Olhamos para trás e nada vemos, mas olhamos em frente e pouca mais se vê. A GC não é um bom exemplo a seguir na vida pública. No futuro quem vai acreditar na sua palavra. Para os nossos avós a palavra dada era uam questão de honra. Pena que esses valores se percam em cada dia que passa e os maus exemplos venham de onde não deviam vir.
Os governos civis são insituições inuteis que teriam acabado á muito se não fossem achos para os boys. Assim se vê a hipocrisia da redução da despesa pública, não passa de uma farsa.
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