sábado, 21 de março de 2009

Café "Piolho" comemora 100 anos
(JN) 21.3.2009 O Café Âncora d'Ouro, no Porto, mais conhecido sob o lendário nome de "Piolho", abre este sábado a comemoração dos seus 100 anos com uma tertúlia sobre as lutas estudantis, disse este sábado à Lusa o seu proprietário, José António Martins.
Participam nesta iniciativa o médico António Graça, em representação das gerações dos anos 40, o jurista e político Pedro Baptista (anos 60) e o matemático Paulo Morais, representando os estudantes dos anos 80, disse aquele responsável.
José António Martins referiu que o café só faz 100 anos no próximo dia 26 de Junho e que já está programada a segunda tertúlia, que se realiza terça-feira, às 19:00, com Luís Humberto Marcos, director do Museu Nacional da Imprensa (MNI).
O director do MNI abordará nessa ocasião "o olhar satírico de vários caricaturistas sobre Eça de Queirós e as suas personagens", o tema que o Museu tem presentemente em exposição no Teatro da Trindade, em Lisboa.
José António Martins afirmou-se "receptivo a todas as iniciativas no âmbito venham elas de clientes, amigos, fornecedores ou outras pessoas que queiram contribuir para levar o nome do Piolho cada vez mais longe".
"Temos para este ano marcados mais dois debates sobre lutas estudantis, um em Setembro e o terceiro em Dezembro", revelou.
Adiantou que o programa, em preparação, prevê também espectáculos de teatro da responsabilidade do actor António Capelo (ainda em produção), em data a definir.
Entre os eventos que pode já anunciar, José António Martins destacou que "na data que oficialmente se celebra o centenário, 26 de Junho, será descerrada uma placa alusiva à efeméride por iniciativa iniciativa da Federação Académica do Porto".
"Temos ainda prevista a edição de um livro, com a história dos 100 anos do Piolho, da autoria de Reis Lima, neto de um dos fundadores", acrescentou.
Haverá nessa data oferta de copos e chávenas alusivos às comemorações, e uma cervejeira oferece uma máquina de tirar cerveja para a melhor quadra que faça referência ao Café Piolho e aquela marca de cerveja, revelou José António Mmartins.
Situado na Praça Parada Leitão, em frente ao edifício da antiga Reitoria da Universidade do Porto, o "Piolho" era um entre os vários cafés situados na sucessão de espaços públicos formada pelas praças Guilherme Gomes Fernandes, Leões (cujo nome oficial é Praça Gomes Teixeira), Parada Leitão e Jardim da Cordoaria.
Desde a sua fundação, em 1909, que se tornou num centro de tertúlia estudantil e intelectual, testemunhando lutas de gerações de estudantes contra a ditadura.
O nome originário do café, Âncora D'Ouro, sobrevive, e está bem patente no amplo letreiro patente na sua fachada, mas todos na cidade - e fora dela - o continuam a designar como Piolho.
Actualmente é uma das referências do Porto, não só pela sua história (que pode ler-se nas placas de agradecimento de inúmeros cursos universitários - Letras, Medicina, Ciências e Engenharia, sobretudo - afixadas nas paredes) mas também pelas tertúlias de que foi sede.
"O Café Âncora D'Ouro foi centro de convívio por excelência... foi e sempre será o nosso querido Piolho (...)", lê-se numa placa que marca a comemoração dos 50 anos de Licenciatura do Curso Médico 1948-1954, uma das muitas dezenas exibidas nas paredes do estabelecimento.
O emblemático café apenas esteve fechado durante três meses, no princípio de 2006, para obras que visaram melhorar as condições de trabalho e adaptar o espaço aos novos regulamentos de higiene e salubridade.

4 comentários:

Anónimo disse...

A vaidade continua - mas houve muita traição, como muito bem refere M. A. Pina, em texto recente, no JN. É pena haver a predominância de um ponto de vista, o da simplificação da história, ou seja, a falsificação. Se se dá relevo a um aspecto, fica-se com a ideia que é para esconder outro, como são useiros em dizer e fazer os da situação, hoje em dia, aliás, com métodos a roçar o antigamente. a licidez dá trabalho mas pode não se extinguir, assim o queiramos. Parei pouco no Piolho, nos anos 60-70, para estudo, parei mais no Bissau, no Estrela, no Aviz, no Paladium, no Guanabara, no Diu, na Suave, na Primar, no Astorga, no Latino, no Encontro, no Surpresa, no São Paulo, no redondo à esquina da Praça da República, num próximo da sede da antiga ANP, em Faria Guimarães, mundos hoje mortos sobre os quais (Piolho incluído) valia a pena fazer estudo antológico - mas como?
csc

Anónimo disse...

Licidez? Deve ser lucidez, não será verdade CSC?

Anónimo disse...

Sim, claro, u em vez de i,, M. Machado, a minha vista já não ajuda a corrigir e ainda por cima uso um ASUS que tem só um palmo de monitor e pesa menos de um KG, no linux livre, como se impõe. Importa o essencial. Obrigado pelo reparo.
csc

Anónimo disse...

Os fantasmas que o M.A.Pina referiu não apareceram. Talvez tenham estado à porta, mas não entraram. Ou se entraram ninguém deu por isso. É normal porque os fantasmas aparecem mais à noite. Mas é preciso ter cuidado com eles, até porque à custa de vermos fantasmas por toda a parte, podemos transformarmo-nos num deles.