Requiem por um sonho
(JN) 12.03.2009 No Livro Sexto da "Eneida" diz-se que os sonhos nos chegam por duas distintas portas, uma de marfim, a dos sonhos fantasiosos, e outra de corno, a dos sonhos proféticos. Os 15 anos de vida da editora Campo das Letras, cujo fim foi agora anunciado, foram uma permanente disputa entre um sonho desmesurado e fantasioso, o de que é possível uma editora sobreviver em Portugal publicando literatura sem ter que ser um mero entreposto de venda de livros, e a profecia de que um sonho desses acabaria mal.
A porta que Jorge Araújo, fundador da Campo das Letras, vê fechar-se sobre o seu sonho fecha-nos a todos, os que acreditam que um livro é mais do que uma mercadoria e que a literatura é mais do que um negócio, no pior dos pesadelos. A verdade é que o dolente reino português de hoje não merece homens como Jorge Araújo, gente que, como escreve Sebastião da Gama, pelo sonho é que vai. Se em vez de se ter gasto, e às suas economias, a oferecer-nos milhar e meio de títulos de poesia, ficção e teatro, tivesse investido em títulos bolsistas, Jorge Araújo estaria hoje mais rico. E nós estaríamos mais pobres.
(JN) 12.03.2009 No Livro Sexto da "Eneida" diz-se que os sonhos nos chegam por duas distintas portas, uma de marfim, a dos sonhos fantasiosos, e outra de corno, a dos sonhos proféticos. Os 15 anos de vida da editora Campo das Letras, cujo fim foi agora anunciado, foram uma permanente disputa entre um sonho desmesurado e fantasioso, o de que é possível uma editora sobreviver em Portugal publicando literatura sem ter que ser um mero entreposto de venda de livros, e a profecia de que um sonho desses acabaria mal.
A porta que Jorge Araújo, fundador da Campo das Letras, vê fechar-se sobre o seu sonho fecha-nos a todos, os que acreditam que um livro é mais do que uma mercadoria e que a literatura é mais do que um negócio, no pior dos pesadelos. A verdade é que o dolente reino português de hoje não merece homens como Jorge Araújo, gente que, como escreve Sebastião da Gama, pelo sonho é que vai. Se em vez de se ter gasto, e às suas economias, a oferecer-nos milhar e meio de títulos de poesia, ficção e teatro, tivesse investido em títulos bolsistas, Jorge Araújo estaria hoje mais rico. E nós estaríamos mais pobres.
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