terça-feira, 17 de março de 2009

Protesto “impressionou pelo volume”
Mário Soares critica Sócrates pela polémica criada acerca da manifestação em Lisboa
17.03.2009 - 20h53 Lusa
O ex-Presidente da República Mário Soares criticou hoje o primeiro-ministro por entrar em polémica com os manifestantes contra o Governo e aconselhou o PS a dialogar e ouvir a sociedade se quiser ter maioria absoluta nas eleições.
As declarações do fundador do PS foram proferidas momentos antes da sessão de lançamento do livro "Estados Novos, Estado Novo", da autoria do historiador e professor universitário de Coimbra Luís Reis Torgal.
Falando à agência Lusa e à SIC, Mário Soares considerou que a manifestação de sexta-feira passada, convocada pela CGTP-IJN, "impressionou pelo seu volume e pela indignação que foi demonstrada pelas pessoas, numa época de crise global, que vem de fora para dentro". Neste quadro, o ex-chefe de Estado defendeu que o Governo socialista "faria bem em dialogar e ouvir, em vez de entrar em polémicas sobre uma manifestação". "É certo que as manifestações não resolvem nada, que não é na rua que há soluções para os problemas, mas a manifestação de sexta-feira foi um sinal de grande descontentamento", advertiu.
Confrontado com a acusação do primeiro-ministro de que a manifestação de sexta-feira foi instrumentalizada pelo PCP e Bloco de Esquerda, Mário Soares demarcou-se e respondeu: "não vejo vantagem nenhuma que ele diga isso". "Ele [José Sócrates] lá terá as suas razões para dizer isso - e eu não estou aqui para o atacar, até o quero defender. Simplesmente, acho que essa não é a melhor maneira de resolver os problemas", considerou.
Para Mário Soares, "num momento em que vai tudo para pior e em que há muitas razões para indignação, o primeiro-ministro não deveria estar a polemizar a propósito das manifestações".
Na opinião de Mário Soares, em relação às próximas eleições legislativas, o secretário-geral do PS "faz bem" em pedir para o seu partido a maioria absoluta, meta em relação à qual o ex-presidente da República considerou que "ainda é possível" ser atingida.
"Ele pode ganhar a maioria absoluta se houver diálogo com os sindicatos, com os partidos e com as pessoas. Num momento tão grave da vida nacional, os partidos têm de pôr um pouco de lado as suas pretensões próprias e devem ter a humildade de ouvir e de falar", avisou.
Interrogado sobre a possibilidade de a corrente de Manuel Alegre entrar em dissidência com o PS, o ex-chefe de Estado afirmou não acreditar nesse cenário. "Não acredito que haja dissidência.
Penso que, do ponto de vista do PS, as coisas vão correr razoavelmente bem", advogou.
No entanto, Mário Soares advertiu que "é preciso que o PS seja suficientemente aberto, não só para dizer que muda para a esquerda - e isto com muito agrado meu -, mas que traduza essa mudança em factos". "O PS tem de dialogar com as pessoas. E, para dialogar com as pessoas, não pode ser de uma maneira em que todos fiquem zangados uns com os outros", acrescentou.

2 comentários:

Primo de Amarante disse...

A forma como´O primeiro-ministro reagiu à manifestação, se não for obscena é, pelo menos, caricata.

Escrevi já o seguinte:

José Sócrates, primeiro-ministro e secretário-geral do PS, reuniu-se, no Sábado, com a UGT (que, como toda a gente sabe, surgiu de uma cisão da CGTP por pressões do PS e do PSD).


Enganou-se quem pensou que tal reunião visou falar da necessidade de envolver os trabalhadores na resolução da grave crise que atravessamos. Sócrates foi queixar-se de que os sindicatos afectos à CGTP-IN se deixaram instrumentalizar, na última manifestação, pelos interesses do PCP e do Bloco de Esquerda. E, seguindo o estilo de Frei Tomás, falou para aquelas massas (em número muito reduzido) com a convicção comicieira: “as organizações sindicais devem fazer manifestações para defender os interesses dos seus associados e não para defender os interesses de partidos”. Os sindicalistas da UGT, como bons militantes partidários, sublinharam as palavras do secretário-geral do PS no tom ajustado à circunstância, levantando-se e exclamando: “PS!...PS!...PS!...”
Só ficaram sentados os que eram do PSD ou, sendo do PS, se sentiam enganados com a reunião.


Mais palavras para quê!!!!...

ernesto disse...

É dos Livros que, uma manif. com 10 mil manifestantes se pode considerar uma grande manifestação no nosso País;porque não temos tradição do exercicio de cidadania. Quando se consegue juntar aquele número, é sinal que há descontentamento!Quando alguém consegue juntar 200 mil! Deveria merecer respeito, e ser olhado de outra forma mas,para isso acontecer, é necessário inteligencia e bom senso de quem governa, ora o que sobeja em sobrançaria falta nos predicatos atrás descritos.