PS: Em 2010 a forma de governo vai ser questionada
14 de Março de 2009, 00:59 (Lusa)
O socialista António José Seguro manifestou-se sexta-feira favorável à liberdade de voto dos deputados do PS em matérias como os casamentos homossexuais, numa conferência realizada na sede do Partido em Vila Real de Santo António.
"A regra actualmente é a disciplina de voto e, na minha opinião, deveria ser a da liberdade de voto. Sou favorável à liderdade de voto em todas as matérias, excepto as que fazem parte do programa eleitoral do Partido e nas questões de governabilidade", afirmou o deputado socialista.
António José Seguro disse que "em todas as famílias há opiniões diferentes" e se a liderdade de voto fosse aplicada o "parlamento seria mais plural e mais representativo da sociedade portuguesa".
"Defendo um parlamento mais de deputados e cada vez menos de partidos", acrescentou o antigo ministro no governo de António Guterres.
António José Seguro esteve na sede socialista de Vila Real de Santo António para participar no ciclo de formação autárquica promovido pela Concelhia local, onde falou sobre "Ética e Valores na Política" para uma sala com cerca de 70 militantes, entre eles a presidente da secão local, Jovita Ladeira, e o presidente da federação do PS-Algarve, Miguel Freitas.
Questionado no final pela Agência Lusa, o deputado socialista recusou falar sobre a linha de rumo que saiu do Congresso do Partido, onde o secretário-geral e primeiro-ministro, José Sócrates, pediu uma nova maioria absoluta para o PS.
Seguro também se escusou a falar sobre a ausência de Manuel Alegre do congresso e sobre as críticas que o colega de bancada fez após esse encontro, mesmo quando um dos militantes locais lhe dirigiu uma pergunta nesse sentido.
"Estava a ser incoerente com o que disse se lhe respondesse, pois estava a falar de pessoas e não de ideias. Acho, no entanto, que devemos encontrar, no PS e no grupo parlamentar, espaço para todos expressarem as suas opiniões. Depois funciona a democracia, que é a maioria", respondeu Seguro.
António José Seguro afirmou ainda que espera que, a partir de 2010, a forma de governo que vigora em Portugal seja questionada e considerou que esse debate é positivo.
"Acho que 2010 vai ser um ano em que vai haver uma discussão sobre a forma de governo. Acho que é um tema que precisa de ser olhado de outra forma após 34 anos de democracia. Estas coisas devem ser discutidas com seriedade e sem tabus", disse, frisando que "em alguns jornais já começaram a falar disso, com algumas pessoas a defenderem o presidencialismo".
Ao longo das cerca de duas horas e meia de conversa com os militantes da secção algarvia, Seguro sublinhou a necessidade de os partidos e os políticos recuperarem a descrença dos cidadãos na sua actividade.
sábado, 14 de março de 2009
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1 comentário:
O problema é outro: é necessário colocar os deputados a representarem os eleitores e não os caprichos dos líderes dos partidos. Não faz sentido que os deputados sigam os ditames dos líderes partidários, quando estes fazem com que os partidos traiam os seus programas eleitorais.
"Liberdade de voto" é um conceito-armadilha. O deputado assume um compromisso com um programa, na altura em que se propôs ao eleitorado e deve responder por isso, inclusivamente pela forma como respeita o "espírito do programa" pelo qual foi eleito.
Não há liberdade para desrespeitar compromissos. É preciso devolver à política o conceito de honra, pois é neste que se firma a verdadeira liberdade.
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