domingo, 8 de novembro de 2009

(JN)08 Novembro 2009
Norte em crise
Protagonistas há 20 anos...
Eurico de Melo
Grande era o peso de Eurico de Melo, tanto no seio do Partido Social-Democrata como enquanto figura de proa da região, de tal modo que se lhe colou o epíteto de "vice-rei do Norte", antes propriedade de Pires Veloso, comandante da região militar nos tempos conturbados do período pós-revolucionário.
Natural de Santo Tirso, foi ministro em governos de Francisco Sá Carneiro e de Aníbal Cavaco Silva, eurodeputado, governador civil de Braga, banqueiro... Há 20 anos, era ministro da Defesa e vice-presidente do PSD.
Fernando Gomes
Sempre Fernando Gomes, que assumia há 20 anos a presidência da Câmara Municipal do Porto, deu a ideia de ter ambições políticas mais altas, embora a passagem por um dos governos de António Guterres, após o que falhou um terceiro mandato na Invicta, o tenha desgastado politicamente. Foi enquanto autarca no Porto que, dando ao cargo essa pose de Estado que até então pouco lhe era vista, surgiu como importante protagonista da Região Norte, tanto por situações inerentes ao cargo - da adjudicação do metro à classificação do centro histórico como património da Humanidade - como pelo empenho de dar à região e à cidade protagonismo no contexto transfronteiriço do Noroeste peninsular.
Artur Santos Silva
Desde o 31 de Janeiro de 1891, tentativa frustrada de implantar a República a partir do Porto, que a família Santos Silva está intimamente ligada à cidade. Artur, filho de Artur, nascido em 1941, era há 20 anos, como hoje continua a ser, uma referência incontornável. Fundador do PPD, não é tanto pela vida política que se destaca. No vasto currículo ligado ao Norte e à cidade, são múltiplas as formas de intervenção, mesmo as que não pôde levar a termo, como a passagem pela sociedade Porto 2001. Mas é como fundador do BPI, o primeiro banco privado após as nacionalizações de 1975, que mais fica associado a uma pujança que o Norte parece ter perdido.
Ludgero Marques
Chegou em 1985 à presidência da Associação Industrial Portuense, que, quando a abandonou, em 2008, era a Associação Empresarial de Portugal. Ludgero Marques, empresário feirense, era, nos tempos áureos, figura cimeira, valendo-se da projecção dada pela instituição, fundada em 1849, para dar peso reivindicativo ao Norte. A mudança de nome da associação poderá, simbolicamente, ser ligada ao gradual processo de enfraquecimento da região, que passará, também, pelo enfraquecimento dos protagonistas.
Luís Valente de Oliveira
Há 20 anos, ocupando a pasta do Planeamento e da Administração do Território no Governo de Cavaco Silva, Valente de Oliveira havia já assumido o papel de protagonista nortenho em posições anteriores, destacando-se o período em que presidiu à Comissão de Coordenação da Região Norte (1979-1985). Tem reflectido amiúde, por exemplo, sobre o tema da regionalização, de que é acérrimo defensor.
Jorge Nuno Pinto da Costa
É impensável retirar a qualquer lista de protagonistas nortenhos o nome do presidente do F. C. Porto. Pode pensar-se que a introdução das problemáticas regionais no discurso de um dirigente desportivo tenha servido, apenas, para prosseguir objectivos desportivos (e serviu), mas a verdade é que Pinto da Costa, pelo que representa, tem um poder mobilizador invejável, além de que, mesmo que agora com menos pujança, sempre manteve um discurso coerente sobre tais assuntos. Conseguiu fazer do F. C. Porto uma estrtura desportiva ao nível do que de melhor há no Mundo, além de fazer do clube do coração uma das marcas portuguesas mais reconhecidas internacionalmente.
José Silva Peneda
Ministro nos XI e XII governos constitucionais, ocupando em ambos a pasta do Emprego e da Segurança Social, José Silva Peneda é há muito visto como um protagonista do Norte, embora não seja um arauto da regionalização. Nos tempos a que nos reportamos, era um dos membros do informal "grupo da sueca", a par de outros sociais-democratas, como Eurico de Melo ou José Vieira de Carvalho, então presidente da Câmara da Maia.

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