terça-feira, 30 de setembro de 2008

"Ambição para vencer" no ano de todas as eleições

"Combater o desiderato e declínio"... Esta malta saberá de que está a falar? Saberá o que está a dizer? Desiderato é, como quase toda a gente sabe, um aportuguesamento do latim desideratum que significa aquilo que se deseja, aquilo a que se aspira. Combater o desiderato de vencer? Sim, será isso. Isto está bem pior do que pensávamos. Talvez o "Novas Oportunidades"!
Não só a moção não passa de mais uma de retórica balofa a encher papel como se procura sacudir o peso das grandes verdades: Primeiro, Renato e o seu secretado sediados em Lisboa são os responsáveis pelo deixar cair das bandeiras de luta regionais que o Rio agarrou; segundo, não quer debates, a que chama circo mediático, porque tem medo da triste figurinha de quem não tem ideias mas apenas desideratos que pretende combater. Sobretudo o do PS vencer as autárquicas.
É triste que se prefira o insulto torpe do que a discussão política esclarecedora frente aos cidadãos. Se os debates são circos mediáticos, o que será a democracia nesta cabecinha onde ela parece ainda não ter entrado? O que será o parlamento, a Assembleia Municipal (onde nunca pôs os pés embora eleito), a SIC Notícias, a RTPN, o Porto Canal? São circos mediáticos? Para um debate ser circo, só se for a propósito do projecto dos piercings ou da abolição dos contadores já substituídos pelas taxas. Mas ninguém estava a pensar discutir isso. Sobre isso, toda a gente está bem esclarecida e sabe quem é o homem do circo.
No entanto, não nos iludamos: o abandono das bandeiras regionais e a sua recuperação por Rui Rio, se o partido não der a volta a 180 graus, irá custar caro ao PS no distrito também nas legislativas. PB

TIAGO RODRIGUES ALVES (JN) 30.09.08
O actual presidente apresentou a moção estratégica de recandidatura à Federação Distrital do PS/Porto. Renato Sampaio prometeu "combater o desiderato e declínio a que está sujeita a cidade"e tornar a regionalização uma realidade.
"Fazer regressar o PS às vitórias no ano de todas as eleições" foi o objectivo proposto por Renato Sampaio, perante algumas dezenas de militantes no auditório da sede do Partido Socialista, no Porto. Segundo o candidato, a reconquista da Câmara da cidade, da maioria das autarquias do distrito e, consequentemente, da Junta Metropolitanado Porto "permitirá devolver a ambição, esperança e confiança aos cidadãos".
O candidato anunciou o compromisso de "promover a descentralização e desconcentração que conduzam à regionalização" e espera que ela "seja uma realidade já na próxima legislatura". No entanto, avisou que esta não deve ser uma "bandeira desfraldada por alguns que não têm qualquer ideia ou proposta mobilizadora e a usam para disfarçar esse facto". Outros compromissos assumidos na moção "Ambição para Vencer" são pugnar por uma maior coesão territorial, económica e social do distrito e a modernização do tecido produtivo.
Renato Sampaio não deixou de mandar algumas críticas para o interior do próprio partido, nomeadamente àqueles que "quando os Governos PSD bloquearam projectos para o Porto não fizeram ouvir a sua voz e que, hoje, vêm dizer que somos uma caixa de ressonância do Governo, quando eles seguem a agenda de Rui Rio e das suas contestações", frisando, ainda, que "não recebemos lições de moral política e ética. Sabemos estar solidários com o nosso Governo".
Presente nas instalações, Pedro Baptista, adversário de Renato Sampaio nas eleições distritais de 24 de Outubro, fez questão de rebater ao JN as críticas de que tinha sido alvo. "Eu acusei-o de ser caixa de ressonância do Governo mas ele insultou-me, dizendo que eu era ressonância do inimigo, estabeleçamos a diferença. Mas, quem tem dado força ao inimigo e entregue todas as bandeiras de luta regionais, que antigamente foram sempre do PS, ao Rui Rio foi o próprio Renato Sampaio pela sua inexistência política nestes dois anos e meio", contestou o opositor.

1 comentário:

Primo de Amarante disse...

Perguntem ao Renato o que significa, por exemplo, “coesão social”. É que para nada serve utilizar palavras sem saber o que elas significam. A coesão social só existe onde há partilha de objectivos comuns, onde os interesses de todos são por todos discutidos, onde há uma perspectiva holística dos problemas e não individualista ou de mercearia.

Mas Renato não sabe o que isto significa, nem aqueles que o apoiam estão interessados em discutir isto. O PS perdeu a sua tradição de debate e está a tornar-se numa federação de interesses. É o “dá-me o teu voto e o da tua família e eu devolvo-te, no lugar do voto, o que satisfaça o teu interesse”.

Renato não quer debater as questões que preocupam os cidadãos do Distrito com o seu adversário, porque nem sequer sabe o que interessa aos cidadãos do Porto ou do Distrito. Sabe o que lhe interessa a ele: ser eleito deputado e “pavonear-se” de facto azul.

Perguntem aos cidadãos do Porto ou do Distrito se se sentem representados por Renato Sampaio, se votavam nele em vez de Rui Rio? Será que, pelo menos, alguém da família de Renato o preferiria a Rui Rio?!...

Então, quem é que à frente da Federação Distrital do Porto mais interesse a Rui RIO, que não seja o próprio Renato?!...

Fazer, como se diz, o jogo de Rui Rio é não ser capaz de apresentar ideias alternativas, capaz de o vencer. E quais são as ideias para a cidade que se conhecem de Renato?!... É que pavonear-se com o piercing de deputado (facto azul e gravata) não faz uma ideia!

Li o que Renato Sampaio diz na apresentação da sua moção. Usa “chavões”, mas não diz nada!

Este vazio é o vazio que se sente no Porto e no Distrito. E, como sabemos, o vazio é a ausência do que faz falta. Faz falta um líder com prestígio na cidade, que o olhem como uma real alternativa a quem governa a cidade.

Isso não há! O PS pode manter as câmaras que tem, mas não vai conseguir ganhar nenhuma! E manter as autarquias do PS não é, por certo, uma virtude de Renato, mas não ganhar nenhuma terá, naturalmente, um significado para a sua pseudo-liderança. Mas, será que no PS se tiram conclusões?!...