quinta-feira, 12 de junho de 2008

Empresas revoltosas em choque com a ANTRAM

(JN) 12.06.2008 01h30m
Jogava-se noite dentro o destino da paralisação de transportadores rodoviários. Na Batalha, 320 patrões tinham em cima da mesa dois assuntos: terminar ou não o protesto e romper ou não, em definitivo, com a ANTRAM, por já não se sentirem representados.
As propostas do Governo, ao que soube o JN de Paulo Costa, um porta-voz dos transportadores, era do agrado geral, o que poderia indiciar um fim para a paralisação ainda hoje. Rompendo com as formalidades, a comissão que representa as empresas revoltadas esteve reunida com o Governo, sem a presença de representantes da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que só depois retomou o processo negocial. A guerra entre empresários, até ontem mais discreta, passava à noite a ganhar contornos bem definidos. Sendo esse o desejo expresso em votação, os empresários estavam dispostos a entrar em ruptura com a ANTRAM, criando de imediato uma nova associação e exigindo que essa associação passe a ser interlocutora do Executivo. Pelo país, o ambiente estava sereno. Como já se previa, o Governo, sem ceder às principais exigências das empresas de transportes, apresentou soluções alternativas (ver caixa), bem recebidas pela ANTRAM, apesar do revés institucional a que foi submetida. O próprio primeiro-ministro dera, à tarde, um claro sinal de que haveria entendimento, ao escolher a crise dos combustíveis como tema para o debate quinzenal no Parlamento, agendado para hoje. Isso atendendo a que, normalmente, José Sócrates escolhe matérias em que possa mostrar serviço. Ontem, as consequências do protesto eram claras. A corrida aos postos de combustíveis, para prevenir falhas de abastecimento, foi uma constante de norte a sul, e a escassez de bens alimentares era mostrada como um cenário mais do que provável pelas empresas de distribuição. Por isso, antes do debate com o Governo, a Oposição já ontem levou a crise dos combustíveis ao plenário de S. Bento. O Governo foi acusado de "estar de braços caídos" perante uma crise "grave". O CDS voltou a defender alterações fiscais para compensar os consumidores, enquanto comunistas e bloquistas se demarcaram dessa posição, avançando com com propostas no sentido da regulação do sistema de preços. Já o PSD quis assumir uma posição formal de "responsabilidade" e convocou os jornalistas para anunciar que aguarda quais as medidas que o Governo vai tomar no âmbito do acordo com os transportadores. Do lado do PS, a defesa foi assumida por José Junqueiro, que acusou a Esquerda de pactuar com o alegado "lockout" dos patrões das empresas de camionagem, lembrando que foi o Executivo PSD/CDS-PP a liberalizar os preços dos combustíveis.

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