quarta-feira, 4 de junho de 2008

Candidato à liderança do PS-Porto defende referendo interno sobre coligações à esquerda

Para Pedro Baptista a decisão não deve ser tomada pelo secretário-geral
(PÚBLICO) Em linha 04.06.2008 - 18h22 Margarida Gomes
O ex-deputado socialista e candidato à liderança da federação distrital do PS-Porto, Pedro Baptista, defendeu hoje, em declarações ao PÚBLICO, a realização de um referendo interno no partido para decidir sobre eventuais alianças à esquerda nas eleições autárquicas do próximo ano. “As coligações devem ser decididas não pelo secretário-geral, ou pelo secretariado do partido, mas pelo conjunto dos militantes e os estatutos do partido permitem o instrumento do referendo para aferir questões desta natureza”, afirma.
Declarando que “não há razões para que o PS não faça coligações com o PCP, Bloco de Esquerda e ou até mesmo com o Movimento Renovação Comunista – “já não estamos no tempo do papão de Moscovo, nem do social imperialismo” –, Pedro Baptista frisa que a esquerda onde inclui o PS “não deve ter preconceitos em matéria de coligações, porque a direita também não os tem”. De resto, o candidato vê uma dupla vantagem no facto de o partido concorrer coligado já nas eleições de 2009, primeiro porque “abrem caminho à vitória do PS no plano autárquico”, segundo porque “garantem que o partido não inflicta mais para a direita e que vá na direcção que os eleitores esperavam que tivesse seguido”.
Pedro Baptista aproveita a oportunidade para alfinetar o Governo de José Sócrates, afirmando que “a estratégia do PS não tem correspondido à expectativa dos eleitores que há três anos votaram no partido” e que fala mesmo de um sentimento de “frustração” pelo facto de “o Governo não ter seguido uma política de esquerda”.
Ontem, em declarações à Lusa, o ex-deputado criticou a actual "ambiguidade" ideológica do PS, considerando que "hoje em dia, dizer-se que se é do PS não é dizer grande coisa". "Há pessoas que estão fartas desta ambiguidade e que querem reafirmar o lugar do PS, que é na esquerda".
Complexo de direita
Colocando-se ao lado de Manuel Alegre, que ontem à noite participou no Teatro da Trindade, em Lisboa, num comício-festa das esquerdas sobre as desigualdades sociais, Pedro Baptista pega neste exemplo onde estiveram quase todos os sectores de esquerda para cavalgar futuros entendimentos autárquicos não apenas nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, mas em todo o país. "Este é o momento de os socialistas encararem esta possibilidade com realismo", considera, declarando que “os dirigentes socialistas parecem sofrer do complexo de direita”, ao contrário das “bases que pretendem ganhar câmaras e que não encontram razões para que o PS não faça alianças”.
No caso concreto da Área Metropolitana do Porto, o candidato preconiza entendimentos não apenas para a Câmara do Porto, como alternativa à maioria de direita (PSD/CDS-PP), mas em todos os municípios onde exista implantação das estruturas dos partidos à esquerda do PS. Pedro Baptista é para já o único candidato assumido à presidência da federação distrital do PS-Porto, mas o actual líder, Renato Sampaio, está também na corrida, embora não tinha ainda formalizado a sua candidatura.
Renato Sampaio aguardava apenas a marcação das eleições federativas marcadas para os dias 24 e 25 de Outubro, e do congresso distrital, que se realizar-se-á nos dias 7 e 8 de Novembro, para anunciar que é de novo candidato. Com a data das eleições ratificada pela Comissão Nacional do PS na reunião do passado sábado, Renato Sampaio prepara-se para tornar pública a sua recandidatura antes das férias de Verão.

1 comentário:

Anónimo disse...

Renato Sampaio falou ontem para atacar Alegre.
O seguidismo não tem limites.