quarta-feira, 11 de junho de 2008

A guerra contra o Porto

Evitamos meter-nos em assuntos que suscitem clubites, mas se isto nada tem a ver com a guerra do centralismo contra o Porto, então será porque vemos demais ou de forma distorcida. Já não deixa de ser espantoso como se arquitecta uma justiça desportiva, com o beneplácito e instigação mediática da Dr.ª Morgado, com base em certidões de indícios e acusações dum processo criminal que nunca passaram pelo contraditório nem fizeram prova em julgado. A justiça desportiva, nestes termos, é equivalente à marcação de um penalti. Só que em campo, o árbitro tem de decidir no momento. Neste caso, ao contrário, do nosso ponto de vista, teriam tempo para enfrentarem o contraditório, fazerem ou não fazerem prova, metod0logia bem mais sólida do que a opinião arbitrária... do árbitro em campo. Mas não é isso que fazem. Num repente, um assunto referente a 2003, passou a ter de ser "decidido", por pressão da Liga, em cima da hora, à hora conveniente, atropelando todo e qualquer método civilizado para descortinar a verdade. E vem um miúdo, em nome da Liga e em trejeitos circenses, exibir a doutorice de gel de banho, que um catedrático logo arrasou. Se isto desta dita justiça desportiva tem alguma coisa a ver com Justiça ou Direito, então porque se condena a Santa Inquisição ou os linchamentos populares? E será que a FPF assumiu que já passaram os tempos em que o presidente da Federação tinha obrigatoriamente de ser residente em Lisboa? Além da monstruosidade produzida pela Liga, não foi uma distorsão intencional a forma como a a FPF apresentou o relatório à UEFA, induzindo-a no mesmo erro que o Sr. referido na notícia abaixo pretendia agora reforçar? E não será tudo isto, abaixo de abaixo, a mesquinhez completa? Pior, o falhanço da justiça.
E será que isto não vai ser mimetizado para a justiça criminal? Em certos julgamentos não se está a criar o ambiente de que há justiça se houver condenados, não há se houver absolvidos? A criar no povo a ideia que é preciso um culpado mesmo que os responsáveis não sejam capazes de encontrar nenhum.
Depois de ouvir a distinta magistrada Dr.ª Morgado afirmar que o facto de alguém ser absolvido não quer dizer que não seja culpado, espera-se de tudo. Nem há presunção de inocência antes de ser julgado (como não há para a dita "justiça" desportiva) nem sequer depois de ser absolvido, porque se mantem, no pensar e dizer da referida Drª, a possiblidade de ser culpada. Bom, possibilidade, isso também se aplicará, então, à própria Srª Drª. P.B.
01h02m Vítor Santos (JN) 11.06.2008
Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, voltou a ameaçar com a Polícia. Desta vez, na sede da Federação, mas não conseguiu obter a certidão que tanto desejava, para sustentar uma posição contra o F. C. Porto junto da UEFA.
O presidente da SAD da Luz não esteve com meias-medidas e deslocou-se, anteontem, à sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Segundo testemunhos a que o JN teve acesso, o líder encarnado, confrontando com a impossibilidade de obter a certidão requerida, exaltou-se e afirmou que apenas sairia do local com a Polícia, ameaçando, ainda, chamar a Comunicação Social.
O Benfica pretendia uma certidão para atestar que a condenação da F. C. Porto, SAD, no processo Apito Final, já transitou em julgado. Um documento para sustentar a argumentação das águias na UEFA.
O Comité de Apelo notificou o Benfica e o Vitória de Guimarães para, na qualidade de partes interessadas, participarem no recurso do F. C. Porto. Os encarnados foram também informados de que têm presença garantida na terceira pré-eliminatória da Champions (e os vitorianos acesso directo à fase de grupos), caso a segunda instância da UEFA ratifique a decisão de excluir os azuis e brancos da competição. A certidão pedida pelo Benfica destinava-se a integrar um processo de alegações que os juristas encarnados terão, entretanto, apresentado, em Nyon. Como não podia esperar dez dias, Luís Filipe Vieira procurou resolver o assunto pessoalmente.
O requerimento foi entregue sexta-feira na FPF, mas a entrada apenas registada na segunda, isto porque chegou depois do horário de expediente. Ao abrigo do n.º 3 do Art.º 61 do Código Administrativo, o Conselho de Justiça (CJ) tem dez dias para emitir a certidão. E nem um segundo requerimento, com carácter de urgência, acelerou a entrega, isto porque há muitas dúvidas, mesmo entre os próprios especialistas, se o processo realmente transitou em julgado, atendendo ao recurso de Pinto da Costa, pelo que uma avaliação cuidada nunca poderia ser feita num espaço de tempo tão curto.
Os encarnados assumem uma posição activa "na defesa da transparência e da verdade desportiva do futebol português", conforme esclareceram ontem, em comunicado. Mais contido está o Vitória. O clube minhoto está pronto para a entrada directa na Liga dos Campeões, será representado no Comité de Apelo por João Morais, advogado e director-geral, mas não argumentará no sentido de atrapalhar a vida ao tricampeão.

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